Impressiona-me o nível do medo e do analfabetismo político dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Em tempos idos (e não muito idos) jamais qualquer tipo de Polícia, nem mesmo a Federal, faria quaisquer tipos de operação dentro da Instituição sem, no mínimo, o dirigente ser avisado. Ainda assim, dificilmente um estudante seria retirado do ambiente da Ufam e “conduzido” (pode-se usar o eufemismo que bem se entender para prisão) ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Sexta-feira o fato ocorreu, foi notório, e, ainda assim, tanto a direção maior da Instituição quanto as entidades sindicais encararam o fato com a maior naturalidade do mundo, como se nada tivesse acontecido. Panfletos do movimento “Todos contra a pedofilia”, que convidavam para a “Grande marcha Todos contra a pedofilia, a exploração do trabalho infantil, o tráfico de mulheres e o Turismo Sexual com Crianças e Adolescentes”, foram apreendidos e um estudante “conduzido” ao TRE por policiais federais. Para completar, na madrugada do dia seguinte, circulavam notícias de que a prisão preventiva de dois professores estaria decretada. Nem assim, diante de tanta repressão e violência, ainda que velada, as pessoas se tocaram para a gravidade do fato e do momento político no Estado e na Instituição. Não é a primeira vez que a Ufam é invadida. Ano passado, fui agredido por pronunciar a palavra-proibida: PEDOFILIA. A viseira política é tamanha que ninguém consegue ver nada de grave nas ameaças constantes ao estado democrático de direito e às liberdades. Oh quantas saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha Ufam querida, que não se calava jamais. Hoje ela vive acuada, escrava de projetos e assessorias. E que se dane o mundo que eu não me chamo Raimundo. E que se dane seja quer for, até por agredir professor. Pois só será crime e castigo, se for comigo.
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