sábado, 31 de dezembro de 2011

A intolerância dos petistas às críticas

Embora não tenha usado nenhum tipo de rigor científico, passei o ano de 2011 a observar alguns movimentos curiosos nas minhas contas do Tewitter e do Facebook: todas as vezes que criticava o Partido dos Trabalhadores (PT) ou algum de seus membros, perdia de três a quatro seguidores imediatamente. Outros, de mansinho, deixavam de me seguir. Não sou do tipo de usuário que pratica o que chamo de chantagem digital: aquela espécie do “é dando que se recebe” das redes sociais. Crítico voraz desse tipo de prática na política, como defendê-la no Twiiter ou no Facebook? Cada um que seja livre para seguir ou deixar de seguir quem quiser. O que considero curiosa é essa intolerância de alguns petistas de carteirinha e admiradores às críticas. Para grande parte deles, um livro que denúncia a chamada “privataria tucana” deve ter espaço em todas as mídias permanentemente, se possível. No entanto, a privataria mensaleira do PT, para eles, é tão crível quanto os duendes. Que em 2012 todos os intolerantes aprendam a criticar a ser criticados. E que parem como essa bobagem digital de só seguir quem te segue. Deixem as pessoas livres para irem e voltarem quando assim desejarem. “Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós...”.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Se arrependimento matasse...

Dias desses ouvi o ex-deputado Marcelo Serafim declarar que, “se o pai for prefeito, não será secretário municipal em hipótese nenhuma”. Caso não seja mais uma daquelas juras de amor de políticos antes das eleições, esquecidas logo após a apuração do último voto, será uma prova de amadurecimento e tanto. E, talvez, dê ao pai, Serafim Correa, a chance de verdadeiramente governar a cidade de Manaus, caso os eleitores esqueçam os desmandos do primeiro mandato e o reconduzam à prefeitura em 2012. Fui eleitor de Serafim Correa, confesso, arrependi-me! Exatamente por ele ter feito tudo o que, juntos, combatemos durante anos: o nepotismo. Transformou o filho em secretário e gastou dois anos no mandato em ações de visibilidade para o filho, e não para ele, até transformá-lo em deputado federal. Nas últimas eleições, Correa cedeu às pressões do Palácio do Planalto, foi enganado pelo presidente Lula, participou de uma aliança esdrúxula e nos deixou órfãos. Resultado: Omar Aziz governador e Marcelo Serafim sem mandato. O pai tinha grandes chances de fazer bonito e levar as eleições para o segundo turno. O plano de Lula deu certo: não permitir que Serafim Correa se aliasse ao PSDB e Arthur Neto voltasse ao Senado. Tudo muito bem tramado! Serafim Correa foi vítima do amor incondicional ao filho e da fidelidade à base aliada. Só que esse amor extremo fez mal a Manaus e ao Amazonas. Todos nos transformamos em vítimas. Que o arrependimento de Marcelo Serafim seja verdadeiro e que ele deixe o pai governar caso o povo assim o permita! E que Serafim Correa assume, definitivamente, que a única opção de um novo jeito de governar. Capacidade ele tem. Se quer fazê-lo, só o futuro dirá!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Péssimos serviços de mensagens de texto

Reclamar dos serviços prestados pelas operadoras de telefonia no Brasil parecer ter virado clichê, dada a má-qualidade e o descaso com que os clientes são tratados. É preciso ser um iluminado pela sorte para não permanecer mais de meia hora pendurado na linha telefônica ao solicitar atendimento em quaisquer das operadoras do País. No mais das vezes se fica à mercê de atendes de telemarketing cuja especialidade deve ser enrolar clientes. Passam informações desencontradas e, dificilmente, conseguem completar o serviço, pois, na grande maioria das vezes, “a linha cai” antes que o serviço seja concluído. Um dos gatos que essas prestadoras de serviço vendem como se fossem lebres é o das mensagens de texto. A demora entre o envio e a entrega, às vezes, chega a ser de 12h. Dia desses me foi enviada a mensagem de que um amigo estava “entubado” no Pronto-Socorro do Hospital 28 de agosto. O fato ocorreu na madrugada. Só recebi a mensagem, no dia seguinte, por volta das 11h, quando ele já tinha se recuperado e deixado o hospital. Fosse um caso de gravidade extrema ou que dependesse da minha ajuda direta, o amigo teria morrido. Fica o conselho: em casos de emergência ou de urgência, urgentíssima, não use as mensagens de texto do celular. Elas demoram uma vida para chegar, quando chegam!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Promoção da TAM com cheiro de vírus

Tenho recebido constantemente e-mails da TAM com premiação do cartão Fidelidade da empresa. Aqui um aparte: até as empresas insistem em que o ser humano seja fiel. Nem que para isso tenha de ganhar um bom prêmio. De minha parte, não creio nesse tipo de “sorte”. Ainda não cliquei nenhuma vez para fazer o dito “cadastro das milhas”. Algo me diz que se trata de um vírus. O mais curioso nesses e-mails é a insistência em “premiar você”. É preciso ser muito infiel para não cair na lábia dos larápios. Antes de tudo, pela qualidade do material fraudulento. Até o endereço do remetente é similar ao da TAM. A única coisa que muda é quando você passa o mouse por sobre o link que o conduziria a preencher o cadastro para ter direito aos pontos: depara-se com um endereço estranho demais para ser o da empresa. Há, também, a insistência no prêmio. No meu caso, já chegou às 100 mil milhas. Ainda que a TAM mande-me um e-mail dizendo que fui sorteado com um A320 (aí é que não acredito mesmo), não clicarei em nenhum link, muito menos abrirei o e-mail. Dizem que quando a esmola é grande o cego deve desconfiar. Há quem diga, também, que seguro morreu de velho. Minha sugestão é que mantenhamos a infidelidade e não creiamos nesses tipos de e-mails.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Desvio comprovado no Ministério dos Transportes

A notícia de que a Controladoria Geral da União (CGU) constatou desvio de R$ 759,3 milhões no Ministério dos Transportes é alvissareira. Demonstra que há um órgão oficial no qual se pode confiar, muito embora, diante de tantas denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes, o valor da conta espetada na conta do contribuinte, portanto, da sociedade, seja ínfimo. Desconfio que o montante seja bem maior do que os tais R$ 759,3 milhões. Excelente que tudo seja descoberto e provado, no entanto, fica a velha pergunta que se transformou até em verso de música: “quem vai pagar por isso?” Alguém precisa ser responsabilizado. O que não dá é para se descobrir que houve um desvio desse tamanho e nada acontecer. A sociedade espera da presidente Dilma Dousseff medidas duras de combate à corrupção. Ainda mais, quando se comprova que houve desvio. Entraremos o ano de 2012 em estado de alerta e cobrando medidas moralizadoras do Palácio.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Praciano ignorado pelo PT

Não me espanta nem um pouco o anúncio de que o Partido dos Trabalhadores (PT) vai ignorar a pré-candidatura do deputado federal Francisco Praciano à Prefeitura de Manaus. Praciano e José Ricardo sempre se nos apresentam como se estivessem à esquerda do próprio PT. Da última vez que saiu candidato à Prefeitura de Manaus, o deputado federal petista não teve o apoio integral do partido. Aliás, essa já virou uma marca registrada do PT no Amazonas: desembarcar em duas candidaturas com chances de vencer para não perder a oportunidade de ficar no poder, de fazer parte da feira dos cargos públicos. Ao que se sabe, Amazonino Mendes (PDT) ainda não desistiu oficialmente de disputar a reeleição. Como o PDT é um partido da chamada “base aliada” do Governo Dilma, dificilmente Praciano terá um vôo solo sem ser importunado pelo partido. Inimigo figadal de longas datas, Mendes pode ser candidato com o apoio do PT no Amazonas, se assim o quiser. Além de ignorar a pré-candidatura de Praciano, o PT, ao que tudo indica, caminha para sair mais uma vez rachado: uma banda navegando na candidatura de Amazonino Mendes e outra, mais à esquerda, com Praciano. E se houvesse segundo turno entre Praciano e Mendes, o PT iria para qual lado?

domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal de luz na política do Amazonas

Penso que eleitores, candidatos e parlamentares já eleitos deveriam fazer uma reflexão neste dia 25 de dezembro de 2011. E todos olharem para dentro de si e repensarem as práticas a partir de 2012. Que nenhum eleitor ou eleitora aceite mais vender ou trocar seu voto. Ainda que seja por um prato de comida. Que nenhum candidato (ou político eleito) ofereça um prato de comida, uma telha, uma saca de cimento em troca de votos. Que a dignidade vilipendiada ao longo dos anos seja devolvida ao povo. Que ninguém mais seja obrigado a dormir embaixo das pontes, nas praças e nos viadutos. Que Manaus e o Amazonas acordem. Que vejam o brilho da luz, da esperança, e não apenas o oba-oba da iluminação cênica de R$ 17 milhões. Que todas as pessoas tenham um Natal digno, com mesa farta. Que não sejamos obrigados a ouvir e ler denúncias de Caixa 2 de campanha sem que nada seja feito. Que tenhamos um Prefeito! Que não seja apenas de artifício. Nem de fogos. Que as luzes da Nova Ponta Negra e da Ponte do Bilhão não sejam mera pirotecnia e sirvam para mudar a prática dos políticos e dos eleitores. Amém!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Acordo de cavalheiros do apocalipse

A resposta do deputado José Ricardo (PT), dada ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD), dada por meio dos jornais, após as denúncias de que ele (José Ricardo) e o deputado federal Francisco Praciano (PT) teriam sido eleitos em uma campanha milionária financiada pelo Caixa 2 de empreiteiras parece selar um acordo de cavalheiros. Do apocalipse, é claro. Após dizer que perdoava Nicolau em função do espírito de Natal (que rima mais pobre e que conversa mais mole: não engana mais a ninguém esse papo, viu Zé Ricardo!), José Ricardo rebateu dizendo que a população inteira sabe quem foi eleito com o uso de Caixa 2. Espere aí, deputado! Quer dizer que todos nós, a população de Manaus, o Ministério Público Eleitoral (MPE), a justiça, enfim, todos, sabemos dessa bandalheira eleiçoeira e não fazemos nada? Somos todos cúmplices e resolvemos pôr o espírito de Natal acima de todas as coisas e aplicar um perdão coletivo a essa esculhambação eleiçoeira generalizada? Não faço parte dessa corja, deputado! E não tem Natal que me faça aceitar essas denúncias. Todos os que dela participam deveriam ser investigados pelo Ministério Público. Deveria ser aberta uma investigação por quebra de decoro parlamentar. Ou contra o senhor ou contra Ricardo Nicolau. Espero que ambos tenham apenas o Ricardo em comum. Porque será uma decepção para mim e para Manaus que a sua eleição e a de Praciano tenha sido maculada pelo Caixa2 do PT.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Denúncia vazia de Caixa 2 no PT

O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD), foi ao plenário, no último dia 22, para desancar os deputado estadual José Ricardo (PT) e o deputado federal Francisco Praciano (PT). Disse que os dois foram eleitores em uma campanha milionária do PT bancada com o Caixa 2 de empreiteiras. Disse que o deputado José Ricardo, para ser coerente, deveria sair do partido, uma vez que o PT faz parte da base aliada do Governo Omar Aziz (PSD). Fosse em um País ou Estado sério, a denúncia geraria uma investigação do Ministério Público. No mínimo, José Ricardo deveria ser investigado por quebra de decoro parlamentar. Dizem, mas ninguém viu, que houve um pedido de desculpas, imediatamente aceito pelo deputado petista. Causa espanto que uma denúncia tão grave seja aceita como algo que apareceu no “calor das discussões”. Quanto à segunda parte da fala de Nicolau, há que se concordar plenamente com ele. José Ricardo e Francisco Praciano posam sempre de arautos da moralidade, mas, o partido dos dois governa o Brasil dos escândalos constantes de corrupção que provocam queda de ministros a cada mês e do mensalão. É o mesmo partido que saiu, aqui em Manaus, com um pé na chapa de Omar Aziz e outro na de Alfredo Nascimento. Antes mesmo das eleições, neste espaço, cantei a pedra de que o PT desembarcaria no governo de quem vencesse em menos de um ano. Não deu outra. O PT do Amazonas é de um fisiologismo nojento que beira a prática da Arena e do PDS dos velhos tempos. Mesmo que queiram parecer diferentes, José Ricardo nem Francisco Praciano fazem parte dessa lama que tomou conta do PT. Inegavelmente!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Estratégias para aumentar a vala digital

O Governo do Amazonas, ao propor o aumento de 20% na alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre TV por Cabos, Internet e Telefonia, talvez esteja a indicar a forma como o Estado pretende controlar a difusão das informações nas Mídias Digitais. O controle econômico, por meio da taxação excessiva, alarga, na verdade, a chamada vala digital. Todo o discurso de combate à exclusão digital esvai-se rio abaixo (talvez passe até por baixo da Ponte do Bilhão), quando se usa a estratégias de taxação das empresas prestadoras de serviços. Em Manaus, por exemplo, o serviço de Banda Larga, que já é caro e de péssima qualidade, tende a ficar apenas mais caro. Há governos, mais populistas que populares, para os quais; quanto menos informação circular, tanto melhor. Pois, quanto mais gente menos esclarecida, houver, mais os índices de popularidade aumentam. Esses são temas que não parecem ter relação, porém, casam-se perfeitamente.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Aposentadoria obrigatória de mais um juiz

O pleno do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), reunido na segunda-feira, dia 19, decidiu, por unanimidade, aposentar o juiz de direito Rommel Júnior Queiroz Rodrigues. Ele respondia a um processo administrativo-disciplinar, por disparar um tiro no peito de um adolescente de 17 anos no Carnaval de 2007, no município de São Paulo de Olivença, localizado a 988 km de Manaus. É louvável que o tribunal seja duro com todos os integrantes do judiciário. No entanto, quando será que, definitivamente, as leias relativas ao problema vão mudar neste país? A pena de aposentadoria compulsória de um juiz de direito mais parece um prêmio que uma punição, afinal, o aposentado passará a receber um gordo salário sem bater um prego numa barra de sabão! Se pensarmos que um juiz corrupto ou indisciplinado no exercício do cargo é muito pior para a sociedade, talvez ainda se possa admitir esse tipo de punição. No entanto, urge que medidas sejam tomadas para que haja, de fato, punição para juízes que cometem crimes. Essa aposentadoria obrigatória mais parece um acinte!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Tentativa de fraude no vestibular da UEA

Não me surpreende a denúncia do deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) de que houve tentativa de fraude no vestibular da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) realizado no último final-de-semana. É claro e evidente que há o problema das pessoas que “querem se dar bem a qualquer custo”. Dentre elas estão o professor de física e os estudantes de medicina da UEA acusados de estarem nas salas de aulas para fazerem a prova e mandarem o gabarito por celular para quem pagasse R$ 6 mil. Há, porém, aqueles que foram educados ao longo dos anos para acreditar que só existe vida e sucesso se você “passar no vestibular”. Agora, em Manaus, nos processos seletivos da Ufam e da UEA. Enquanto a classe media, bem como toda a sociedade, acreditarem que a única forma de vida é “passar” em um processo seletivo esses problemas ocorrerão porque, em regra geral, os fins justificam os meios. Enquanto aprender e conhecer forem menores que passar, os jovens cometerão absurdos para entrar na universidade. Temos de mudar a visão da sociedade sobre o saber e a universidade. Quando isso acontecer, problemas como esses ocorrerão em escalas menores.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O desastre do Santos em solo japonês

O mais correto, admito, seria dar a este texto o seguinte título: ”O espetáculo do Barcelona em solo japonês”. Só não o faço porque vi um time brasileiro completamente acovardado, vendo e aplaudindo o passeio do Barcelona. E nem me iludo de que o Santos é o melhor time brasileiro. Terminou a temporada em décimo lugar. Portanto, nem entre os melhores está. No entanto, se fosse feita uma seleção com os jogadores de Corínthians e Vasco, os dois primeiros do campeonato brasileiro, ainda assim, tomaria um chocolate do Barcelona. O que o futebol brasileiro e seus treinadores precisam entender é que perdemos é que futebol, ultimamente, tem refletido o próprio deslumbramento da sociedade capitalista dos novos ricos. Neymar representa um deles: extremamente bem-sucedido com seus R$ 3 milhões por mês aos 19 anos, mas, longe de ser um jogador combativo e que joga um futebol para o time, para o coletivo. Paulo Henrique Ganso, a quem reputo como craque, ainda está longe de ser um jogador de nível mediano no âmbito internacional. Decepcionado estou. Vi Neymar e Ganso, bem como todos os demais coadjuvantes do Santos, acovardados, completamente dominados, sem reagir. Foi um espetáculo de futebol e o ápice da apatia. Não digo que deveriam descer a bota em ninguém do Barcelona. Mas, ir ao Japão a passeio é uma vergonha para o futebol brasileiro. Que a lição de domingo ainda possa salvar de um desastre completo em 2014!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Fifa obriga árbitros a encerrar contas do Twitter

A Federação Internacional de Futebol (Fifa), como se fosse a rainha da moral e dos bons costumes, obrigou todos os árbitros que vão atuar na Copa do Mundo de 2014 a encerrarem suas contas do Twitter, no Facebook e em quaisquer mídias digitais. A desculpa usada pela entidade para essa atitude de extrema arbitrariedade é que sem as contas nas redes sociais os árbitros estarão imunes às tentativas de corrupção. Logo a Fifa, de onde a cada hora surge uma nova denúncia de corrupção quer, agora, imunizar os árbitros cerceando-lhe o direito básico de se comunicar. O argumento de que possuir contas nas redes sociais facilita as tentativas de corrupção só não é risível por ser trágica. E revela uma tendência de as organizações, em todos os níveis, proibirem o exercício de um direito individual inalienável: o de se comunicar. Estejamos em alerta e lutemos contra esse tipo de prática.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Belo Monte: Dilma e juiz deixam digitais no desastre

Nas pendengas envolvendo a construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, duas posturas espantam-me: a da presidente Dilma Roussef e a do juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins. Nesse imbróglio esperava da presidente uma postura de estadista ou no mínimo, pró-indígenas. Afinal, de uma ex-guerrilheira, que lutou contra a ditadura e o regime, espera-se um olhar pelo menos diferente sobre a sociedade e o capitalismo. Não! Dilma, como Lula, aderiram cegamente à lógica do mercado: “não importam os impactos ambientais, importa a energia que será produzida”. Dilma, Lula e o PT devem ter vivido, de ontem para hoje, uma noite de glória com a notícia de que o Brasil ultrapassou a Inglaterra e hoje é a sexta economia do mundo. Devem sonhar, todos os dias, em pôr o País como a primeira economia do planeta. Nem que para isso, em alguns anos, não fique um rio ou uma árvore sem serem violentados. Como é possível imaginar que, com porto, explosões, implantação de barragens, escavação de canais e todas as obras altamente invasivas para se construir uma hidrelétrica, o rio permanecerá o mesmo? As populações tradicionais não sofrerão com isso? A política selvagem, expansionista e destruidora do capitalismo norteamericano só era ruim quando praticada por eles? Se posta em prática, com refinamento, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) merece loas? Quanto ao juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins, é espantoso que tenha mudado de ideia e revogado a liminar que suspendera as obras da Unisina Hidrelétrica de Belo Monte sem nenhum fato novo. Ao contrário, o mesmo juiz reconhece que “os impactos ambientais maiores decorrentes somente serão sentidos e possíveis de analisar após a conclusão das obras”. Aí, senhor juiz, a Inês estará morta e nada poderá ser feito para evitar um dos maiores desastres ambientais do Planeta. Dilma e Carlos Eduardo, vocês manterão, para o resto da vida, as digitais nessa hecatombe de fauna e flora. Com muita energia, é claro!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Agiotagem, com carinho, até dos bancos estatais

Atualmente nem os gerentes dos bancos estatais escapam do que se pode denominar de “agiotagem oficializada”. Tudo começa quando você, levado pelo descontrole nos gastos, usa aqui e acolá o limite do cheque especial, ainda que seja um valor ínfimo. Um ou dois meses depois você recebe um telefonema muito amigável da sua (ou do seu) “gerente de conta”. Essa figura, na minha simples humildade, seria aquela pessoa que o Banco, inclusive o Banco do Brasil, põe na tua vida para te ajudar a equilibrar as finanças e usar bem o teu dinheiro. E é esse o discurso oficial dela e dos bancos. No entanto, o que acontece, na verdade? São funcionários muito bem treinados para não deixar que nunca mais você viva sem dever ao banco. Pois bem, naquele telefonema, a cândida figura diz algo assim: “... o senhor já usa o limite do Cheque Especial há dois meses. Como o senhor sabe, os juros do cheque especial são altíssimos. Temos uma proposta: que tal um empréstimo, com juros menores, para cobrir os valores do cheque especial? Podemos, também, antecipar o seu 13° com os menores juros do mercado”. Bem-treinados (ou treinadas) para isso, sempre conseguem ou que você faça um empréstimo, quite o valor do Cheque Especial e, meses depois, esteja usando o Cheque Especial de novo. Ato contínuo, novo telefone amigo. Aí, você nem vê a cor do seu 13° salário. Em um ano, como muito carinho, você pode estar a dever empréstimo, cheque especial e 13° salário. Prepare-se! Telefonemas mais carinhosos serão recebidos no Ano Novo. Liberte-se se for capaz!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quanto vale uma consultoria fantasma?

O ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, garante que suas explicações sobre as consultorias feitas antes de ocupar cargos públicos foram convincentes. O Governo também se diz convencido e até trabalha diuturnamente para blindar mais um dos seus membros que escorrega nessa maldição que acomete o serviço público brasileiro: a consultoria. A verdade é que, do professor universitário ao político, ninguém quer que o tipo de prática seja regulamentado. Prestar consultoria virou uma festa. Nas universidades, por exemplo, o professor ministra aulas em outras universidades, rasga completamente o contrato da dedicação exclusiva e diz que foi consultoria. Políticos usam o mesmo artifício para distribuir informações privilegiadas. O que fazem? Consultoria. Não sejamos ingênuos! Nenhum empresário busca um político influente e paga milhões por nada. Na melhor das hipóteses, a tal prática da consultoria esconde Caixa 2 de campanha ou o pagamento puro e simples por informações estratégicas e privilegiadas. Especificamente no caso do ministro Pimentel, a nova denuncia é de uma consultoria fantasma, ou seja, não feita, pela qual ele teria recebido R$ 1 milhão. É possível que não resista!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UFC: estupidez transformada em barbárie

Dias desses, creio que foi ontem, aliás, meu amigo Jeferson Coronel postou o seguinte comentário no Twiiter:”SHogun e Dan Henderson no hospital, desfigurados. Machida desmaiado. Minotauro com o braço quebrado. #UFC já, já vai ser contestado”. Meu caro, Jeferson, já, já não. Contesto esse tipo de luta transformada em esporte há tempos. Não entendo como a humanidade pode admitir essa estupidez transformada em barbárie moderna por meio da qual homens se destroem, inclusive moralmente, dentro de um ringue. Pior ainda é o exército de pessoas e empresas que assistem e patrocinam esse tipo de luta. O UFC é a estupidez humana exposta até às vísceras. Curioso é a justiça brasileira proibir a rinha de galos e admitir que seres ditos humanos se matem em cima de um ringue e ainda recebam por isso. Ainda que eu seja o único a me manifestar contra esse tipo de insensatez humana, manterei a posição. A nota do meu amigo Jeferson Coronel indica apenas o começo. Haverá o dia em que alguém sai do ringue morto. Certamente, será o ápice dessa catarse idiota, muitos vibrarão, porém, talvez, quando isso acontecer, a justiça, que se intromete em tantas bobagens, tome uma providência dura e dê um fim a esse tipo de barbárie, inadmissível em pleno século XXI.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Impostos pagos com cartões de crédito

O anúncio de que em 2012 até Impostos Federais poderão ser pagos com cartões de crédito se nos apresenta não como uma facilidade, mas, como uma preocupação. Para o Estado brasileiro, como máquina arrecadadora eficiente, com certeza, trata-se de uma facilidade. Para o cidadão, porém, pode ser motivo de mais dores-de-cabeça. Oras, principalmente para a classe média baixa, dever é algo impensável, dever impostos, então, mais ainda. Com a “facilidade” de pagar com o cartão de crédito, portanto, ficará aquela sensação de que tudo foi pago “em dia”. Acontece que o cartão de crédito só cobra a fatura até 45 dias depois de realizado o pagamento. Nesse período de tempo, se o cliente não se programar, esquece que fez a dívida, não tem como quitar o valor inteiro do imposto pago e entra gangorra de pagar juros aos cartões de crédito. Em pouco tempo, é possível que a dívida de um impostozinho de nada se transforme em uma bola-de-neve. Todo cuidado é pouco com essas facilidades que podem se transformar em pesadelos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pará vota pela união: problemas continuam

Como já previam todas as pesquisas, cerca de 66% do povo do Pará votou pela não criação dos estados de Carajás e Tapajós. O resultado, porém, não esconde o problema das diferenças regionais dentro do próprio Estado e, como disse o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB) deverá provocar discussões nacionais sobre o atual pacto federativo. Quem ninguém se engane, o plebiscito do Pará, que custou R$ 19 milhões aos cofres públicos, trará conseqüências até para o Amazonas, cujo modelo econômico é baseado na renúncia fiscal. O mesmo governador do Pará, que comemora a vitória do sim, toca no cerne da questão ao dizer que o Estado deixa de arrecadar, por ano, R$ 1,5 bilhão em exportação de minérios, em função da desoneração das exportações provocadas pela Lei Kandir. Como compensação, a União repassa ao Pará R$ 260 milhões. Se os números do governador são verdadeiros, há renúncia fiscal de R$ 1,240 bilhão. Com isso, o que ocorre, na prática, é o estado brasileiro financiando, indiretamente, as exportações de uma empresa particular: a Vale do Rio Doce. E é isso o que o povo parece não mais aceitar. Números à parte, o recado que o povo de Carajás e Tapajós mandou tanto para Belém quando para Brasília foi simples: queremos que as riquezas por nós geradas sejam aqui aplicadas.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Divisão ou não do Pará

Qualquer que seja o resultado do plebiscito de hoje no Pará sobre a criação ou não dos estados de Carajás e Tapajós, uma coisa é certa: urge que se repense a forma de administrar os estados, principalmente de extensões continentais como o Amazonas e o Pará. Falar em unidade e desconhecer as diferenças monumentais que existem entre uma e outra região dentro dos próprios estados é, no fundo, investir em um processo histórico de exclusão. As agências de notícias divulgam, por exemplo, que em Belém, eleitores pró-não, gritam “fora forasteiros” contra os eleitores que querem a criação do Estado do Tapajós. Como falar em unidade quando as pessoas, entre si, não demonstram o mínimo de respeito ao outro? O único argumento de que os políticos lutam pela divisão para conseguirem mais cargos e mais verbas não se justifica. Se os políticos e administradores se apropriam das verbas, fazem-no porque nós, os cidadãos, votamos e depois lavamos as mãos. Em uma democracia verdadeiramente participativa, as responsabilidades são divididas. Manter a unidade requer o exercício diário do respeito. Inclusive às verbas públicas. Sem isso, o estado não passa de uma mera fantasia administrativa.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Preconceito e intolerância contra o Acre

Antes era o Amazonas. Para os habitantes do Sul-maravilha, Manaus era uma cidade habitada apenas por índios. Talvez por não se reconhecerem como indígenas, isso enchia de ódio os habitantes do lugar. Ontem, circularam pelo Twiiter mensagens de puro preconceito e intolerância contra o Acre. A fobia deles é dizer que o Acre não existe, que não é do Brasil. Como no episódio de um dos garotos do conjunto musical Restart que disse desconhecer que houvesse “civilização” em Manaus, as mensagens preconceituosas em relação ao Acre revelam, no fundo, o péssimo processo de formação da escola tradicional nos estados do Sul e Sudeste. Ao olhar apenas para os próprios umbigos e esquecem a riqueza cultural de todos os rincões brasileiros. Pior que isso, demonstram pouco domínio da geografia do País. Preconceito e intolerância são sinais de pequenez de caráter e imaturidade acadêmica, pessoal e profissional. Que as forças do universo protejam tais pessoas e tenham dó da pouca sapiência.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Reforma na prática dos políticos


Digo, sem medo de errar: o Brasil precisa de uma reforma na prática dos políticos e não pura e simplesmente de uma reforma política. Depois que a dita esquerda brasileira aderiu ao capitalismo neoliberal e refinou o projeto econômico deixado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), o Brasil vive sob a égide do que se poderia chamar de “democracia de resultados”. Vale vender a alma ao diabo, emprestar a irmã dele pra ser dama de honra e casar com a prima. Independentemente dos matizes políticos, vale qualquer aliança em nome da mais cínica e hipócrita das desculpas: garantir a governabilidade. Foi em nome dela que o Partido dos Trabalhadores (PT) abraçou-se com José Sarney, Jader Barbalho e outros tantos da mesma estirpe. É em nome dela que a presidente Dilma Roussef faz vistas grossas aos escândalos nos ministérios e nem aceita rediscutir o projeto da usina de Belo Monte. Governabilidade sem ética mais parece cinismo. Antes de uma reforma política, é preciso reformar as práticas. Caso contrário, propostas como as da votação em lista destruirão a democracia brasileira.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Corrupção e falta de vergonha


Desde aquele dia 31 de outubro de 2010, quando meu velho pai, alfaiate, músico, rádio-técnico diletante, mecânico de bicicletas, cachaceiro, cervejeiro e outros eiros se foi por negligência médica, no Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira, sua lembrança me vem em flashes. Principalmente quando vejo e leio notícias sobre a política brasileira. Especialmente aquelas da bajulação explícita baré ou das já rotineiras denúncias de corrupção dos ministros, em Brasília. Ele me aconselhava: “Meu filho, nunca deixe ninguém pegar na sua munheca”. O ensinamento cifrado era: “jamais se venda pra ninguém”. Será possível que os políticos do Amazonas perderam completamente a noção de ética, de respeito? Será que no Brasil, vergonha na cara é artigo de luxo? Como a sociedade local pode admitir tanta bajulação? Será que nenhum político local sabe o que é dignidade, amor-próprio? No plano nacional, até quando vamos aceitar ministros serem acusados de corrupção, desvios de verbas, uso de cargos públicos em benefício próprio e quetais sem nada dizer? Os partidos estão corroídos. Fernando Pimentel é mais um ministro a sofrer uma metástase em público. E o povo parado (e nós também) como se Brasília fosse a terra de Alice e o Amazonas o quintal.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Eles venceram a concorrência, Uai!


Parece até coisa feita! Aquelas jogadas combinadas com o adversário. Pois não é que das quatro empresas “habilitadas” para a concorrência pública que concederia a exploração da dita “Nova Ponta Negra” pelos próximos 20 anos, apenas o Grupo Piu, dono do Uai Shopping, o antigo Shopping São José, compareceu e apresentou proposta! Com isso, levaram a menina dos olhos do Prefeito Amazonino Mendes (todas as vezes que entra na Prefeitura reforma a Ponta Negra) por R$ 5.583,33 mês. Isso é o que se pode chamar de privatização a preço de banana. Há algo mais a se comentar?


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Voto aberto já!

Faço coro com o meu colega Jeferson Coronel quando pede que o voto aberto na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) transforme-se em uma questão da própria sociedade. Vou mais além, deveria ser uma questão de honra para a sociedade brasileira e uma cobrança dura em cima dos nossos políticos da “dita esquerda”, que hoje está no poder. O voto secreto só se justificava no Brasil em função dos resquícios da ditadura. Era uma forma de proteger nossos políticos progressistas para conquistar avanços na democracia de baioneta. Naquela época, existiam apenas o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido contrário também criado pela ditadura, e a Aliança Renovadora Nacional (Arena), formada pelos puxa-sacos do regime militar. Em tal conjuntura, o voto secreto era perfeitamente plausível. Hoje, os antigos partidos de esquerda usam e abusam do voto secreto para proteger os seus e se proteger na hora das votações polêmicas nas quais os interesses de grupos se sobrepõem aos interesses da sociedade e do Estado. Essa é uma bandeira que todo o cidadão minimamente comprometido com a democracia deveria erguer. O voto aberto é a certeza de uma democracia limpa e sem cambalachos. Lutemos por ele para tornar a democracia brasileira melhor. Quem topa?

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Censura na TV só dos pais

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli, um dos mais novos da Corte, à parte votos equivocados na Corte, deu prova de maturidade e de uma visão correta dos limites da atuação do Estado. “Não deve o Estado substituir os pais, e decidir o que os filhos podem ou não ver na televisão, ou ouvir no rádio”. Min.Toffoli (na ADI-2404). Quem dera tivesse essa mesma clareza e parcimônia em todos os processos que analisar. Terá o Brasil ganho um ministro que sabe efetivamente demarcar os limites do Estado quando o assunto é a liberdade e o acesso de qualquer cidadão à informação. É como se o ministro fizesse um alerta à sociedade: censura, na televisão, só será admitida vinda dos pais. O voto de Toffoli é um alívio em épocas de ataques cada vez mais vorazes à liberdade de manifestação do pensamento no Brasil.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Péssimas condições de vida do povo

Encerro hoje a publicação em séria de alguns fragmentos da obra do acreano Djalma Batista. Nas páginas do livro “Amazônia: cultura e sociedade”, em terceira edição da Valer, ele demonstra uma visão de mundo como poucos e uma crítica política bastante dura para os ditames da época. Daí ser, hoje, considerado um dos mais importantes autores para o entendimento do pensamento social sobre a Amazônia. “... E as condições de vida do povo, em geral, têm progredido? É certo que a febre amarela foi erradicada e que a malária bate em retirada diante das bazucas do DDT. Mas, em compensação, a falta de higiene geral campeia, mesmo nas capitais, onde a água canalizada e tratada é escassa, inclusive (é uma esperança à renovação dos Serviços de Água de Manaus e de Belém!); a mortalidade infantil é terrível, a tuberculose tem incidência muito forte; as verminoses em certa localidades alcançam índices de 100%; as residências ainda não se constroem, mesmo as melhores e mais confortáveis, segundo as exig6encas climáticas, com modelos, divisões e materiais de construção que se coadunem com o calor e as invernadas. De referência às barracas... nem é bom falar! Sem dúvida tudo isso decorre da incultura coletiva....” (grifo nosso).

sábado, 3 de dezembro de 2011

Política no Amazonas:"cambalachos deprimentes"

O acreano Djalma Batista é pródigo na leitura política de sua época nas páginas do “Amazônia: cultura e sociedade”, em terceira edição da Valer. Provoca arrepios e, ao mesmo tempo, uma indignação extrema, verificar que de 1955 até hoje a política, no Amazonas, ainda viva de “cambalachos deprimentes” e tenha assimilado cada vez mais as “escolhas sentimentais”. “... Quanto à política administrativa também demonstramos ter assimilado pouco ou nada a lição da cultura: nossas eleições, como de resto do Brasil inteiro, quase sempre se fazem através de escolhas sentimentais ou – o que é muito pior! – por força de cambalachos deprimentes. Quantas leis, realmente, já se fizeram na Amazônia, visando ao bem, ao verdadeiro, ao sagrado, ao inconspurcável bem público? Longe de nós, todavia, qualquer contato com essa senhora política, que não é nem a “respeitável prostituta”de Sartre...” (grifo nosso). Caro Djalma, conterrâneo do Acre, será que devo seguir seu conselho, in memoriam, e confirmar a máxima de que um intelectual não deve participar da política, mas, criticá-la sempre? Será mesmo que o intelectual deve permanecer sem qualquer contato com essa tão respeitável senhora? Avaliarei com mais profundidade, após a leitura desse trecho de Djalma Batista, se devo ou não catalogar o endereço da dita senhora.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O aviador se veste de regatão

Trarei mais um fragmento do livro do acreano Djalma Batista “Amazônia: cultura e sociedade”, em terceira edição da Valer. É uma forma de homenageá-lo e demonstrar aos leitores e leitoras do meu Blog o quanto o autor ainda permanece tão atual. “... Comercialmente ainda predominam os sistemas antiquados: o aviador (que é o negociante atacadista das capitais, especializado em abastecer o interior), fia para o seringalista, e este para o seringueiro. O pagamento se faz do último ao patrão em gêneros; apenas o seringalista já não entrega todos os produtos ao aviador, para que os transfira ao exportador (quando não é ele mesmo o exportador), porque, quanto à borracha, o malsinado Banco de Crédito da Amazônia quebrou um dos elos da cadeia... Isto é, o comércio em geral ainda não é comércio: é puro escambo – troca de mercadorias por gêneros –tal qual sempre fizeram os chamados civilizados, com os índios, há séculos.”

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Manaus importa até cheiro-verde

Hoje volto ao livro do acreano Djalma Batista para dar aos meus leitores e leitoras a chance de conhecer fragmentos de dos escritos dele na obra “Amazônia: cultura e sociedade”, em terceira edição da Valer. Como pode, de 1955 para cá, quase nada ter mudado? “... Do ponto de  vista alimentar, é verdade que saímos, até certo ponto, da condição de importadores exclusivos de enlatados, e com isto ficou resolvida a terrível questão médica do beribéri.. Mas continuamos a receber quase tudo , inclusive arroz, feijão farinha, açúcar e outros produtos que sabidamente têm em nossas terras o melhor local para serem conseguidos. Nesse assunto, aliás, há nefandos crimes por expiar: um delese é o da exterminação quase completa dos quelônios, mercê da imprevidênciae da glutoneria da população, que tem neles o seu grande e louvado acepipe – consumindo-lhes exemplares adultos, os pequeninos e até os ovos! No que se refere à agricultura, mal produzimos gêneros perecíveis para abastecimento das capitais, poucos, caros e sem seleção de boas espécies. Só com a imigração japonesa  podemos introduzir uma cultura em larga escala, que é a da juta, assim mesmo, ‘cultura de párias’ [a expressão creio que é de Moacyr Paixão] exigindo esforço sobre-humano do plantador, que na hora H não encontra mercado, como aconteceu em safra passada que teve de ser vendida por qualquer preço, com vantagem, aliás, para alguns... (grifo nosso). O intelectual deixa o “alguns” bem indeterminado para que o leitor tire conclusões a respeito de quem seriam os beneficiados. Hoje, será que alguns ainda se beneficiam de obras bilionárias como a Ponto Rio Negro, por exemplo?