terça-feira, 30 de novembro de 2010

Caos nos aeroportos

A previsão de caos nos aeroportos brasileiros não era só minha. Alertei aqui, algumas vezes, que boa parte dos aeroportos do País não tem as mínimas condições de receber fluxo para um campeonato de peladas, muito menos uma Copa do Mundo (bem, sejamos honestos algumas partidas das últimas Copas são piores que peladas sem sombra de dúvidas, mas isso é outra história). Não se precisa ser especialista em tráfego aéreo para entender que o oligopólio existente nos ares brasileiros daria nisso. Sem concorrência e com o péssimo gerenciamento do espaço aéreo (curiosamente o caos é em terra), o brasileiro começa a rezar em outubro para tentar viajar em dezembro. A própria Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) alertava para os problemas que enfrentaríamos. Só não se entende o porquê de medidas preventivas não terem sido tomadas há mais tempo. Espera-se que a partir da suspensão das vendas de passagens da TAM as coisas melhorem. No entanto, não dá mais para tapar o sol com uma peneira: todos os aeroportos brasileiros precisam de reformas urgentemente.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Batida brasileira

Conheci a voz de Euterpe pelas mãos de Merli Leal quando, em Brasília, avaliávamos um curso. Ganhei o disco de Euterpe na minha ida a Roraima pelas mãos do namorado dela, Avery Veríssimo, coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Roraima (UFRR), onde ela é estudante do curso de Letras. Euterpe é daquelas raras vozes que hoje, no Brasil se encontra em Marisa Monte, Maria Rita, Rita Ribeiro, Marina Elali e Maria Gadú. Seu disco saiu pela Fundação Nacional de Arte (Funarte) e se transformou em raridade. Ao me entregar o CD, já no Aeroporto, Avery Veríssimo, assegurou que era o último. Ouvi Euterpe no carro, logo que cheguei em Manaus. Os primeiros acordes foram no próprio avião. Mas, curtir mesmo com o som no volume que gosto foi dentro do carro. Aí sim, deu para sentir que Euterpe é do primeiro time de vozes da música popular brasileira. Seu CD “Batida brasileira” não é raridade pela escassez de unidades. É raro pela intérprete, pela voz, pela pujança com que trata o samba e os ritmos negros. Todos que moramos na região Norte temos de nos orgulhar de Euterpe. Virei fã!

domingo, 28 de novembro de 2010

Kaku Parú Jaspe


Registrei aqui os problemas de Santa Elena de Uarién, na Venezuela, mas não poderia deixar de registrar duas coisas maravilhosas no lugar: os livros editados pelo Ministerio del poder popular para La Cultura, realmente a preços populares, e as Cachoeiras. Dentre as localizadas no Parque Nacional Canaima, visitei apenas a de Jaspe. Linda, bem-cuidada e administrada pelos indígenas locais da etnia pemón, é famosa a Queda de Jaspe. Com suas pedras avermelhadas e brilhantes, Jaspe surpreende pela simetria dos desenhos nas pedras, como se fossem tijolos milimetricamente fabricados. Somente um olhar com mais profundidade faz com que percebamos que se tratam de pedras e não tijolos. Vale a pena parar no meio da Gran Sabana e visitar a Cachoeira de Jaspe. Tomei um banho inesquecível. Não deixem de visitá-la se por lá passagem.

sábado, 27 de novembro de 2010

Antas e antas

“O projeto é uma maneira de aproximar a população dos serviços públicos, mas existem algumas antas que não entendem nada de nada e são contra o povo”. A frase, de autoria do deputado estadual Eron Bezerra (PC do B), reproduzida em um dos jornais da cidade, é de arrogância, petulância e prepotência impares. Que Eron Bezerra tinha como marca a combatividade todos sabemos. Acontece que ele esqueceu esse traço há anos. O que eu e a sociedade não sabíamos é que somente ele “sabe das coisas” e só concordando com ele se pode “ser a favor do povo.” Crítico contumaz, Eron parece ser sensível demais às críticas. Engraçado um parlamentar que sempre defendeu a democracia e “as diferenças” considerar anta a todos os que não concordam com ele. Conheço boa parte do interior do Amazonas e, por conhecer os serviços pessimamente prestados à população, inclusive em Manaus, não tenho garantias de que o simples fato de criar novos municípios “aproximará a população dos serviços públicos”. Dá como certo que isso ocorrerá não passa de discurso falacioso. Tenho muito respeito pelas antas, não as envolverei na discussão sobre os novos municípios. Tomara que não sejam atingidas pelos “serviços públicos” quando os novos 28 forem criados.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Miséria globalizada

Ontem visitei a cidade de Santa Helena de Uiren, na Venezuela, e cheguei a duas conclusões: o Brasil avançou bastante na legislação e na aplicação de políticas públicas sociais e a Venezuela precisa, e muito, da ajuda internacional, para atingir níveis mínimos de qualidade de vida. Não se pode imaginar, no Brasil, um empreendimento comercial sem banheiros. Lá, a falta de banheiros (e de higiene básica) é quase regra. Naquela cidade, enquanto via as pessoas andarem de um lado para o outro e me contorcia em dores na bexiga, vaguei de uma loja para outra sem que encontrasse um banheiro ou algo parecido. Lá, o cliente parece receber favor dos comerciantes. Serviços, por mínimos que sejam, quase não existem. Saneamento e educação básica devem ser parte do direito fundamental da condição humana. Nisso o Brasil avançou a passos largos e precisa ajudar seus vizinhos a chegarem a um patamar mínimo. Aquele povo merece respeito e preocupação por parte de nós. Não sejamos apenas aproveitadores dos produtos ali vendidos.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Desafio da vida moderna

Um dos maiores desafios da vida moderna talvez seja mais antigo do que imaginamos: impor limites. Desafio que não se relaciona apenas aos filhos, mas, a nós mesmos. A correria da vida dita pós-moderna nos impede de vislumbrar os próprios limites. Paradoxalmente, porém, precisamos aprender e ensinar aos nossos filhos que este mundo (novo) é feito de múltimplas possibilidades, informações e afirmações. Cada vez mais se faz necessário respeitar o Outro, as diferenças, as opções, os gêneros, quaisquer que sejam. Ampliaram-se as formas e os focos dos nossos olhares. As tecnologias ampliaram nossos próprios sentidos, nossas mentes e nossas capacidades de armazenamento de informações. Nesse processo de ampliação, de novo paradoxalmente, só há um limite: a ética. Ética, portanto, parece ser o desafio da vida moderna. Reflitamos juntos!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ataques no Rio de Janeiro

Os grupos de tráficos reagiram de forma dura às ações da Polícia Militar de retomar a presença do Estado nos morros e favelas do Rio de Janeiro. Repetição de momentos já vividos pela cidade. Problema imensamente grave do Brasil: a falta de segurança. E não se trata apenas de uma ação isolada, que depende da ajuda do Exército nas ruas, por exemplo. Discutir segurança é algo muito mais amplo, que envolve ações em todas as áreas. Da Cultura, passando pelo Esporte, Saúde e Educação. É fundamental a presença efetiva do Estado em todos os níveis para evitar que o mundo do crime o substitua em ações sociais essenciais para a vida das pessoas. Só assim, a violência será combatida. O momento que o Rio de Janeiro passa, agora, no entanto, é um cabo-de-guerra. Os bandidos querem medir forças. E, nessa hora, não há como vacilar. Seria perder tudo de avanços que se alcançou. Infelizmente, só resta o uso da força.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Péssima rede

Se no Amazonas a banda larga é quase uma brecha, em Roraima, não passa de tico, uma fresta e olhe lá. Ainda não tinha passado por uma cidade com um problema tão grave. E não apenas em Internet de qualquer banda. Os telefones celulares também funcionam precariamente. Cidade bonita, bem-planejada e hospitaleira, Roraima precisa, urgentemente, solucionar o problema da infraestrura da rede telefônica em geral e, particularmente, da Internet. Trata-se de um gargalo que precisa ser negociado diretamente com a principal operadora da região. Ora, se o Amazonas será bem-servido com a fibra ótica da Oi que passa pela Venezuela, obviamente, Roraima também pode ter o serviço com a mesma qualidade. Urge que os políticos se mobilizem para garantir melhores serviços ao estado e, principalmente, à cidade de Roraima.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brutalidade em grupo

Ontem vi na televisão imagens que me fizeram refletir sobre a condição humana. Três jovens caminhavam na Avenida Paulista tranquilamente quando passaram por outros três. Um deles, que vinha em direção oposta e portava duas lâmpadas fluorescentes, do nada, destruiu a lâmpada no rosto do outro. Não contente, o agressor destruiu a segunda lâmpada nas costas do agredido, que tentou revidar e foi quase trucidado pelo grupo. As câmeras de segurança só registraram o início da agressão. Esse início, porém, derrubou completamente a primeira versão dos agressores de que tinham sido provocados pelo grupo dos agredidos: uma mentira deslavada. Mais impressionante foi a reação da mãe do agressor. Ela disse que o filho agrediu o outro jovem por ter recebido uma “cantada”. Minha nossa! Que loucura é essa? Estamos educando nossos jovens filhos para a intolerância? Ainda não tiramos da “cabeça coletiva” a ideia de que homossexualismo é doença? A brutalidade grupal mostrada pela televisão mais parece resultado de uma homofobia coletiva. É preciso refletir sobre o fato para evitarmos uma geração de intolerantes com as diferenças. Ainda é tempo.

domingo, 21 de novembro de 2010

Barbárie no trânsito

Aqui neste espaço já elogiei a mudança de hábito de boa parte dos condutores de veículos que Manaus que, aos poucos, acostumaram-se a parar nas faixas e dar passagem aos pedestres. No entanto, ontem vi uma cena que me chamou a atenção pela barbárie que representa. Um motorista, e pena que não tive como anotar a placa do carro, porque diria sem nenhum problema, encontrou um ponto na avenida Ephigênio Sales, para subir por cima do canteiro central e fazer um retorno em local proibido. Não se pode negar que é discutível uma avenida como aquela sem nenhum tipo de retorno para os condutores e sem quaisquer tipos de proteção aos pedestres. No entanto, a forma de protesto não pode ser essa que põe em risco não-apenas a vida do condutor que faz a manobra proibida, mas, de todas as demais pessoas que circulam pela vias da cidade. Bárbaros como esses devem ser multados com o maior valor possível. Talvez assim aprendam a respeitar não só as regras do trânsito, mas a vida dele e das outras pessoas.

sábado, 20 de novembro de 2010

A "emoção-pesquisa"

Maria Luiza Cardinale Baptista faz questão de usar o acróstico dos três primeiros nomes Maluca. E deve ser mesmo Maluca com letra maiúscula para defender entre doutores que não existe nenhum tipo de distanciamento entre sujeito e objeto, mas sim um fluxo intenso de troca de afeto. Ela é Professora e pesquisadora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Diretora da Pazza Comunicazione, Brasil. Esteve recentemente em Manaus para participar do II Seminário do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e deixou um rastro de encantamento, quase torpor com sua teoria da “paixão-pesquisa” que, aliás, se encaixa como uma luva dentro da proposta inovadora do PPGCCOM da Ufam. Felicidade, afeto, encanto, envolvimento... palavras e atitudes que parecem ter sumido do ambiente universitário. Distanciamento, objetividade... ciência fria. Cientistas frios. Algo que Maluca pretende quebrar na sua quase “missão” de pregar no deserto. Como ela disse durante a palestra em Manaus, somente quando você se autoriza a escrever sobre algo é que seu texto flui. Deve ser assim com o amor, o afeto, o carinho: somente quando você se autoriza a trocá-lo, as coisas fluem. Quando resolvi criar o Grupo de Pesquisa em Linguagens, expressões humanas, Mídia e Moda (MIMO) tinha plena convicção de que deveria ser, acima de tudo, um espaço para a troca de afeto porque, só assim, os saberes fluiriam. Depois da criação do Grupo, Maluca veio a Manaus e tivemos uma experiência de encantamento que não pára de reverberar até agora. Disse a ela que aqui entre nós desenvolveremos a teoria da "emoção-pesquisa", apenas um olhar diferente sobre a teoria dela, da "paixão-pesquisa". Será esse o nosso desafio teórico. Que sejamos todos felizes, Maluca!

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amazonas + 28

O Legislativo do Amazonas não dá mesmo ponto sem nó. O argumento é sempre o mesmo: melhorar a qualidade de vida dos habitantes do interior. De almas bentas o inferno este cheio e a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE) mais ainda. Essa proposta de aumentar o número de municípios do Amazonas de 62 para 90, com o acréscimo de mais 28, demonstra, porém, como são ardilosos os parlamentares. Ora, se o interior fosse realmente beneficiado com a criação de municípios, já estaria num grau de qualidade de vida inigualável com os 62 existentes. Ao contrário, o que se vê é uma situação quase de calamidade pública em boa parte deles. Criar mais 28 municípios, em verdade, será criar mais 28 opções para prefeituras e outras tantas para a Câmara de Vereadores. Despesas com legislativo e executivo aumentarão absurdamente. Por outro lado, o raio de influência de quem estiver no “poder central” se expandirá mais ainda. A dita melhora tem tudo para ficar apenas no papel. Que a vida vai melhorar para os futuros parlamentares dessas localidades disso ninguém duvida!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Zona rotativa

O estacionamento rotativo, também chamado de Zona Azul, que a Prefeitura Municipal de Manaus (PMM), ressuscitou, é um velho conhecido da população da cidade. Quando implantado, ao invés de ordenar o estacionamento de veículos no centro, criou um exército de flanelinhas corruptos, que fraudavam o boleto e chantageavam motoristas, além, é claro, de brigarem entre si pelos melhores locais. É bem verdade que atualmente o controle dos carros pode ser feito até eletronicamente. No entanto, os maiores atingidos com a medida são os bancários e funcionários das lojas localizadas no centro da cidade. Esses terão de conseguir vagas em estacionamentos particulares que, certamente, cobrarão uma fortuna por vagas mensais, semanais ou diárias. A medida incentivará o surgimento de novos estacionamentos e, talvez, também ressuscite o famigerado Edifício Garagem. Quem não se lembra deste elefante branco e o que ele provocou? O próximo (que voltou a estar próximo de novo), Manoel Ribeiro, foi defenestrado da Prefeitura pelo então governador Amazonino Mendes. Não deve ser por acaso que a ideia do Zona Azul também voltou.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Chuva reveladora

A chuva que desabou sobre Manaus na hora do almoço revelou, mais uma vez, que uma campanha de conscientização sobre o destino que se dá ao lixo na cidade é fundamental. As águas do Igarapé do Mindu transportavam toneladas e mais toneladas que lixo, que atravessaram o bairro nobre de Vieralves, passando bem ao lado de dois shoppings da cidade e do Parque dos Bilhares. Cada chuva que acontece é uma demonstração de que a população precisa colaborar com a prefeitura quando se trata de cuidar da cidade. E o hábito de jogar lixo para “onde o nariz aponta” começa no núcleo familiar. Mudar esse hábito depende de um trabalho junto às famílias, nas escolas, nos locais de trabalho e até nas ruas, onde grande parte dos motoristas, jogam até lata de bebidas alcoólicas pela janelas dos carros. O compromisso com uma vida saudável deve ser de todos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Direito e democracia

O episódio no qual alguns vereadores de Parintins atacaram as professoras Sandra Helena e Sandra Damasceno, do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é vergonhoso e execrável. Não por se tratar de duas mulheres, a quem se deve respeitar sempre, mas, por serem usadas como mote para um ataque frontal ao “estado democrático de Direito”. Alguns vereadores atacaram os Direitos Humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o direito à liberdade. Foram de uma insensatez que beira a insanidade. Deveriam ser punidos por isso. Atacaram o pilar básico da Democracia: o estado democrático de Direito. Eles, e muitos outros parlamentares, deveriam ser lembrados que ao aceitar concorrer a um cargo público, submetem-se ao jogo Democrático. Portanto, devem respeitar as leis e lutar para que sejam respeitadas. E não atacá-las. Defenderam agressão e violência sexual contra crianças e adolescentes, além de atacarem verbalmente a própria Ufam. Uma vergonha que merece protesto da sociedade inteira. Estudantes e professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), fazem, hoje, às 8h, um Ato Público de repúdio, em frente à Câmara dos Vereadores de Parintins. É pouco. Mas um bom começo de reação da sociedade.
 

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lições da Fórmula 1

O mundo inteiro viu ontem, talvez estarrecido, uma demonstração matemática de que ser ético vale a pena. E, no mundo de hoje, no qual a ética é relativizada, chegar a tal conclusão, mereceria servir de exemplo para muitas gerações. Para quem não sabe, escreva esse nome em um pedaço de papel, afinal, é difícil decorá-lo. Dietrich Mateschitz. Isso mesmo, ele, como chefe da equipe Red Bull, foi taxativo ao dizer que preferia perder o título a ganhar com o que considera “maracutaia”: o chamado jogo de equipe. Quem não se lembra do Grande Prêmio da Alemanha, quando Felipe Massa foi sempre o melhor, estava na frente, vitória garantida, mas a Ferrari deu ordens para que deixasse Fernando Alonso passar? Espantosamente, milhões de pessoas consideraram a atitude normal. Muitos, porém, reagiram. Um deles foi Dietrich Mateschitz. A conta ética que alguns talvez não entendam é bem simples. Sebastian Vettel terminou o campeonato com 256 pontos, apenas 4 pontos a frente de Fernando Alonso, que ficou com 252 pontos. Tivesse a Red Bull feito o famigerado “jogo de equipe” aqui no Brasil, quando Mark Weber estava em segundo e Sebastian Vettel em primeiro, o título teria sido de Alonso. A ética e as forças invisíveis deram tapa com luva de pelica na cara de Fernando Alonso. Sempre que era perguntado sobre o fato de a Red Bull ter assumido publicamente que não faria “jogo de equipe”, o espanhol soltava um riso cínico e desdenhava: “eles estão administrando muito bem”. Como quem dissesse, “estão administrando muito bem o meu título”. Combinar resultados no esporte muda sempre o destino para pior. A ética é um pilar, valor que não pode ser relativizado. Ganha o esporte, ganha a vida, com a vitória de Vettel. Que sirva de lição para Barichello, que foi contratado para perder sempre, para Massa, pela submissão vergonhosa e para Alonso, que viu o título fugir entre os dedos, talvez, pela soberba.

domingo, 14 de novembro de 2010

A miséria humana

Hoje, no final da Rua Major Gabriel, esquina com a Sete de Setembro, presenciei uma cena que revela, com profundidade, a miséria humana. Um senhor, negro, (é bom frisar porque talvez a cor também tenha interferido), estava em uma cadeira de rodas mendigando. As pernas eram finas, feridas por várias partes do corpo. Pede ajuda de um motorista na minha frente. Recebe o sim, ameaça se aproximar do carro para pegar a esmola. Ato contínuo, o motorista joga uma moeda, aparentemente de R$ 1,00. A moeda cai embaixo da cadeira de rodas. O mendigo vira-se todo tentando pegá-la. Uma pedestre que passava ao lago e viu tudo fez uma cara de reprovação, certamente relacionada ao ato do motorista, abaixou-se, pegou a moeda e a entregou ao mendigo. O sinal abriu, buzinas atrás de mim, segui com um sabor amargo na boca e a sensação de que o motorista tinha mesmo jogado a moeda para evitar que o mendigo se aproximasse do seu carro. Entre os dois ,qual é mais miserável? Moralmente, não tenho dúvidas: o motorista.

sábado, 13 de novembro de 2010

Falta de energia e respeito

Em Manaus não falta apenas energia, falta respeito ao consumidor. O ministro veio a Manaus, promessas foram feitas aos borbotões, mas, solucionar o problema que é bom, necas! Fossem apenas “quedas de energia” esporádicas, tudo bem. São cada vez mais constantes e prolongadas. Resta aos consumidores recorrer constantemente aos serviços de reclamações da Eletrobrás Amazonas Energia. Além disso, é bom tomar cuidado com os aparelhos mais caros. Protegê-los com estabilizadores é essencial. Normalmente, ao haver a queda de energia, o retorno é no pico. Esse movimento de baixa e alta pode queimar os aparelhos. Será que até a Copa do Mundo (salvadora de todos os males de Manaus) supera-se o problema?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Emoção-pesquisa

“Emoção”. Palavra que pode resumir em um termo a relação estabelecida entre a professora-doutora Maria Luíza Cardinale e o público, formado por professores de graduação e pós-graduação e estudantes, também de ambas as categorias, no encerramento do II Seminário de Ciências da Comunicação (SemiCom), promovido pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ontem, no Auditório da Biotecnologia, antigo CPD da Ufam, próximo à Biblioteca do mini-campus. Por telefone, após chegar ao Rio Grande do Sul, a professora disse que ainda não tinha saído do estado de torpor em que se encontrava, estado também compartilhado pelo professor Gilson Monteiro, coordenador do PPGCCOM da Ufam. O encontro encerrou-se, na verdade, à tarde, com o curso do professor doutor Jorge Gonzalez, da Universidade Autônoma do México, cuja proposta metodológica “Cibercultur@ - com arrouba” tinha pontos coincidentemente comuns. Hoje, nos corredores, estudantes de graduação só comentavam a relação de empatia e emoção estabelecida com e pela professora. Uma experiência que não dá para ser narrada. Só sabe quem a viveu.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cuida-te Obama!

A presidente eleita do Brasil, Dilma Roussef (PT), talvez espelhada no companheiro Hugo Chavez, presidente da Venezuela, já elegeu o alvo internacional capaz de mantê-la em evidência nos momentos em que precisar de um factóide: os Estados Unidos. Não sem razão, declarou que a política de comércio internacional norte-americana é veladamente protecionista. Dilma foi até bondosa com o companheiro Barak Obama. O protecionismo norte-americano não é velado não. Em algumas áreas, é extremamente escancarado. A não ser pela forma ambígua com que falou a respeito da CPMF, deixando nas entrelinhas a mensagem de que apóia o retorno do famigerado imposto, a presidente tem acertado no tom das falas. Só não pode é eleger os Estados Unidos como o único “adversário”. O mundo já conhece o discurso de uma nota só de Hugo Chavez e não seria nada bom repeti-lo. Que Dilma mantenha a sobriedade que vem mantendo mesmo quando fala de temas espinhosos. De certa forma, Obama tem mais um calinho no sapato. Cuide-se!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Qualidade no atendimento

O Brasil, de Norte a Sul, Leste a Oeste, não precisa de investimentos apenas em infraestrutura. Mais que isso e em quaisquer situações é preciso investir na qualidade do atendimento. Não basta investir em promoção e propaganda se, ao chegar ao local do serviço ou negócio, o cliente recebe atendimento indigno. Para quem quer organizar uma Copa do Mundo com êxito é essencial uma mudança cultural em todos os quatro cantos do país. Afora alguma ilhas de excelência, de forma geral, o atendimento no Brasil é péssimo. Das quitantas, quiosques às grandes empresas, ainda persiste a ideia que atender bem é um favor que se presta ao atendido. Ainda há como mudar essa realidade. No entanto, como se trata de mudança cultural, é necessário tempo. E no caso específico do atendimento, o tempo parece ter corrido léguas e léguas a frente dos negócios brasileiros.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Fibra ótica em Manaus

O anúncio de que a Embratel ligará Manaus a Porto Velho por meio de fibra ótica é um alento para um estado que tem a pior e mais cara banda larga do País. Ao que tudo indica, o usuário amazonense receberá um presente de Natal de duas empresas: a Oi e a Embratel. As duas prometem operar com fibra ótica a partir da primeira quinzena de dezembro. Devo confessar que já não mais acreditava na chegada desta fibra da Oi. No entanto, com a entrada da Embratel na briga, é bem possível que a própria Oi antecipe a operação. Há duas coisas que chamam a atenção e reforçam a ideia de que a concorrência é o melhor remédio para agilizar o avanço dos serviços. Ora, se a Embratel agora consegue ligar Manaus a Porto Velho via fibra ótica por que não o fez anteriormente? Evidentemente que todas as desculpas anteriores eram balela: não o fez porque não havia concorrência. A Oi, por seu turno, também ainda não trouxe a sua fibra ótica por falta de concorrência. Resta-nos acreditar que, agora, com a mão do mercado intercedendo, Manaus tenha uma banda realmente larga.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Horário de verão

O horário de verão provoca confusões até na cabeça das pessoas mais “bem-educadas”, digamos assim. É claro que esse termo “bem-educadas” refere-se à educação formal. Explicar, por exemplo, o fuso horário de duas horas de diferença é complicado, principalmente para quem adota o horário de verão. Mais complicado ainda quando você toma um avião para Manaus, em Brasília, e chega ao destino praticamente uma hora depois da saída, tomando por base o horário de Manaus. Uma forma de se entender melhor o tal fuso horário é imaginar que se voa efetivamente duas horas entre Brasília e Manaus como se não saísse do lugar. Deixar uma aeronave duas horas parada e voando ao mesmo tempo é um fenômeno que só o horário de verão brasileiro é capaz de promover. Depois disso tudo ainda querem que um cidadão comum entenda o imbróglio. Não dá!

domingo, 7 de novembro de 2010

Disputa voraz

Há uma disputa voraz em Brasília pelos ministérios no Governo Dilma. E uma disputa ainda mais ferrenha envolve dois políticos do Amazonas: Alfredo Nascimento (PR) e Eduardo Braga (PMDB). Só que agora, quem leva vantagem, ainda que tenha sido derrotado no Amazonas, é Nascimento. Pode parecer contraditório mas é verdade. A derrota fragorosa nas últimas eleições não tira de Nascimento o fato de ele ser o presidente do PR e ser figura carimbada no cenário nacional. Braga, apesar de ter derrotado Nascimento e dado uma vitória folgada a Dilma Roussef, é apenas mais um dentro de um partido cujos próceres possuem fome de cargos igual ou maior que a dele. Sem contar que o PT do Amazonas não engoliria, de forma nenhuma, o fato de o senador João Pedro, deixar o senado. Assim, as chances de Nascimento continuar no Ministério dos Transportes são enormes, bem como a de Braga ficar a ver navios, maior ainda. Há um porém nessa história toda: Nascimento pode decidir não ficar mais tanto tempo longe das suas bases no Amazonas e rejeitar o ministério. Ou essa decisão pode ser tomada numa possível reaproximação com Braga para que o caminho fique aberto para esse último. Como em política tudo é possível (e no Amazonas mais ainda), o mais sensato é esperar. Mas que a briga está feia, isso está!

sábado, 6 de novembro de 2010

Política bem-feita

Como diz a garotada adolescente: “Vamos respeitar!!” O Partido dos Trabalhadores (PT) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em especial, sabem fazer política. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) deveria contratar Lula, no dia 2 de janeiro de 2011, com consultor para assuntos de política. Talvez, assim, nas eleições de 2014, tenha alguma chance de vitória. Caso não, passará os próximos 20 anos sem vencer nenhuma disputa. O pronunciamento de ontem, em cadeia nacional, do presidente Lula foi um primor. Um show de cavalheirismo e comportamento digno de um líder. É bem verdade que, “nunca, na história desde País”, a máquina foi tão bem-usada para eleger a candidata oficial. Jamais, na história deste País, um presidente esqueceu tanto o protocolo do cargo e o usou para eleger a “sua” candidata. Ah, mas isso já passou, “vamos apaziguar” o País, que precisa crescer, gerar empregos (e muito, mas-e mais- muito lucro para os banqueiros), afinal, quem financia o crescimento são os bancos. No campo institucional, o PT lança um concurso de vídeos, fotos, músicas e textos para escolher os melhores entre aqueles que ajudaram a eleger Dilma Roussef a primeira presidente do Brasil. Aprende PSDB!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vírus Dilma

Os usuários da internet devem tomar todos os cuidados com e-mails que se espalham desde ontem dando conta de que a presidente eleita, Dilma Roussef (PT), teria passado mal e morrido de um ataque cardíaco. É mais uma daquelas notícias falsas que se espalham e, no fundo, são vírus com poder de destruir seus arquivos. É bem verdade que o povo brasileiro deve temer, com toda certeza, que haja algum problema de saúde com Dilma, afinal, o País cairia nas mãos de Michel Temer (PMDB). No entanto, usar esse temor para espalhar vírus na internet é de uma falta de sensibilidade sem tamanho com o povo brasileiro e, uma falta maior, ainda, em relação a presidente eleita. Para completar, outro vírus de extremo mau gosto, muito embora aceito pela Língua Portuguesa, é chamá-la de “presidenta”. Confesso que soa estranho. No entanto, essa opção de tratamento foi feita por ela há tempos. Deixemos a “presidenta” em paz, em todos os sentidos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Engarrafamento no ar

O voo 1641 da Gol, que me trouxe ontem de Manaus, além de deixar o Aeroporto Eduardo Gomes com atraso, algo que se transformou em corriqueiro, tanto para a empresa quando para a aviação brasileira, o voo teve de esperar cerca de 20 minutos voando sobre Campinas até que o pouso fosse autorizado. Motivo da espera: engarrafamento de aviões no ar. Não bastasse o ser humano que mora no Brasil enfrentar o estresse das filas no trânsito, agora, se voa, também não sabe por quanto tempo ficará no ar a espera do horário do pouso (e da decolagem também). Só quero ver se esse estado de caos mudará com a Copa do Mundo de 2014. A presidente eleita tem um desafio muito maior do que imagina: viabilizar a infra-estrutura necessária não-apenas para grandes eventos como a Copa do Mundo, mas, condições mínimas para o País crescer.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Humanizãção no atendimento

O episódio da morte do meu pai, vítima do descaso no Hospital de Sena Madureira, revela que a propaganda oficial sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) é bem mais eficaz que o atendimento. No Acre, o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), como no Amazonas (governo da base aliada), trombeteia aos quatro cantos que se tem uma “saúde de primeiro mundo”, o que não passa de grande mentira. Os desdobramentos da morte do Paulo Guedes (como ele era conhecido) são mais escabrosos. O secretário de Saúde do Acre, Osvaldo Leal, que estava no Canadá, retornou às pressas para o Acre. Os primeiros zun, zun zuns dão conta de que a enfermeira será demitida. Não resolve o problema. Novas pessoas morrerão vítimas do descaso se, além das medidas administrativas necessárias (e talvez uma delas seja demitir mesmo algumas pessoas), não se efetivar um processo de melhoria do atendimento às pessoas. E isso passa por cursos de relações humanas, humanização no atendimento dos hospitais, inclusive dos médicos. Um Hospital não é uma oficina mecânica na qual as máquinas chegam, trocam-se peças e as despacham de volta para casa. Médicos e enfermeiros lidam com gente, seres humanos. Será que um dia tomarão consciência disso?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Repensar a cidade

A Manaus que será uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 precisa urgentemente ser repensada como cidade. O fim-de-semana prolongado e o Dia dos Mortos mais uma vez revelou a completa falta de estrutura para qualquer tipo de evento: até mesmo a visita aos mortos nos cemitérios da cidade. A começar pelo insuportável calor acima de 40 graus, o que se viu nas ruas hoje foi um caos nas proximidades de todos os cemitérios. No São João Batista e no Parque Tarumã, então, o acesso era praticamente impossível. Nesse último, antes das 7h, a Avenida do Turismo já se nos apresentava intrafegável nos dois sentidos. Some-se a isso as filas quilométricas na travessia do Cacau-pirera que, certamente, serão reduzidas com a nova ponte, bem como os cinemas e restaurantes abarrotados de gente. Prefeitura e Governo do Estado precisam agir rapidamente e deixar o blá, blá, blá de lado.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ligação espiritual

Os pais, ao que tudo indica, possuem ligação espiritual com os filhos. No dia 30 de outubro de 2010, às 18h24, vibra o meu celular. Surpreso, vi a identificação: era Paulo Guedes. E do seu celular, algo que nunca tinha acontecido. Ele sempre ligava do aparelho convencional. Tinha dificuldades de operar o celular. Então, apenas atendia as chamadas a ele dirigidas. Da última vez que estive em Sena Madureira, ele reclamava constantemente do aparelho, que não prestava, não segurava carga, enfim, pouco utilizava o dito. Mas, naquele dia 30 ligou para saber se eu já tinha voltado da última viagem que fizera a Brasília. Reclamou por eu não ter avisado. Falei para ele que viajaria dia 3 para São Paulo, depois só pousaria em Manaus para trocar de aeronave e ir para Recife. Ele deu uma gargalhada, disse que eu só vivia viajando, mandou um beijo para as crianças. Eu pedi a benção como sempre fiz “desde que me entendo por gente”, ele me desejou felicidades e desligou. Um papo de 1min04segundos. Ao meio dia do dia 31 de outubro de 2010, doze horas depois, Pedro Paulo Guedes Monteiro, meu pai, estava morto, vítima da negligência e do descaso com que as pessoas são tratadas no Sistema Único de Saúde. Fica o registro, como mais uma homenagem a ele. No laudo, como sempre, vai aparecer “insuficiência respiratória”. Desde que os médicos descobriram essa fórmula “genérica” de registrar a causa da morte, ninguém mais morre de nenhuma outra doença neste País.