Às vezes dá uma vontade danada de pensar na vida, no mundo, nas pessoas, em mim. Eu não soltaria fogos, não vibraria, não tentaria linchar, nem tenho o menor desejo de esfolar o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá em praça pública. O que me intriga nessa história toda é: “como esse pai consegue conviver com a imagem da menina morta, nos braços dele, e ele jogando-o pela janela?” E essa madrasta? Como se pode deixar um sentimento de ciúme chegar a ponto de incentivar um pai a matar a própria filha? Como um pai aceita matar a filha incentivado por outra pessoa? E se os dois forem inocentes? O que terá acontecido naquele dia fatídico? Antes de julgarmos e tentarmos ver os réus mortos (ou mortos-vivos) em praça pública deveríamos, em cada episódio de violência desses, refletir sobre a nossa condição de humanos e o processo de “formatação” (prefiro este termo à formação) ao qual somos submetidos durante a vida. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não souberam lidar com os monstros interiores que todos temos. Violência, vingança e sangue parecem ser componentes triviais da condição humana. Talvez fosse interessante, ao invés de querer o fígado de Nardoni e Jatobá, tentarmos compreender o fenômeno da violência urbana e, especificamente, contra crianças e adolescentes. Aí sim, a morte de Isabella Nardoni, significaria algo importante para o País. Caso contrário, é mais um capítulo da espetacularização que a mídia transforma em fato. Há mesmo interesse da sociedade em erradicar a violência ou apenas um desejo coletivo de vingança? E vingar-se não seria tão ou mais violente que a própria violência? Reflitamos!
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