sábado, 27 de março de 2010

Reflexões


Às vezes dá uma vontade danada de pensar na vida, no mundo, nas pessoas, em mim. Eu não soltaria fogos, não vibraria, não tentaria linchar, nem tenho o menor desejo de esfolar o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá em praça pública. O que me intriga nessa história toda é: “como esse pai consegue conviver com a imagem da menina morta, nos braços dele, e ele jogando-o pela janela?” E essa madrasta? Como se pode deixar um sentimento de ciúme chegar a ponto de incentivar um pai a matar a própria filha? Como um pai aceita matar a filha incentivado por outra pessoa? E se os dois forem inocentes? O que terá acontecido naquele dia fatídico? Antes de julgarmos e tentarmos ver os réus mortos (ou mortos-vivos) em praça pública deveríamos, em cada episódio de violência desses, refletir sobre a nossa condição de humanos e o processo de “formatação” (prefiro este termo à formação) ao qual somos submetidos durante a vida. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não souberam lidar com os monstros interiores que todos temos. Violência, vingança e sangue parecem ser componentes triviais da condição humana. Talvez fosse interessante, ao invés de querer o fígado de Nardoni e Jatobá, tentarmos compreender o fenômeno da violência urbana e, especificamente, contra crianças e adolescentes. Aí sim, a morte de Isabella Nardoni, significaria algo importante para o País. Caso contrário, é mais um capítulo da espetacularização que a mídia transforma em fato. Há mesmo interesse da sociedade em erradicar a violência ou apenas um desejo coletivo de vingança? E vingar-se não seria tão ou mais violente que a própria violência? Reflitamos!

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