segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A traição das grandes nações contra o povo haitiano


Imaginei que há muito essa história de “teoria conspiratória” tivesse morrido. E que fosse arquivada nas tumbas de Tutankamon. Vez por outra, porém, aparece alguém que resolve mexer nos restos mortais e nos arquivos do faraó e trazem de volta esse pergaminho cheirando a enxofre e mofo. Não descarto, porque tem até certa lógica, porém, acreditar que o desembarque de haitianos no Amazonas faz parte de um sórdido movimento do capital internacional para atacar os trabalhadores do Pólo Industrial de Manaus (PIM) e oferecer trabalhadores mais qualificados e mais baratos parece fruto da engenhosidade de uma mente que há muito não tinha sobre o que falar e aproveita essa “janela” mais para deslizar o seu veneno que para demonstrar conhecimentos. O problema é político e global sim. Mas não envolve um mero ataque à Zona Franca e aos trabalhadores. Envolve sim, a meu ver, a postura ainda imperialista dos Estados Unidos que, quando é para invadir o Iraque e “restabelecer a democracia” o faz com rapidez. Quando, porém, um ditadorzinho destrói um País pobre (e seu povo) e não há barris de petróleo, lavam as mãos. Em verdade, vos digo: os Estados Unidos não deveriam ter o direito de interferir na política interna de nenhum País de modo violento, com invasões. Se possuem essa crença tão límpida na democracia e o desejo de que ela se espalhe pelo planeta, no máximo, teriam o direito de convencer os povos a por ela lutarem. Quem deu aos Estados Unidos o direito de decidir os destinos do mundo? Quem disse que um povo não tem o direito de optar por viver sob o julgo de uma ditadura? A democracia só será plena quando os povos efetivamente tiverem condições de decidir sob qual regime querem viver. O que fizeram com o Haiti, no entanto, é um ato covarde. Uma traição coletiva contra um povo. Inventaram uma intervenção internacional, uma ajuda humanitária para que a ditadura fosse derrubada, mas, não deram as condições estruturais mínimas para que os haitianos provassem o sabor dessa tão desejada maçã da democracia. Essa sim, talvez seja uma trama bem-urdida, que termina por beneficiar o capital internacional: destruir internamente nações para promover artificialmente correntes migratórias que barateiam a mão-de-obra. Esse é um dos fardos pesados da transnacionalização das empresas. Os haitianos, tanto lá quanto cá, são vítimas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário