terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A constatação do óbvio em Manaus


Há uma máxima popular de que "o brasileiro só fecha a porta depois de roubado". Essa máxima foi comprovada ontem, em Manaus, quando a Prefeitura Municipal resolveu fazer uma blitz minimamente séria nas casas noturnas da cidade. Se escapou uma foi muito! Grande parte dessas casas consideradas "da hora" (para o bem ou para o mal), foi lacrada por descumprir itens básicos de segurança necessários para que funcionassem. Se fossemos pegar o cutelo da "culpa" e desandar a "cortar cabeças" sobraria até para as empresas ditas jornalísticas. Se não, vejamos! É mais do que evidente que nos últimos 20 ou 30 anos, nenhum prefeito tomou a decisão de fechar casas noturnas, das mais simples às espeluncas, como deveria ter sido feito. Se a Prefeitura não faz a parte dela, não caberia ao jornalismo fazer a sua? Denunciar constantemente que vidas estão em jogo todas as vezes que se vai às boates, questionar o poder público por não tomar as medidas corretas de proteção às pessoas, levantar o nome dos proprietários (e sócios) dessas casas noturnas, mostrar, se mantém ou não, relações incestuosas com os poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. Quem isso não fizer é, no mínimo, omisso, quando uma tragédia como a de Santa Maria ocorre. Inclusive os jornalistas. Em tese, muito embora seja extremamente difícil exercer a profissão, nós, os jornalistas, não somos pagos para defender os interesses dos donos das empresas, mas, sim, da sociedade. Enquanto o "fazer jornal" for mais importante do que a prática do jornalismo, teremos sempre relações incestuosas entre os proprietários dos meios de produção (os donos de jornais, rádios ou televisões) e o Estado, em quaisquer dos níveis. E, enquanto isso ocorrer, teremos de chorar sobre o sangue derramado e tomar medidas paliativas enquanto as tragédias repercutem. Depois que o povo esquece (e os jornalistas misteriosamente também), as placas de interdição são retiradas e a vida seu o seu curso. Até que muitas vidas são novamente ceifadas e todos, governantes e jornalistas, fingem que abriram os olhos nessa cíclica tragédia que é a omissão coletiva.

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