sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Morte política

Parafraseio Marina Silva, ao citar Hanah Arendt, “todo crime passível de punição merece perdão” para avaliar um fato recente. O episódio envolvendo o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PDT) e uma moradora da área de risco Santa Marta é fundamental para que todos reflitamos, inclusive o próprio prefeito, sobre os perigos de frases “mal-ditas” na era das mídias móveis. Mendes foi de um destempero e falta de habilidade dignas de um político iniciante. Ou, quem sabe seja o mais provável, dos déspotas. Poderia ter feito o alerta, como defende Maria Luíza Cardinale Baptista, como “amorosidade”, acolhimento e, mais que tudo, respeito àquela senhora. Mas não. Alguém enfiou na cabeça do prefeito que ele é o pai dos menos aquinhoados. Ao invés de dizer, por exemplo, “se a senhora continuar neste local corre o risco de morrer”. Mas não, a prepotência, a certeza da impunidade e esse espírito paterno antigo o fizeram disparar o famigerado “então morra, morra”. Não contente, ao perguntar de onde era a mulher e ela responder que era paraense, Mendes alfinetou: “tá explicado”. Marina Silva e Hanah Arendt que perdoem Amazonino Mendes, porque boa parte dos eleitores da cidade não o fará. O mais atingido por esse “morra, morra” foi o prefeito que, possivelmente, decretou sua própria morte política.

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