A mente humana funciona com um filme de infinita duração, com saltos de uma ponta a outra dos clusteres desse nosso HD interno. Ao recordar-me dos episódios envolvendo o presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), o ex-prefeito de Manaus, Manoel Ribeiro (à época, do PTB), me veio o escândalo do Edifício Garagem, elefante branco até hoje praticamente abandonado no centro da cidade. Mas, a cena de “Faroeste caboclo”, parafraseando Renato Russo, descrita pelos jornais da época, deve ter sido a mais emblemática da política de Manaus. O cabo-de-guerra entre Amazonino Mendes, então governador do Estado, e o prefeito, Manoel Ribeiro, também poderia ser chamado de “A guerra dos machões”. Macho como ele só, Mendes decretou intervenção na Prefeitura de Manaus, nomeou o hoje senador pelo PR e ministro dos transportes do Governo Dilma, Alfredo Nascimento, interventor e tomou conta do Paço Municipal. Por força de uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, Ribeiro deu o troco. No dia 1 de julho de 1988, voltou triunfalmente à sede do Governo Municipal. Acompanhado do, à época senador Carlos Alberto Di Carli, e do deputado federal Carrel Benevides. Esse último, no auge da euforia, sacou o revólver e deu tiros para o alto. Assim era a Política de Manaus em tempos não muito idos. Comemorações oficiais feitas de armas em punho. Ainda bem que nossa mente e os jornais da época não deixam fatos como esses permanecerem enterrados para o todo e sempre. Olhar para o passado e não deixar que se repita é um modo de transformar o presente e o futuro.
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