quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O PIM transformado em curral eleitoral

Impressiona a clarividência com que o acreano Djama Batista avalia o então ciclo da borracha e a falta de um projeto econômico consistente para a região. Vejam o que ele pontua no livro “Amazônia: cultura e sociedade”, em terceira edição da Valer: “... Quanto à economia, não permitiu a arrancada com que principiamos o século a superação da fase predatória: continuamos e continuamos extrativistas. Mal chegamos à pré-industrialização da borracha, com a simples lavagem do produto. Mantemos presentemente uma economia artificial, sob a tutela do governo, obrigando os líderes da produção, dos Estados e territórios, a uma duas e mais viagens anuais ao Rio de Janeiro, a reclamarem, de chapéu na mão, à beira da falência, o pagamento das safras. Em outras palavras: não principiamos sequer a construir uma economia no sentido capitalista (grifo nosso). O Pólo Industrial de Manaus (PIM), antiga Zona Franca, segue o mesmo ritual: as viagens deslocaram-se do Rio de Janeiro para Brasília. O chapéu foi substituído pelo pires. As mãos parecem ser as mesmas. A dependência dos favores do Poder Central é igualzinha, uma vez que o modelo é baseado em incentivos fiscais. As indústrias estabelecidas em Manaus são “aves de arribação”. Levantam vôo e mudam de lugar assim que sentem o cheiro de um percentual maior de incentivos. Essa dependência funciona como uma espécie de curral eleitoral: serve muito bem aos interesses dos políticos locais e ainda funciona como prêmio, uma vez que quem está no poder usa politicamente a prorrogação da Zona Franca, que, certamente, não será para o todo e sempre, em benefício próprio. E nós, que não temos mais nem pombos para dar milho, ficamos sentados em bancos quentes das áreas do Prosamim, cujas árvores, ao que parece, o vento as levou.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Falta de energia inconcebível

É inconcebível que ainda se vejam práticas políticas do Arco da Velha em pleno Século XXI. O corte de energia elétrica na cidade de Limoeiro do Anadia, em Alagoas, justamente na hora em que a Rede Globo exibia o Fantástico, com denuncias de corrupção contra a primeira-dama cidade é algo inimaginável num País que, pelo menos em tese, vigora o Estado democrático de direito. A concessionária de energia elétrica de Alagoas não tem mais dúvidas de que houve um atentado e investiga para descobrir o causador da suspensão de energia na cidade de Limoeiro. O prefeito da cidade, Marlan Ferreira, e sua mulher, Eloísa Barbosa, eram acusados de usar o dinheiro da Merenda Escolar para fazer compras particulares. No entanto, a população não pode acompanhar as denúncias porque a energia elétrica fora suspensa. Para piorar, moradores denunciaram que a pedra da suspensão do fornecimento de energia já tinha sido cantada. É um absurdo e deveria provocar reação de toda a sociedade brasileira.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Acreano, de Sena Madureira, com muito orgulho

Sou do tempo em que “acriano” ainda era grafado “acreano”. Não critico que assumiu a nova grafia, muito embora ainda me cause certo estranhamento. Como sou dos mais antigos, prefiro me manter “acreano, de Sena Madureira” como digo e repito em todos os lugares que passo. E com muito orgulho! O fato de ser acreano não me faz menor do que nenhum ser deste planeta, quer seja Barack Obama, Lula ou meu colega de departamento. Não me torna melhor ou pior do que nenhuma mulher ou homem, porque acima dos conceitos macho e fêmea, não passamos, todos, de um conjunto de células a trabalhar constantemente para o equilíbrio do universo. Nada me difere de uma ameba assim como nada me difere de nenhum outro ser vivo. É bem-verdade que, em alguns momentos, produzo muito mais do que outros e outras da colônia. O que me faz profundamente irritado, porém, é ler, no Twitter, já retuitado por um dos meus seguidores, uma frase como esta: “Os caras nem existem! Acriano com sotaque de carioca não merece respeito”. Fossemos do Brasil ou não, somos parte do mundo. Logo, essa de dizer que o Acre não existe é coisa de analfabeto em Geografia. Algo aceitável, aliás, numa boa, para quem vive nas escolas do Sul do País. E, quem disse que não merecemos respeito por carregar no sotaque de carioca? Por acaso, cariocas não merecem respeito? Vão tomar... consciência do que são no mundo. Quando todos tivermos consciência de que não passamos de colônias de células, qualquer que seja o corpo, acreano poderá puxar pro carioquês ou pro amazonês sem que isso seja considerado indigno de respeito.

domingo, 27 de novembro de 2011

Um pouquinho a mais de respeito ao consumidor

O domingo, geralmente, é dia de feira. Se não na feira, passa-se no açougue. Uma das coisas que mais me incomoda é a forma como os açougueiros tentam empurrar, e quase sempre conseguem, um pedaço de carne além do que foi pedido. Você pede 500 gramas e o cara diz “passou só um pouquinho, pode ser?” Uma olhada na balança e lá se vão 700 gramas. Na maioria das vezes você termina por dizer que tá tudo bem, pode deixar, não tem problemas. E se a fila no açougue está grande, aí é que você se sente até constrangido em dizer não. E se diz não, eles vão tirando a carne bem devagar, como se fizessem tudo para a pessoa que está atrás ficasse de olhando. É como se o errado fosse você ao mandar voltar a carne e levar apenas aquilo que pediu. Em verdade, trata-se de um tremendo desrespeito ao consumidor, ao exercício da cidadania. Ora, se você pede 500 gramas é porque precisa apenas de 500 gramas. Esse “passou só um pouquinho” aos olhos do açougueiro, neste caso hipotético do exemplo aqui apresentado, são exatamente 40% a mais. Nós, consumidores, normalmente não raciocinamos percentualmente, porém, se todas as vezes que tomarmos uma decisão de compra alguém levar 40% a mais, ao final do mês, o salário não cabe nas necessidades de compra. É sempre bom pensar nisso.

sábado, 26 de novembro de 2011

Jogadas e movimentos no xadrez político

Não me parece crível essa história de que o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) estaria com uma articulação interna para, enfim, levar o senador Eduardo Braga (AM) a ocupar um ministério. Preterido até então em qualquer mudança nos ministérios do governo Dilma Roussef, Braga não seria escolhido apenas por uma mudança interna na correlação de forças do PMDB. A não ser que, agora, o Partido dos Trabalhadores (PT) vislumbre, enfim, a chance de chegar ao poder no Amazonas. Em sendo assim, a candidatura do deputado federal Francisco Praciano, passaria a ter grandes chances de vitória, caso venha com o apoio de Eduardo Braga e Omaz Aziz. Vai que eles articulam uma chapa, assim, digamos, sei lá...Praciano prefeito e Nejmi vice? Até as pedras se encontram!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bolsonaro e a homofobia explícita

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) não foi apenas deselegante, demonstrou claramente o ranço homofóbico que ainda grassa na sociedade brasileira e, muito provavelmente, entre grande parte dos seus próprios colegas deputados. A título de reagir contra o kit anti-homofobia, campanha do Ministério da Educação para combater a homofobia nas escolas, Bolsonaro ocupou a tribunal da Câmara dos Deputados, dia 24 deste mês, para desacatar frontalmente a presidente da República, Dilma Rousseff: “Dilma Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas do primeiro grau!”. Esperar de Bolsonaro algum tipo de comportamento elegante é apostar no improvável. No entanto, o deputado talvez tenha explicitado o pensamento de boa parte do Congresso, que não teve coragem de fazê-lo. Lembro-me muito bem, como se fosse hoje: quando fui agredido por Amin Aziz, irmão do atual governador do Amazonas, Omar Aziz, em pleno Auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), alguns crápulas e covardes professores da Ufam, postaram anonimamente em Blogs e páginas da Internet comentários elogiosos à atitude do irmão do governador, alegando que eu era “prepotente e metido”. Da mesma forma, por dentro, grande parte dos brasileiros e dos deputados deve estar a comemorar a barbárie retórica de Bolsonaro. Fosse uma Câmara de vergonha, seria aberto imediatamente um processo de cassação por falta de decoro parlamentar. Qualquer que seja a opção sexual de Dilma Rousseff, ela foi eleita democraticamente a presidente do Brasil. E assim deve ser respeitada. Bolsonaro expressou a mais sódica e covarde forma de preconceito. Sugiro ao MEC que acrescente ao kit anti-homofobia uma fita com o discurso de Bolsonaro. E que todas as crianças do País aprendam como não se deve agir nem do ponto da educação doméstica nem do ponto da fobia à opção sexual alheia.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Disparidade de preços inexplicável

Em conversas com moradores de Boa Vista, inclusive estudantes, e num giro pela cidade, descobri duas coisas: que o preço da banda larga na cidade, 3 gigas, por exemplo, custa aproximadamente R$ 120,00. O preço é bem maior que em Manaus. A segunda coisa foi o preço da gasolina. Em alguns postos, chega a ser de R$ 2,70. Em Manaus, o menor preço da gasolina é R$ 2,85 com pagamento exclusivamente a dinheiro. Nos demais postos, o preço varia, no máximo, até R$ 2,83. Fica no ar a pergunta intrigante: como pode, em Roraima, o preço de a gasolina ser menor que em Manaus? Será alguma isenção fiscal ou diferença de alíquota de Imposto? Deve haver algum tipo de explicação que desconheço. Mas, que é estranho isso é!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Gravidez da menina de 11 anos choca

Pelas reações de algumas pessoas Brasil afora, enfim, parece que a questão da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, talvez, entre definitivamente na pauta dos brasileiros. Isso porque o assunto foi parar no programa Profissão Repórter, da Rede Globo. Precisou a emissora mais poderosa do País levar à tela o caso de uma menor de 11 anos, grávida, para que as pessoas reagissem. Devem acordar, porém, em Manaus, no Amazonas e nas cidades da Região Norte, pois, se os números oficiais da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes são assustadores, os casos não divulgados e não denunciados seriam capazes de transformar o espanto em revolta. O preconceito social, os estigmas e todos os problemas psicológicos decorrentes de atos tão covardes. O tema não pode ficar apenas enfeitando manifestações oficiais ou não. Deve ser tratado como um dos problemas mais graves a ser enfrentado pela sociedade atualmente.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Telefonia cara e ruim em Boa Vista

É pouco crível que a fibra ótica da Oi que vai até Manaus, via Venezuela, não seja suficiente para que se ofereça um serviço de Internet melhor na cidade de Boa Vista. O problema se estende aos próprios serviços telefônicos, ainda de qualidade duvidosa. Há um ano passei pela cidade e registrei aqui neste espaço. Pouco ou nada se fez para melhorá-lo. O preço de alguns serviços seja a ser três vezes mais caro que em Manaus, cuja tabela não é das mais baratas no Brasil. Boa Vista é uma cidade acolhedora que já merece oferecer aos seus visitantes e aos habitantes melhor serviço de Internet. Esse é o tipo de bandeira de luta a ser assumido por todos e todas, independentemente do matiz partidário.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Manaus e os temporais

Mais uma vez grande parte da cidade ficou completamente sem energia nem bem começou o temporal de ontem. Para além do “Choque de ordem”, a Prefeitura da cidade deve tomar providências no sentido de se preparar para gerenciar o caos cada vez que a energia elétrica faltar por longo período em meio aos temporais. É preciso ter sempre uma turma de “caquizinhos” de plantão. Afinal de contas, com o corte da energia elétrica os semáforos param de funcionar e o trânsito se transforma em um caos completo. Como nessa época as chuvas são constantes, prevê-las pode até não ser possível, porém, é perfeitamente viável treinar uma turma de agentes de trânsito e deixá-los de sobreaviso para casos de emergência. Em assim não sendo, acidentes graves podem ocorrer uma vez que, embora a energia retorne, muitos dos semáforos não voltam a funcionar corretamente. Se houver uma turma de agentes de trânsito maior para os dias de inverno, muitos acidentes podem ser evitados.

domingo, 20 de novembro de 2011

Choque de ordem nas ruas do centro

É fato que Manaus precisava mesmo de um “Choque de Ordem” no trânsito. O problema é que, em alguns casos, aplicou-se um choque de desordem, principalmente quando se tratou dos radares eletrônicos. Há que se levar em conta o fato de que o número de carros nas ruas é sempre maior que o próprio espaço para a circulação deles. Não se pode negar, no entanto, que a educação do condutor de veículos de Manaus era próxima do zero. Hoje, nas ruas, já se percebe uma nova forma de agir. Ainda é pouco. Mas, a ação da Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) merece elogios. É urgente, no entanto, que os condutores e os proprietários de estabelecimentos comerciais da área da Feira Manaus Moderna e do Mercado Adolpho Lisboa sejam conscientizados de que as ruas não são propriedades privadas. Naquela área, em especial, é como se o poder público não existisse. Lá talvez seja necessário um “Choque de Ordem” diário durante um bom tempo para que os condutores e proprietários tomem jeito.

sábado, 19 de novembro de 2011

A informação é um direito do cidadão

A Comunicação, assim como o são Educação e Saúde, deveria ser um dos direitos básicos do cidadão. Vou mais longe: deveria ser vista como o bem-púbico e assim administrada. Fosse assim entendida, não se poderia negociar a publicação ou não de um fato. As assessorias de Comunicação dos órgãos públicos teriam como foco o cidadão e não presidente, governador, prefeito ou secretários e ministros. Concessões poderiam ser sumariamente suspensas caso o interesse público não fosse cumprido. E não me venham dizer que defendo a censura. Muito pelo contrário, penso que o direito à livre circulação de informações é um direito sagrado do cidadão. Quem assume um órgão público ou autarquia não pode, em nenhum momento, sonegar informações. O controle externo por parte do cidadão e da sociedade civil organizada só é possível se a informação for, na prática, direito de cada um dos indivíduos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Bom vendedor não é cretino


Parece haver uma crença generalizada que todo bom vendedor precisa ser mentiroso e cretino. É como se fosse regra “dourar a pílula” para, depois de vendê-la, o comprador “cair na real”. Conheço histórias de vendedores, e já fui protagonista em uma delas, que inventam que o sapato encolhe se o único número pelo qual a cliente se interessar, for maior que o pé dela. Em dado momento do capitalismo, atendimento ao consumidor era artigo de luxo. E, certamente, é dessa época que vem a crença de que todo vendedor deve ser cretino. As relações mudaram. Hoje, que não investe em atendimento ao cliente, a chamada “pós-venda”, tende a morrer, a enterrar o seu negócio. Vender e, portanto, manter o cliente: a visão mais moderna do processo, precisa envolver confiança mútua. Quem ainda usa a técnica de mentir para vender põe a cretinice em primeiro plano, fere o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e arrisca o próprio negócio. Melhor pensar nisso antes de usar estratégias de enganar alguém apenas para “empurrar” produtos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Choque de ordem nos radares eletrônicos

Ao que tudo indica, a mais eficiente medida do Choque de Ordem da Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) para o trânsito da cidade foi a retirada dos radares eletrônicos dos pontos indevidamente colocados. Nesses três últimos dias, tenho a impressão que o trânsito flui melhor até mesmo nas proximidades do Complexo Viário Gilberto Mestrinho onde, normalmente, os automóveis não saem do lugar. O que mais me impressiona, e ainda não consigo entender, é que a empresa Consladel, para justificar a instalação dos equipamentos, dizia ter feito estudos “profundos” que indicavam ser aqueles locais os mais apropriados; coisa que até um leigo sabia que não. Qual terá sido o motivo real da retirada dos equipamentos em tão pouco tempo?

Bom vendedor não é cretino

Parece haver uma crença generalizada que todo bom vendedor precisa ser mentiroso e cretino. É como se fosse regra “dourar a pílula” para, depois de vendê-la, o comprador “cair na real”. Conheço histórias de vendedores, e já fui protagonista em uma delas, que inventam que o sapato encolhe se o único número pelo qual a cliente se interessar, for maior que o pé dela. Em dado momento do capitalismo, atendimento ao consumidor era artigo de luxo. E, certamente, é dessa época que vem a crença de que todo vendedor deve ser cretino. As relações mudaram. Hoje, que não investe em atendimento ao cliente, a chamada “pós-venda”, tende a morrer, a enterrar o seu negócio. Vender e, portanto, manter o cliente: a visão mais moderna do processo, precisa envolver confiança mútua. Quem ainda usa a técnica de mentir para vender põe a cretinice em primeiro plano, fere o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e arrisca o próprio negócio. Melhor pensar nisso antes de usar estratégias de enganar alguém apenas para “empurrar” produtos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PT enterra prévias em São Paulo

Ao enterrar as prévias para a escolha do candidato a candidato à Prefeitura de São Paulo, o Partido dos Trabalhadores (PT) quer que o modelo chamado internamente de “estratégia Haddad” espalhe-se pelo País inteiro. Em suma, o PT, que tanto se orgulhava de tudo, mas tudo mesmo, ser decidido internamente por meio do voto, nas chamadas prévias, joga pás e mais pás de areia no modelo. O que mais chama a atenção é exatamente o fato de o PT, agora, fazer o que mais criticava no Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Quando todo mundo montava uma lista de coisas que os tornavam iguais, os petistas mais radicais saíam-se com essa: “mas eles não fazem prévias”. Depois que se descobriu que os dois fazem um bem danado aos banqueiros, defendem o “socialismo de mercado” e o estado mínimo na educação, faltava apenas dar esse passo para ficarem quase igual a um par de gêmeos. Só falta assumirem publicamente que são os dois partidos mais “progressistas” do País e anunciarem a fusão. Eu bem que avisei que eram irmãos siameses!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ponte do bilhão, Virada dos milhões

Não bastasse a Ponte do Bilhão, Manaus me aparece com a “Virada dos milhões”. Antes de qualquer crítica, devo registrar que considero a Virada um dos projetos mais profícuos da Prefeitura de Manaus. No entanto, tenho sérias críticas à formatação e ao processo de execução. Além dos problemas vistos domingo, e já comento, espanta-me o que li no Blog do Sarafa (Blog do Serafim Corrêa), antigo prefeito da cidade. Não creio que seja “dor-de-cotovelo” e merece investigação que a antiga Saúde Sem Fronteiras, hoje Instituto Sem Fronteiras, tenha recebido R$ 2 milhões para “fazer” a Virada Cultural 2011. E sobre essa relação promíscua das Organizações Não-Governamentais (Ongs) com os governos Municipal, Estadual e Federal falarei outro dia. Agora quero me deter aos problemas, digamos, operacionais da Virada. Volto a ressaltar: vejo com excelentes olhos essa ideia de levar os artistas ao povo. Penso, porém, que a execução deve ser feita com o mínimo de planejamento na escolha dos artistas para que todos sejam tratados com o devido respeito que merecem. Domingo, das 18h às 21h30, fui ao Paço Municipal prestigiar meu conterrâneo de Sena Madureira, Sérgio Souto, autor, dentre outros sucessos, de “Falsa alegria” e “Lembrando de você”, essa última em parceria com Moacir Luz. Soube da apresentação dele pelo Facebook (do próprio) quando ainda estava em Curitiba. Imediatamente agendei e fui. Ao chegar ao Paço, Souto cantava para meia dúzia de pessoas. Soube que após o “desfile de moda”, seria a apresentação do paraense, Nilson Chaves. Há 30 metros dali, em uma rua paralela, a famosa Frei José dos Inocentes, outro palco “alternativo” montado. Fui lá após a apresentação de Sérgio Souto. Hêmilly Lira cantava para exatamente seis pessoas (eu, minha namorada e mais quatro técnicos de apoio). Volto ao palco principal do Paço. Nilson Chaves já se apresentava para pouco mais de uma dúzia de pessoas, dentre elas o próprio Sérgio Souto e os músicos que o acompanhavam. O artista não deve ser somente pago. E muito menos deve se contentar com o dinheiro do cachê. Artista vive, mais que tudo, de aplausos e respeito ao seu trabalho e a sua arte. Que a Virada ocorra sim. Porém, bem-planejada o suficiente para que não se repita tamanho desrespeito aos artistas regionais. Que não sejam postos para concorrer, no mesmo horário, com Biquini Cavadão ou qualquer outra atração nacional. É pura covardia!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O mico dos radares eletrônicos nos viadutos

A empresa que implantou os radares eletrônicos em Manaus, a Consladel Manaus, acusada de montar máquinas arrecadadoras pelo País inteiro à custa de corrupção, deve ter tido um dos maiores prejuízos da história com a colocação de radares eletrônicos em pontos “estratégicos” da cidade de Manaus: a entrada e a saída dos viadutos. Nunca, na história do universo, só para ficar numa paráfrase de Lula, uma empresa poderia lucrar alguma coisa instalando arrecadadores eletrônicos de multas em locais onde seria impossível o motorista superar a velocidade exigida. Tanto no Complexo Viário Gilberto Mestrinho quanto no Complexo Miguel Arraes, é impossível, nos horários de pico (em Manaus são quase todos os horários) alguém rodar acima dos 40km ou 60km. Logo, o fracasso dos aparelhos era evidente tanto do ponto de vista econômico, pois não arrecadaria nada, quanto do ponto de vista do trânsito, uma vez que freavam a fluência que já nem existia. Essa bola foi cantada aqui mesmo. Bingoooooooo! Já retiraram quase todos os radares dos viadutos!

domingo, 13 de novembro de 2011

Racionamento de energia em Manaus

O apagão de mais de quatro horas em Manaus, provocado por um raio que se abateu sobre a Usina Hidrelétrica de Balbina, me fez postar uma provocação no Twitter: “vão já dizer que o raio foi provocado por ser o dia 11/11/11.” Brincadeiras e exageros à parte, não é bom duvidar que a Eletrobrás Manaus Energia, com o episódio, tenha desculpa para mais uma semana de suspensões temporárias no fornecimento de energia na cidade: alegará que o raio queimou o lago da hidrelétrica. É mais do que evidente que, em Manaus, há uma espécie de racionamento não-admitido (não falarei de racionamento branco para não cometer crime de racismo) de energia. Cada vez que se inicia uma chuva ou um ventinho de nada, adeus energia elétrica. Alguém já prestou a atenção nesse fenômeno natural? É como se qualquer vento desligasse automaticamente a rede. A verdade é que o aumento da demanda no Pólo Industrial de Manaus (PIM) leva o sistema a um ponto de saturação do sistema. A tal mudança da base de fornecimento para energia a gás até agora não se concretizou. O caos do dia 11/11/11 não tem nem nenhuma relação com cabala ou bruxaria, ainda que os raios também se relacionem com essas práticas culturais e provoquem preconceito coletivo. O que há é um sistema que já atingiu o limite do fornecimento precisa de investimentos pesados para suportar a demanda da cidade.

sábado, 12 de novembro de 2011

O golpe da Oi nos seus clientes

A empresa telefônica Oi parece ter como missão ludibriar seus clientes. E conta com a conivência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Já havia comentando aqui sobre o problema que é tentar resolver alguma coisa por telefone com a empresa. Ironia das ironias, o que mais acontece é exatamente de a “linha cair”. Pois bem. A empresa oferece um pacote chamado “Oi conta total”. Pelo pacote, quando você se desloca para uma região servida pela empresa, não paga taxa de deslocamento. Como já havia sido vítima da Oi em outra ocasião, procurei, em Gramado, uma loja da Oi e pedi explicações sobre o pacote. A atendente disse exatamente o que eu imaginava ser o correto: como a Brt Celular foi adquirida pela Oi, o uso que eu fizesse do meu número cujo pacote é “Oi conta total”, seria apenas abatido da minha franquia os minutos usados. Pura balela! Pobre de quem cair nessa conversa em Brasília, no Acre e no Rio Grande do Sul. Nesses estados, a Oi não existe, muito embora faça propaganda. Para efeitos de cobrança, quem opera nessas regiões e a BRA Brt Celular. Com isso, o cliente da Oi paga deslocamento, roaming e todas as taxas possíveis. Trata-se de uma fraude, um golpe dos mais sórdidos contra o consumidor. Ontem recebi minha conta com cobranças de roaming da minha viagem a Brasília, servida pela Brt Celular. Será possível que a Anatel não toma providências contra essa fraude cometida pela Oi?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A realidade transformada em sonho

A primeira experiência de transformação da realidade em sonho que tive nessa viagem para Porto Alegre foi o encerramento do primeiro dia do 5 Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (5 CBEU). A apresentação do Grupo Circense Tholl, de Pelotas, é algo que só tem paralelo no Cirque Soleil. Os 1.312 lugares do Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) estavam tomados e ainda havia gente pelos cantos, em pé. Cada ser ali presente tinha os olhos grudados nos movimentos, na respiração dos artistas. Algo indescritível. Por isso resolvi filmar, com o celular, e disponibilizar boa parte do show ao público, no You Tube. São 17 arquivos em série. A segunda experiência de um sonho real foi ontem, em Gramado, há 30 quilômetros de Porto Alegre, no desfile do Natal Luz. Até quem já deixou de acreditar em Papai Noel faz tempo termina o desfila correndo por cima daquela espuma artificial, cantando, abraçando gente e crente de que o mundo pode ser melhor. Essa talvez seja a grande utopia da festa: resgatar o lado humano de cada um dos que participam. Fiz 11 arquivos, também com o celular, da Festa. Estão no You Tube. Deliciem-se! Esse é um dos meus jeitos, além dos poemas no Blog Gilson Em Toques, de praticar o ativismo por um mundo melhor.
O circo

A habilidade

O Natal Luz

A magia da arte

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Conservadores de esquerda e de direita

Preocupa-me o ressurgimento, ainda que não assumido, de um movimento denominado Tradição, Família e Propriedade (TFP), fundado em 1960 pelo jornalista católico, Plínio Correia de Oliveira. Era uma organização católica tradicionalista, conservadora e anticomunista. O problema que vejo atualmente é a falta do sonho, da utopia, do desejo de uma sociedade mais justa e igualitária. Depois que o PC do B e o PT fizeram a opção preferencial pelo capitalismo, a utopia socialista morreu. E Com a morte dela, a utopia, houve uma adesão quase total a alguns princípios similares aos da TFP. Ao invés da luta por um processo de inclusão social, o que se tem hoje, no Brasil, é um processo de adequação aos ditames do capitalismo. A visão hegemônica antes combatida principalmente por PT e PC do B, hoje predomina na América Latina. O Brasil assume a postura de potência hegemônica regional e de “player” no mercado mundial. Isso, ao que parece, transformou os brasileiros em conservadores de esquerda e de direita. Não vejo mais como improvável que o povo vá às ruas pedir a volta da ditadura. E, ao que tudo indica, o nome desse ditador já estaria no bolso do povo. Alguém advinha quem é?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"A Usp não é a Cracolândia"

O Ministro da Educação, Fernando Haddad, criticou duramente a “operação de reintegração de posse do prédio da reitoria” da Universidade de São Paulo (Usp) feita pela Polícia Militar daquele estado. Chegou a dizer que a Usp não é a Cracolândia. Está certo o ministro. A Polícia Militar não pode mesmo tratar ninguém como o faz com os moradores da Cracolândia. A fala do ministro deixa claro que existe “tratamento diferenciado”. O que é de uma gravidade sem tamanho. A PM não deve tratar melhor (nem pior) ninguém por ser estudante da Usp. Tanto um estudante da Usp quanto um morador da Cracolândia deve ser tratado como manda a lei em relação aos usuários de drogas ilegais. Isso é o que a sociedade tem de exigir de todos os agentes públicos. Não se pode partir do pressuposto de que a Cracolândia é o espaço dos bandidos e a Usp dos mocinhos. A questão que deve ser discutida não é a presença ou não da Polícia na área da Usp, mas, como no geral, a Polícia faz valer seus conceitos e preconceitos. A universidade deve ser o locus do encontro, do diálogo, da polêmica e da contestação. Sem isso, não sobrevive. E nesse sentido, sim, Haddad merece elogios. Soa estranho, porém, o ministro não demonstrar a mesma indignação com o fato de a Polícia Federal “tomar conta” da Universidade Federal de Rondônia (Unir). Sobre isso, Haddad não disse uma palavra. Será porque em São Paulo o governo é do PSDB e ele tem interesse na prefeitura e, no caso, de Rondônia, o reitor é um apadrinhado do presidente do PMDB, senador Waldir Raupp? As situações de desrespeito à autonomia da universidade são similares. Haddad bem que podia tomar providências e mandar pelo menos apurar as denúncias que envolvem a administração superior da Unir. Assim, faria mais sentido criticar a invasão da Usp.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Fritura de ministro virou modus operandi oficial

Inaugurada pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), quando nadava no óleo do fogo amigo da fritura indelével, a prática de solicitar investigação oficialmente, antes de ser solicitado a se demitir virou regra em Brasília. Agora, quem nada na frigideira feito um pastel de feira pronto para ser abocanhado é o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Ele cumpriu o ritual: participou de reunião no Palácio do Planalto, apresentou documentos negando irregularidades e disse até que fica e vai ver até onde agüentam com essa prática do “denuncismo”. A se levar em conta os últimos ministros que participaram do mesmo ritual, Lupi tem os dias contados como membro do Governo Dilma Rousseff. O que impressiona e causa espanto é essa reforma ministerial feita na marra. Se alguém pode falar em “herança maldita” essa pessoa se chama Dilma Rousseff. Não é exagero dizer: quem tem uma equipe dessas deixada por Lula não precisa escalar nenhum corrupto para mais nada. O time está completo. E já começam a aparecer até os reservas. Simplesmente lamentável esse espetáculo gastronômico de frituras que vem de Brasília.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Casamento pré-datado

No México, um grupo de deputados propôs um projeto de lei que institui o casamento com prazo de validade: depois de dois anos o casal renova o contrato se quiser. Caso contrário, a separação é automática. Na Cidade do México, a taxa de separação é de 50%. Por isso, os deputados resolveram fazer a proposta. A notícia me fez lembrar uma proposta que sempre faço, em sala de aula, para “quebrar o gelo” e provocar os estudantes. Digo que, no Brasil, o casamento deveria ser de no máximo sete anos, prorrogável por mais sete. Ao final desse prazo, o casamento estaria automaticamente desfeito. As reações são as mais diversas: uns citam o exemplo dos pais, que vivem juntos há 30 anos; dos avós, que casaram para a vida inteira e dos sonhos que acalentam de uma vida a dois “para sempre”. Depois dessa proposta de Lei mexicana, quem considerava a minha proposta de o casamento ter prazo de validade máxima de 14 anos avançada demais, vai considerar os deputados mexicanos um bando de malucos. Lá eles querem apenas dois anos de validade.

domingo, 6 de novembro de 2011

Fim do décimo terceiro aprovado


À surdina, já foi aprovada na Câmara, uma alteração no artigo 618 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que decreta o fim do 13° salário para os trabalhadores. Pelo gosto dos parlamentares brasileiros, aprovam, também, o fim da Licença de Férias. O curioso é que esse tipo de medida austera não é tomado quando toca no bolso deles. Seria muito interessante e louvável que todas as medidas aplicadas aos trabalhadores em geral também servisse aos políticos de todos os níveis. O que se vê, porém, é uma sanha em “baratear” os custos para os empresários e aumentá-los para a sociedade. Que tal, por exemplo, se os aprovasse que a remuneração dos parlamentares eleitos será a mesma dos cargos que ocupavam antes das eleições, sem verbas de gabinete? Modernizar as relações trabalhistas não significa cortar os benefícios dos trabalhadores em geral. E quando esses fossem cortados, seria justo, também, que cortassem na própria carne.

sábado, 5 de novembro de 2011

Retaliaçõ em série no Distrito Federal

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), pelo jeito, não escapa dos respingos de corrupção do Ministério do Esporte. Antes disso, porém, promoveu uma retaliação em série ao retirar 17 delegados das posições de comando da Polícia Civil. Embora negue, as suspeitas são de que a troca de delegados deve-se ao fato de terem “vazado” conversas entre Queiroz e o policial João Dias. Imediatamente o Democratas (DEM) reagiu: vai pedir o impeachment de Queiroz. Os desvios de verbas envolvendo o programa “Segundo tempo” já provocaram a queda o ministro Orlando Silva. Podem derrubar, também, mais um governado do Distrito Federal. Ao que parece, Brasília precisa de mais uma limpeza ética. É lamentável que a capital do País seja obrigada a conviver com constantes denúncias de corrupção.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Violência explode na escola

O assassinato de um estudante dentro de uma escola de Manaus expõe as vísceras da violência que grassa na cidade. Durante muito tempo parecia que invadir uma escola e matar os colegas era algo que só ocorria nos Estados Unidos. Quando um estudante invadiu a sua ex-escola, no Rio de Janeiro, matou colegas e feriu outros tantos, era como se lá, pela imagem de violência associada à cidade, fosse o único local do País no qual fatos como esses ocorreriam. Agora, porém, com a morte desse estudante em Manaus, percebe-se que aqui, também, a violência, nesse caso, não em série, chegou às escolas. O fato, mais que tudo, deve servir de alerta para que haja efetivamente uma política pública de combate à violência em sentido amplo e na base. Não se trata meramente de se aplicar métodos repressivos. É preciso dar condições de vida digna às pessoas. Sem isso, estaremos fadados a lidar com esse fantasma diariamente a provocar o medo coletivo. Se esse medo transforma-se em pavor, o caos se instala.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ética e trabalho voluntário no futebol

Durante a transmissão do jogo Universitário x Vasco, pela Copa Sulamericana, vencido pelo time peruano por 2 x 0, ontem à noite, uma coisa me chamou a atenção. Algumas brincadeiras, quase galhofas, entre os narrados, os repórteres e os comentarias da rádio na qual eu ouvia o jogo. Um perguntava: você sabe há quantos meses eles não recebem os salários? O outro: há quatro meses. Não, há cinco. Entre sorrisos e gargalhadas, diziam que nenhum jogador do Universitário do Peru recebe os salários há cinco meses. Após o momento de descontração, passaram a falar seriamente sobre a situação constrangedora enfrentada pelos jogadores peruanos. Lembrei-me que é comum no meio esportivo exigirem postura ética dos jogadores, ou seja, que “vistam a camisa” do clube estejam com salários atrasados ou não. Isso faz parte da hipocrisia que grassa na sociedade em geral, mais ainda no esporte. Há muito o jogador de futebol deixou de ser um voluntário servidor do clube. Hoje é um trabalhador. Precisa ser remunerado. Não deve exercer sua atividade “por amor”. Nem o jogador de futebol nem qualquer outro trabalhador. O trabalho voluntário é uma opção individual. Não se confunde com a atividade remunerada. Não se deve exigir de nenhum jogador de futebol que tenha a mesma dedicação e o mesmo empenho quando passam cinco meses sem receber os salários. Se decidissem nem entrar em campo estariam corretos. A paixão da torcida pelos clubes não tem nenhuma relação com o trabalho dos jogadores. Esses exercem a profissão com dignidade e respeito. Logo, precisam ser remunerados.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O dia dos vivos

Ontem, ao me despedir dos amigos, desejava “feliz dia dos vivos”. Cemitérios ficam lotados. Na frente, coroas de flores e velas, muitas velas, para iluminar a alma dos que foram. Minha questão é: não seria mais lógico reverenciá-los e homenageá-los em vida? Nada contra o popular “Dia dos mortos”. Até participo dos rituais, principalmente porque dia 31 fez um ano da morte do meu pai, vítima do descaso no atendimento do Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira. E não me venham com essa história típica de cidade provinciana de que “morreu porque chegou a hora”. Pouco caso e irresponsabilidade profissional já mataram muita gente no Sistema Único de Saúde (SUS) do país, bem como o profissionalismo e a dedicação de muitos, já salvaram vidas. Não digo que meu pai estivesse vivo hoje. No entanto, não só ele, mas também qualquer cidadão deve ser tratado com respeito e dignidade nos hospitais brasileiros de qualquer cidade. Os mesmos respeito e dignidade com que devemos tratar nossos vivos, todos os dias, e não transformá-los em heróis só após a morte.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ponte do Bilhão: um show de falta de civismo e educação

A aventura de atravessar a Ponte do Bilhão domingo me fez concluir uma coisa: ou o motorista de Manaus finge muito bem ao dirigir na cidade e engana a todos demonstrando educação e civismo ou perde qualquer noção de respeito em situações de estresse. Acostumado a andar quase sempre com a minha máquina fotográfica, deixei a cargo da mente registrar manobras estapafúrdias vistas, principalmente na ida. Motoristas impacientes (e era preciso ter mesmo muita paciência para chegar ao primeiro retorno após a ponte, pois fica a uns três quilômetros) manobravam à esquerda, a atravessar a vala que separa um lado da pista do outro, em locais capazes de danificar o fundo do veículo. Quando não, danificavam o próprio canteiro central, menos de uma semana após a inauguração da via. Os prejuízos materiais, quaisquer que sejam, nem se comparam aos riscos de acidentes graves e vidas ceifadas em manobras daquele tipo. Sem contar o comportamento predador de hordas de pessoas que paravam os veículos no acostamento do lado direito, abriram o porta-malas, ligavam o som e haja a tomar cervejas e refrigerantes e a jogar as garrafas e latas ao longo da estrada. Mais que alargar a via de escoamento rumo a Manacapuru e aos municípios vizinhos, há que se alargar as mentes para um comportamento mais educado e ecológico.