São poucas as pessoas que não lembram do grito “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós e que a voz da igualdade, seja sempre a nossa voz”, a ecoar no sambódromo carioca, em 1989, quando entrara na passarela a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. O refrão do samba de enredo, composição de Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Juarandir, me veio à memória ao ler, no Twitter, o pensamento de Voltaire: “POSSO NÃO CONCORDAR COM NADA DO QUE VOCÊ DIZ, MAS DEFENDEREI ATÉ A MORTE O SEU DIREITO DE DIZÊ-LO”. Não demorou, e no Canal GloboNews, no programa “entre” (entre aspas), o professor de jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Eugênio Bucci, dentre outras coisas, soltou a frase: "a liberdade existe para que as pessoas expressem suas diferenças." Quantos de nós, e até eu mesmo, não arrostamos todos os dias que somos democráticos, defendemos a liberdade, mas não aceitamos quando as pessoas expressam suas diferenças? Quem de nós consegue se libertar do preconceito, dos comentários maldosos? É cômodo se dizer libertário e defensor da democracia, mas, por dentro, morrer de ódio quando alguém discorda da sua opinião, ou seja, expressa suas diferenças. O exercício da liberdade é uma conquista diária e só se amplia quando conseguimos nos libertar dos conceitos e preconceitos. Em não sendo assim, o que se vê é um discurso hipócrita, vazio e patrulhador. Fujamos todos dessa prática, pois, ser culto não significa “um ser humano pleno, completo e sem defeitos”. Quem confunde cultura com perfeição, talvez seja mais um patruladorzinho de meia-tijela travestido de adolescente contestador.
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