É impressionante como as coisas mudam. Em maio de 1968 os estudantes iam às ruas para gritar Luta! Luta! Luta! Em maio de 2001 a palavra de ordem dos jovens sonhadores era Lula! Lula! Lula! Hoje, com o avanço do conservadorismo e do fundamentalismo nas universidades brasileiras, os estudantes da Uniban (que a minha colega da Compós Ivana Bentes passou a chamar brilhantemente de UNITALIBAN) passam a gritar Puta! Puta! Puta! Fico a imaginar: será que quando fui agredido em pleno auditório Solimões, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade do Amazonas (Ufam) alguns estudantes, pelo menos mentalmente, não estariam gritando: Bate! Bate! Bate!? E quando o irmão do vice-governador do Amazonas, Omar Aziz, fez o gesto de descarregar uma arma fictícia em mim, não seria exagero imaginar que uma trupe berrasse Mata! Mata! Mata! Ou, quando o irmão do governador Eduardo Braga, Carlos Braga, tentou quebrar o dedo do radialista Joaquim Marinho, a brava juventude que “tem orgulho de ser amazonense” não gritaria Quebra! Quebra! Quebra! O que essa ditadura fundamentalista baseada em clientelismo e troca de favores que se ergue em alguns estados e no poder central precisa fazer para nos revoltarmos, para reagirmos? A ditadura baseada no massacre da maioria contra as minorias talvez seja mais dura e dolorosa que os governos militares pois age baseada na legitimidade do voto. A reação contra a estudante da UNITALIBAN é só uma face do conservadorismo que tomou conta da sociedade e dos nossos antigos ícones da chamada esquerda. Fiquemos de olho em todos os contornos desse novo rosto da sociedade brasileira e não deixemos de reagir. Uma boa forma de reagir é assinar o documento on-line contra a expulsão covarde, retrógrada e conservadora da estudante.
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