Estarrecimento. Esse foi o sentimento que me tomou conta ontem com a tragédia da execução de 10 meninas e dois meninos, cometida por um serial killer, numa escola em Realengo, no Rio de Janeiro. Estarrecimento pela tragédia, estarrecimento duplo pela cobertura mal-feita, justamente no “dia do jornalista”, pelas reações absurdas nas redes sociais, e pela fala destemperada do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), momentos após o acontecido. É bem-verdade que se deve “dar um desconto” em função da forte emoção que, pelo menos ao ouvir no rádio, se depreende que o governador estava. Porém, chamar o matador de “débil mental, animal” foi de uma infelicidade cavalar. Doentes mentais precisam de apoio da família, de muita compreensão e de muito carinho. Precisam de políticas públicas responsáveis, capazes de evitar justamente que tragédias como as de ontem ocorram. Pegar um microfone, chorar, lamentar pelas mortes das vítimas e depois ir embora e nada ser feito para evitá-las não é postura das mais recomendáveis para um político. Pior que a fala de Sérgio Cabral foram as reações de algumas pessoas, jornalistas ou não, nas redes sociais. Aproveitar-se de uma comoção como aquela para justificar agressões, surras e todos os tipos de violências praticados pelos pais de antigamente é de um oportunismo similar ao do governador do Rio de Janeiro. Chegou-se a fazer apologia do bullying. A palavra inglesa não possui tradução em Língua Portuguesa. Mas, “compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima”. Isso é um tipo de assédio moral dos mais condenáveis. Não deve ser admitido nem relativizado. Fazê-lo em um momento de comoção nacional como o de ontem é de uma covardia ímpar. Estamos em pleno Século XXI e não se deve admitir retrocessos nas conquistas por respeito pleno ao indivíduo. Condenar antecipadamente um matador defendendo a prática do bullying é tão ou mais violento que o próprio ato de matar.
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A culpa do acontecido não é do governador, no momento todos estavam muito abalados e creio que brevemente teremos uma resposta de Cabral para que episódios como esses nunca mais se repitam.
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