Todos os dias da minha vida, tinha certeza que receberia um telefonema desses. Mas, saber da notícia de que meu pai jazia em uma pedra fria do hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira, foi uma dor inenarrável. Recebi a notícia agora há pouco. Meu irmão, Gilberto Monteiro, inconsolável e revoltado, depois de muitas tentativas, conseguiu falar comigo. Revoltado e inconsolável porque papai teve uma crise, mas estava bem. No entanto, o soro terminou e demoraram 20 minutos para repô-lo. Nesse ínterim, ele morreu. Como uma flor. Como um beija-flor. Como Vovô Alfredo Guedes, que morrera em meus braços. Nunca esqueço: Vovô tomou uma respiração mais forte e se foi. Eu ao lado dele. Agora foi papai. Velho turrão, grosso, mal-educado para os padrões atuais, mas, que me deu todos os ensinamentos do libertário que sou. Pedro Paulo Guedes Monteiro sempre lutou contra as regras estabelecidas. Contra o que a sociedade impunha. Um dos poucos, na minha família tradicional, a reconhecer o que Lula fez pelo País. Vai, meu pai, descansa em paz, tenho certeza que votaria em Dilma. Pena que neste dia histórico, teu destino tenha sido o hospital, a morte e o cemitério. Descanse em paz. Xero no teu coração. Mesmo que este ato jamais possa ser concretizado.
Aqui você encontra notícias, comentários, artigos, análises e olhares do professor Gilson Monteiro sobre assuntos e fatos do dia-a-dia com humor, amor e poesia.
domingo, 31 de outubro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
Corpo mole
A divisão na disputa para o governo do Estado entre Alfredo Nascimento (PR) e Eduardo Braga (PMDB) deixou rusgas que o tempo, muito curto, ainda não apagou. O governador eleito, Omar Aziz (PMN), uma espécie de Dilma do Braga, também não engoliu o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda que na reta final da disputa, tenha gravado um vídeo pedindo votos para Nascimento. O que se vê nas ruas de Manaus hoje é apenas a militância do PT. Nitidamente, tanto Omar Aziz quando Alfredo Nascimento não dedicam o mesmo empenho de então na caça aos votos pró-Dilma. Posso até estar enganado, mas, Dilma não terá desempenho nem próximo do que teve no primeiro turno. Talvez seja uma espécie de recado de Braga e Omar: não se metam com a gente. Aqui, podemos nós.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Drogas legais
Da mesma forma que o aborto entrou na pauta do dia das eleições, talvez fosse interessante a sociedade não deixar de discutir a questão das drogas: tanto as legais quanto as ilegais. Negar que existem e são consumidas (ambas), principalmente nas universidades brasileiras, é manter uma hipocrisia que há muito deveria ser eliminada da sociedade brasileira. O narcotráfico se apodera exatamente desse conceito hipócrita de drogas legais e ilegais para ocupar o lugar do estado e se apresentar como opção de apoio em política, que deveria ser pública, não implementada pelos governantes. E nesse vácuo discutem-se conceitos e definições dos tipos de drogas, sem, no entanto, tocar no cerne da questão: o tratamento e a recuperação dos usuários. Tratar o consumo de drogas como crime ou não torna a recuperação cada vez mais difícil. Pensemos nisso!
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Os outros são os outros
A cantilena de que a fusão de empresas melhora a vida do cliente é uma grande balela. Os serviços bancários no Brasil são péssimos e ficam piores quando duas grandes empresas como o Unibanco e o Itaú se fundem. O problema é que, quando isso acontece, os clientes também passam por algo bem parecido: os serviços pioram, o atendimento perde qualidade e as filas aumentam. Pior para quem tinha excelente atendimento em uma empresa e passa a ser tratado como qualquer pela outra. Os clientes do antigo Unibanco, dizem, fundido com o Itaú (eu diria, fundido pelo Itaú), sofrem com a queda geral da qualidade dos serviços. Lamentável que isso ocorra e os clientes ainda sejam enganados com o discurso de que se trata de uma fusão. O que houve realmente foi uma compra do Unibanco pelo Itaú e os clientes que se lixem. No geral, a qualidade do atendimento aos clientes é péssima em todos os bancos. Alguns deles, como o próprio Itaú, criam agências e tratamento personalizado para clientes com mais dinheiro. Os outros? Bem, como prega Paula Toller, “depois de você, os outros são os outros e só”.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
É proibido!
Quanta saudade que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha juventude querida, quando a Tropicália resistia e era proibido proibir. Hoje, ao que parece, o que mais apetece “é proibido liberar”. Beijar não se pode mais! Namorar muito menos. Aos olhos dos “como fenos”: namoro e Lap Top teem parte até com o Demo. Celular, nem pensar. Nas escolas, muito menos. Tira a concentração, atrapalha os estudos. O certo, agora, é todo mundo ficar mudo. Ao volante, aí sim, pode? Não! Se dirigir, não fale; não beba! Braço pra fora, nunca. Quer na Ferrari ou no Fusca. Chego aos bancos, agora posso. Abrir a boca e papear. Enquanto a fila não anda, puxo o meu celular. O vigilante se aproxima, sorriso educado, reclama: “desligue o aparelho, seu moço. Aqui, também, é proibido.” No Posto de gasolina, logo ali na esquina, terei minha liberdade. Tiro o aparelho do bolso, aproxima-se outro moço: “aqui não! É proibido!”. Tento usar o aparelho, qualquer lugar que seja. Meu abrigo é um templo. Ali dentro da Igreja. Agora com a benção de Deus, afago a tecnologia. Enfim, ó pai, vou usar, Celular, nosso guia. “Não, meu filho!”, uma voz grave e cortante se espalha e alerta: “Celular aqui não, isso é uma casa de oração”. Se aqui embaixo não posso, subo, pego um avião. Acima das nuvens, aposto, não haverá proibição. A aeronave desliza, suave, como uma bala; penso “duvido se alguém proibirá minha fala”. Linda mulher se aproxima, com uma voz de veludo. Toca em meu ombro e murmura: “deixe o aparelho mudo”. Desligo o celular, fecho os olhos; não tenho mais forças pra lutar. De que me serve um aparelho, no qual não posso falar?”
terça-feira, 26 de outubro de 2010
O eu e o outro
A anomalia da falta de participação política que afeta professores, técnicos e estudantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) talvez seja reflexo de um mal que assola a sociedade brasileira neste momento em que se deve decidir (ou não) pela consolidação da democracia. Com a chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder, o sonho de uma sociedade mais justa e igualitária esvaiu-se pelo ralo. Domingo, o brasileiro decidirá apenas quem toca melhor o projeto neoliberal que vinga no País. E, nos últimos oito anos, é inegável, o PT foi muito competente tanto em gerenciar os ganhos sociais quanto a corrupção. A hegemonia do projeto neoliberal, no entanto, nos transformou, a todos, em individualistas contumazes. E, quando não conseguimos nos ver no outro nem em nós mesmos esquecemos valores e atitudes coletivas e passamos a venerar o eu. Talvez essa seja a explicação para a falta de mobilização e participação política. A dita sociedade organizada se nos apresenta morta. Ainda recuperaremos a capacidade de sonhar?
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
A Lula o que é de Lula
Sejamos todos (todas) honestos: o Brasil mudou, e muito, na era Lula. Não dá nem para comparar, até porque não existem termos de comparação, com a era FHC. É preciso se fazer justiça, e, neste ponto, tenho grandes discordâncias em relação ao presidente Lula: não reconhecer o trabalho feito por FHC. Por outro lado, o PSDB não sabe como convencer a sociedade da importância do Governo FHC. Pensemos, juntos, em um casa totalmente endividada, desarrumada. Isso era o Brasil. Em economia, só existe uma forma de se pagar dívidas: o sacrifício de cortar na carne, não aumentar as despesas, muito menos com salários de quaisquer espécies. Isso era o Brasil. Não se pode contratar empregados nem expandir nada, é preciso até demiti-los e cortar, se possível, salários dos que ficam. Isso era o Brasil. Em suma, FHC pegou um Brasil das vacas-magras. Estabilizou a economia e criou as bases essenciais para a prosperidade do Governo Lula. Mérito de Lula: não ter mexido uma vírgula na política econômica e nas bases criadas por FHC. Seria ótimo que Lula também admitisse o mérito do governo FHC. A democracia sairia reforçada. Por isso dou a Lula o que é de Lula e a FCH o que é de FCH. É mais honesto!
domingo, 24 de outubro de 2010
Manaus, 341 anos
O dia começou com chuva. Talvez os pingos de água sejam sinais das bênçãos de Iemanjá. Que Manaus tenha a proteção de todos os santos e de todas as crenças no dia em que completa 341 anos do “sonho feliz de cidade”. Que não se iluda em ser uma Liverpool dos olhos azuis (nem da Zona Azul), mas, que seja uma cidade a se preocupar com os que nela habitam (nascidos aqui ou não). Que seus dirigentes não se preocupem apenas em dar vazão à circulação de veículos, ainda que para isso vidas sejam sacrificadas diariamente no trânsito. É tempo de a cidade crescer planejadamente e não apenas inchar com o faz até agora. Manaus de sonhos e alegrias; tristezas e fantasias: nosso lugar. Adotivo ou de nascimento, mas, nosso lugar. Aqui vivemos, sonhamos nos decepcionamos com a certeza de que o amanhã é sempre melhor que o ontem, porém, só o hoje nos importa. Por ele, o hoje, o presente, é que devemos estar atentos a fim de construirmos um futuro melhor. Parabéns Manaus!
sábado, 23 de outubro de 2010
Chuvas e temporais
Não precisou nem uma chuva muito forte para ontem à noite, pouco após o CIGS, à esquerda, na estrada de São Jorge, metade da pista ficar totalmente alagada. Ao que tudo indica, a “temporada” de chuvas começou. São raios e trovões em proporções pouco vistas em outros lugares do País. A Manaus da Copa de 2014 não tem estrutura para lidar com “pingos” de chuva. E o problema agrava-se a cada ano com períodos de seca intensa seguidos de chuvas torrenciais. Sem contar que pouco se leva em conta a “natureza” nas chamadas obras de infra-estrutura da cidade. Há uma certeza: o ambiente reage às agressões. E essa reação é mais forte a cada ano. Temporais de arrancar cobertura e derrubar casas certamente virão. Só quero ver quando a reação for às agressões sofridas pelo Prosamim.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Porto de Lenha com Zona Azul
O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB) voltou ao poder e quer trazer de volta alguns fantasmas: um deles é a mal-sucedida Zona Azul. Como se já não bastasse a Zona Franca, zona na qual não se paga nada, o Estado doa terrenos e ainda se tem incentivos fiscais, Mendes quer trazer de volta uma experiência que não deu certo: a de taxar os espaços públicos, nas principais vias da cidade, para evitar que as pessoas parem seus automóveis. Na prática, não passa de mais uma forma de a Prefeitura enfiar a mão em uma fatia do bolo dos guardadores de carros, os chamados flanelinhas. O tal “choque de ordem” tão propagado, na prática, transformou a vida das pessoas, principalmente as proprietárias de veículos, em um caos. Manaus é uma Metrópole que não deu certo, pois nunca teve vocação para isso. Com a promessa da Copa de 2014, Mendes, Braga a todos da turma dos 33 anos prometem, em um passe de mágica, e de muita grana, mudar esse quadro. É esperar para não ver!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Templo do atraso
A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) vive um dos momentos mais ímpares de qualquer organização, quer pública, quer particular: o das mudanças. A reitora, Márcia Perales, proclamou o ano de 2010 como “ano da estatuinte”. A Adua-seção sindical tem novo presidente, novos conselheiros dos conselhos superiores foram eleitos e novos diretores das unidades do interior também foram eleitos. No entanto, é preciso estar atento para o viés centralizador e autoritário que se espalha, como um vírus, em cada uma das menores decisões, dos Departamentos à Administração superior. É como se o movimento Tradição, Família e Propriedade (TFP) se apresentasse em cada um dos rostos que nos olham. A TFP materializa-se na perseguição de colegas de departamento, em decisões que levam em conta interesses individuais ou de “panelinhas” e deságuam na sanha por exterminar quaisquer instâncias de decisão coletiva. É preciso estar alerta e combater esse tradicionalismo quase fundamentalista que tenta dominar o espaço da liberdade, do pensamento e da experimentação. Uma universidade que se amarra, inclusive no método, em valores tradicionais não passa de um templo do atraso.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
O que a propaganda não diz
A forma com as mensagens são veiculadas e o que dizem no que não está dito é impressionante. Impressiona, mais ainda, a capacidade de interpretação de uma criança. Minha filha, de apenas 10 anos, ao passar por um carro que portava o adesivo “Serra é do bem. Vote 45!”, disse: “Papai, quer dizer que a Dilma é do mal? Porque quando dizem que o Serra é do bem querem dizer que a Dilma é do mal, é isso?”. Uma menina de 10 anos matou a charada de como a propaganda manipula, direta ou indiretamente, as pessoas. Mais ainda quando se trata de propaganda eleitoral. Oras, é evidente que uma mensagem não se caracteriza apenas pelo que diz, mas, pelo que deixa de dizer, porém, incita a que se imagine. Minha filha entendeu qual, verdadeiramente, é o espírito da propagada de José Serra (PSDB): se apresentar como “do bem”, por oposição à Dilma, que seria “do mal”. Resta saber se os eleitores aceitarão a mensagem. Só o resultado das urnas revelará.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Militância ativa
Bastou um “apertozinho” nas pesquisas para as tropas de choque do PT e do PC do B, principalmente, mostrarem a cara: tiraram a região glútea das cadeiras, certamente com medo de perder a boquinha, e foram à luta. E foi disso que sempre falei desde o início: se a tchurma usar a máquina não tem para ninguém. Não há no País militância melhor que a do PT e do PC do B, isso ninguém pode negar. O problema é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou tanta besteira nos últimos dias que, ao invés de ajudar a candidata do PT, Dilma Rousseff, passou a prejudicá-la. Isso gerou novo problema, agora para o candidato José Serra (PSDB): é que a queda de Dilma e a aproximação dele jogaram lenha na fogueira de quem não queria sair da cadeira porque já comemorava a vitória. Agora não! O que se vê é uma militância ativa todos os minutos do dia. Será difícil agüentar o rolo compressor. Teremos a resposta no dia 31.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Corra dos juros!
Com o perdão do trocadilho, mas, seja inteligente: corra de todo o tipo de juro. Tanto faz ser juro bancário quando o “juro que te amo”. Bem, quanto ao “juro que te amo”, fica para cada um avaliar se o seu uso é abusivo ou não. Serviu, aqui, apenas para descontrair o início desta postagem. Dos juros bancários posso falar de cátedra: vivo no vermelho e nem sou garantido. Garantido nessa história é o lucro dos bancos e, mais ainda, das administradoras de cartões de crédito, que cobram juros mais abusivos que os dos bancos. Pior que os dois juntos são os supermercados e atacadistas que, agora, resolveram, também, atuar como bancos. Nessas empresas os juros são extorsivos. Nesses estabelecimentos, aqui não se pode esquecer das lojas de eletrodomésticos e afins, os juros são cobrados embutidos nas prestações das vendas a prazo. Nelas o consumidor jamais obtém descontos nos pagamentos feitos à vista. Em algumas delas a prática ainda é mais abusiva: cobram para as compras à vista o mesmo valor das compras à prazo, ou seja, o consumidor paga juros antecipadamente. Com a palavra o Procon de cada cidade. Tenha cuidado!
domingo, 17 de outubro de 2010
Balsas encalhadas
Nos supermercados da cidade o leite integral em caixa sumiu das gôndolas. Em alguns deles é possível encontrar apenas leite desnatado a preços estratosféricos. Se é verdade ou não; não pude confirmar, mas a desculpa dada por um dos atendentes, ontem, num dos supermercados da cidade, foi de fazer rir. Ele disse que o leite vinha de Roraima e que as balsas estavam encalhadas. Eu disse a ele, educadamente, que leite Italac e o Tradição eram de Rondônia e que deveria haver algum engano. Ele manteve a versão das balsas encalhadas. Hoje, na feira da Manaus Moderna, a falta de batatas ou o preço nas alturas também foi atribuído às balsas encalhadas. Tenho a impressão, com o perdão do trocadilho, que os supermercados e distribuidoras aproveitam a seca para “desencalhar” os lotes de leite desnatado e, de quebra, ainda ganham milhões pois, compraram a preços módicos, mantiveram em estoques e agora ganham fortunas com a escassez. Talvez as balsas paguem o pato pelo encalhe de boa parte dos alimentos. Mas, em alguns casos, tem gente se aproveitando da seca para regar suas contas.
sábado, 16 de outubro de 2010
Lula e a campanha
Jamais pude imaginar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com índice de popularidade acima de 80%, fosse prejudicar a campanha de Dilma Rousseff(PT). Ao término do primeiro turno, se alguém me perguntasse quais as chances de José Serra (PSDB) virar o jogo, eu não tinha nenhuma dúvida em afirmar que era próxima do zero. O que parecia impossível, a derrota de Dilma, começa a entrar nos campo das possibilidades. E, não duvidem, grande parte da responsabilidade é do presidente Lula. Ele interferiu no discurso, mudou o tom da campanha e o que se vê é uma Dilma atirando para todos os lados, sendo obrigada até a assinar carta-garantia contra o aborto como se estivesse nas cordas. Por outro lado, o que Lula dizia e era aceito cegamente parece não ter mais tanto eco. E, convenhamos, ele aparece com algumas coisas que só tiram votos de Dilma. Esse de dizer que a derrota dos senadores que votaram contra a CPMF é um “castigo divino” foi o fim. Aqui no Amazonas, por exemplo, converso com muitas pessoas e grande parte delas que votaram em Dilma no primeiro turno hoje votam Serra por Arthur Neto. Será que nos outros estados onde Lula aniquilou os oposicionistas não ocorre o mesmo?
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
União civil de homossexuais
José Serra (PSDB), Bento Carneiro, anunciou; Dilma (PT) Chuck, confirmou: são favoráveis à União Civil de Homossexuais. Fico a imaginar uma festa de São João na qual todos dançam Quadrilha. Serra e a Dilma gritando a dança: tudo que um diz o outro repete. Citei a Quadrilha porque em alguns temas, Serra e Dilma parecem participar de uma “brincadeira de criança” ou mesmo de adultos. O assunto é muito mais sério e não envolve apenas questões semânticas. Serra disse que “é a favor para efeito de Direito”. De acordo com Serra, o casamento tem um componente religioso das igrejas e, neste caso, cada uma define a sua posição. Depois da fala de Serra, imediatamente, na internet, eleitores e simpatizantes de Dilma passaram a dizer que ela também é favorável à união civil de homossexuais. Há quem diga, porém, que nos próximos dias Dilma soltará uma carta se comprometendo a vetar o direito ao aborto, o casamento de pessoas do mesmo sexo e a mudança no registro civil para transexuais. É ou não uma brincadeira! Respeitar o outro independentemente das opções sexuais não é apenas uma questão de Direito, mas humanitária. E que as pessoas sejam livres e felizes da maneira que optarem quer Dilma e Serra queiram, ou não.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Mestrinho revisitado
O governador Omar Aziz (PMN), acompanhado da primeira-dama, Nejme Aziz, passaram o Dia das Crianças, segundo os jornais da cidade, distribuindo brinquedos. Lembrei-me da dupla Gilberto Mestrinho e Maria Emília. De alguma forma, na redemocratização do País, Mestrinho voltou ao poder com uma “forcinha” do PC do B. Omar, não se pode negar, sempre esteve à frente da militância do partido. A prática política de Mestrinho talvez o tenha influenciado. Particularmente considero primitivo e provinciano esse modus operandi. No entanto, o resultado das urnas revela que, se não serve para elevar o grau de conscientização de um povo, rende votos aos borbotões.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Educação no trânsito
Sou daqueles que, por convicção, acreditam que a educação é um processo lento, gradual e que gera frutos para a vida inteira. Fui duramente criticado quando, em uma das vezes, elogiei, aqui neste espaço, a mudança de hábito de alguns motoristas no Amazonas. À época, registrei que, na nova Maceió, motoristas paravam voluntariamente para que os pedestres atravessassem a rua. Uma das críticas que recebi era de que eu tinha uma visão romântica, que os motoristas de Manaus eram mal-educados e que podiam até parar, mas ficam muito irritados com os motoristas da frente que demonstravam educação. Por ser um dos poucos que praticavam esse ato de educação no trânsito mas o incentivava sempre que algum pedestre necessitava atravessar as ruas, defendi os colegas motoristas que faziam o mesmo. Quem me criticou deve ser daqueles não suportam a prática. Hoje, pela manhã, em frente à Secretaria de Estado da Fazenda, motoristas demonstraram que a prática se espalha pela cidade numa mudança de hábito das mais salutares: pararam para permitir a travessia das pessoas em ambos os lados da Avenida André Araújo. Fico o registro e os parabéns. Haverá um tempo em que não será tão novidade a prática e não precisarei mais registrá-la.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Dia das crianças
Hoje não é dia de orar, festeja ou simplesmente comemorar. É dia de reflexão, quase de indignação, em nome de cada criança que sofreu algum tipo de violência. Não se pode admitir que a violência contra a Criança e o Adolescente seja vista como algo comum, normal e natural nos lares brasileiros. As estatísticas revelam que a maioria dos crimes contra Crianças e Adolescentes é cometida por pais, padrastos, irmãos ou pessoas próximas. Pense nisso! Reflita sobre o quão importante é o período da infância e da juventude na vida de cada ser. Não trate (nem veja) a PEDOFILIA como algo aceitável. Não comemore, não dê presentes, não encare o dia como apenas mais uma festa. Aproveitemos, todos, não apenas para orar e agradecer a Nossa Senhora Aparecida. Nem para transformar o dia de hoje em mera festa. Que o dia seja, também, de reflexão sobre os sofrimentos diários das Crianças e dos Adolescentes. Só assim esse dia terá mais importância em nossas vidas.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Vá entender!
A política tem mesmo “lances” curiosos, muito mais que nos campos de futebol. Pois não é que o aborto deu o tom do primeiro debate presidencial, com ataques de ambas as partes. Tanto Serra (PSDB) quanto Dilma (PT) agora fingem que são contra o aborto para tentar angariar votos dos evangélicos e dos católicos. É de uma hipocrisia sem tamanho negar as convicções a respeito do assunto. No entanto, não se deve condená-los. Trata-se de um jogo de marketing e ganha quem convencer mais gente. O que me causa curiosidade e me deixa boquiaberto é um tema como o aborto pautar as eleições presidenciais e a PEDOFILIA não poder nem entrar na pauta de discussão local, porque, segundo a interpretação de um juiz, usar a palavra seria associá-la ao governador Omar Aziz (PMN). Todos os dois assuntos envolvem violência contra crianças e adolescentes em maior ou menor grau. O que causa estranheza é a sociedade não querer nem discutir abertamente o aborto e, ao mesmo tempo, também, nem ligar para a PEDOFILIA. Quer dizer que, na visão geral, o aborto é crime, não pode nem ser discutido, mas, entregar uma filha de 9 a 10 anos a algum marmanjo em troca de favores ou grana não deve nem ser discutido? Vá entender!
domingo, 10 de outubro de 2010
Disputa acirrada
Domingo passado, logo após as eleições, ainda no ar, no Programa Encontro com o Povo especial, ao lado de Humberto Amorim e Carlos Santiago, no AmazonSat, afirmei: “o segundo turno será uma disputa acirradíssima”. A primeira pesquisa divulgada ontem pelo Instituto DataFolha, a bem da verdade o único que previu o segundo turno, aponta Dilma com 48% das intenções de votos e José Serra com 41%. A empáfia do presidente Lula e da própria candidata indicavam que essa seria a direção da disputa. Os primeiros dias da campanha eleitoral gratuita confirmam que realmente se trata de outra eleição. O clima do PSDB, em seu programa, é outro: menos sisudo, mais brincalhão, tocando nas feridas do mensalão e José Dirceu. Por outro lado, o PT parece estar nas cordas. Em Manaus, há um número imenso de eleitores que votaram em Dilma no primeiro turno e já migraram para Serra. Talvez seja uma tendência. O que tornará a disputa ainda mais acirrada.
sábado, 9 de outubro de 2010
A moda na academia
Causou estranhamento em algumas pessoas o fato de eu, professor Gilson Monteiro, criar o Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguagens, Mídia e Moda (MIMO) no Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura (PPGSCA) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). É simples! Meu texto “A metalinguagem das roupas” está na eletrônica Estética, da Universidade de São Paulo (USP), no segundo número de 2009, publicado em janeiro de 2010. O texto, produzido em 1996, portanto, tem 14 anos, foi republicado pela USP, uma das maiores universidades da América Latina, em 2009, 13 anos depois, se mantém tão atual quanto na época em que foi produzido. Sou citado como pensador de moda, em função do texto, ao lado de ninguém menos que Roland Barthes, Umberto Eco, Jean Boudrillard, Michel Mafesoli, Nestor Garcia Canclini e Gilles Lipovetisky, entre outros. Aparecer em obras acadêmicas ao lado de pensadores como esses, deve ser motivo de orgulho não apenas para mim, mas, para a Ufam inteira. Com um artigo de final de disciplina no meu mestrado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), produzido há 14 anos, tornei-me pioneiro em apresentar a moda como linguagem, e transformei-me em referência nacional e internacional na área. Pensei: por que não usar todo esse patrimônio acadêmico em pesquisas que gerem artigos e tragam a moda para o patamar de respeito acadêmico que merece? Sem nenhum tipo de pedantismo, as referências que fiz aqui são apenas para explicar o motivo de eu ter criado um grupo de pesquisa para estudar moda.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Presidência da ALE
O deputado estadual eleito pelo PSB, Marcelo Ramos, já disse a que veio. Lançou o nome do deputado estadual Luiz Castro (PPS) como candidato das oposições à Presidência da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE). Nada melhor para o povo do Amazonas do que ter logo uma ideia de como se comportará a nova safra de deputados. É o momento em que todos devem marcar posição e demonstrar se vão seguir cegamente as regras estabelecidas pelo governador ou se vão representar dignamente o povo que os elegeu. O deputado Luiz Castro é um dos nomes mais honrados da ALE do Amazonas, com posições claras e postura ética sempre que trata de qualquer assunto e mereceria ser eleito. O problema é que, nos bastidores, corre a notícia de que o nome preferido do governador Omar Aziz e Marcos Frota. E se a máquina foi usada sem dó nem piedade para vencer as eleições deste ano, não seria usada para vencer na ALE? Estrear com uma derrota para a presidência da ALE certamente não está nos planos de Omar Aziz.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Pedofilia consentida
Ao que tudo indica, não é apenas no Amazonas que todos sabem que a PEDOFILIA existe mas cada um finge que não é com ele. Ontem, um dos portais da cidade denunciou que as Rodovias Federais brasileiras possuem aproximadamente 2 mil pontos de prostituição infantil. Leitores e leitoras, não é possível que ninguém tenha um pingo sequer de indignação com um quadro desses! Como é pode um País desses se arvorar em promover uma Copa do Mundo e chamá-la de Copa Verde? Deveria ser chamada de Copa da Pedofilia, ou Copa da Vergonha. Aliás, para ser mais preciso, Copa dos Sem-vergonha! Prostituição infantil é PEDOFILIA consentida. A bem da verdade, não apenas consentida, mas, incentivada. A cara de alguém precisa mudar de cor. O óleo de peroba tem de deixar de ser acessório de moda para muitos. A vergonha e a indignação precisam tomar o lugar do cinismo e da cretinice. A Pedofilia é uma chaga não apenas local, mas nacional, que precisa ser combatida diariamente e não incentivada. A prostituição infantil é um tipo de PEDOFILIA das mais torpes porque é às avessas: incentivada pelos pais, na maioria das vezes, ancorados no discurso da miséria. Tenho certeza que um dia a sociedade irá se rebelar e deixar de encarar a PEDOFILIA com tamanha naturalidade como o faz agora. Hoje prego cada vez mais no deserto. Confio, porém, que as águas dos rios Negro e Amazonas fertilizarão corações antes insensíveis a se rebelarem definitivamente contra essa mal que assola o País e o Estado.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Mundo dos sonhos
De repente, Manaus se transformou em um “mundo dos sonhos” para os assaltantes. Primeiro foi o episódio lamentável, humanamente repugnante, da humilhação sofrida por Ismael Benigno Neto e seus amigos em sua própria casa. Depois, os assaltantes humilharam, ontem, clientes do Banco Itaú, agência Djalma Batista, antiga agência do Unibanco. Como prêmio da megassena e a greve dos bancários, as casas lotéricas estão entupidas de gente e dinheiro. Logo, são alvos fáceis para novos assaltos. Resta à população ter muito cuidado ao se dirigir a esses estabelecimentos no dia de hoje. Terminadas das eleições, fica a certeza que o “mundo de sonhos” pintado para o Estado era tudo balela. E fica uma pergunta: será que a Secretaria de Segurança Pública não é capaz de prever que todos estamos em perigo com o cenário da greve e do Prêmio Acumulado da MegaSsena?
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Os voos de Braga
Hoje, após as eleições, e com mais clareza sobre os fatos dos últimos anos, fica evidente uma coisa: os voos que o senador eleito pelo Amazonas, Eduardo Braga, preparou para ele são bem mais altos do que a mente de alguns poderia imaginar. Há quem diga que Braga voltará para ser o prefeito da Copa de 2014. Isso só pode ser coisa de quem subestima a capacidade de ambição e de sonho de Braga. Ontem, matutando cá com meus botões, vislumbrei uma coisa: Braga não quer coisa nenhuma a Prefeitura de Manaus em 2014. Pelo acordo costurado, deve ficar mesmo Amazonino Mendes, candidato à reeleição, com o apoio do governador Omar Aziz. Esse deve ter sido o motivo de Mendes (PTB) não ter concorrido à eleição que daria a mais fácil vitória a ele: a deste ano. Braga vem sim é para o Governo do Estado ao final do mandato de Omar Aziz. Agora, sabem o que vai entrar nas negociações para apoiar Dilma Rousseff? O Ministério das Cidades. E ele vai conseguir, podem ter certeza. Por que Eduardo Braga iria querer gerenciar verbas da Copa de 2014 de Manaus, se pode gerenciar as verbas da Copa de 2014 de todas as cidades do Brasil inteiro? De sobra, a vaga do Senado fica para a sua mulher, Sandra Braga. Só aí vão pelo menos mais 12 anos no poder: 4 de Omar e mais 8 de Braga. Quem estiver sonhando em ocupar um desses dois lugares pode tirar o cavalinho de chuva. E mais, quando decidirem aposentar Amazonino Mendes, Omar vem para a prefeitura com o apoio do governador Eduardo Braga. É a conclusão à qual cheguei. Posso estar errado. Mas, também sou apostador.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Lições das derrotas
Ainda que tenha defeitos, e um deles é que nem sempre os vencedores são as melhores escolhas, vide o exemplo que citei ontem aqui, na disputa de maiores conseqüências para a humanidade, pois entre Barrabás e Jesus Cristo, o povo de Israel preferiu o primeiro, sou mais a democracia. O regime ditatorial não dá a opção de se avaliar, voltar atrás quando as escolhas são equivocadas. A democracia permite que se avalie, permite tirar lições das derrotas, erguer a cabeça, dar a volta por cima e lutar por seus sonhos. Um exemplo disso é o governador Omar Aziz (PMN): há 2 anos saiu de uma disputa pela Prefeitura de Manaus, completamente fragilizado, com meros 17% dos votos e hoje é o governador do Estado, reeleito, com mais de 60% dos votos. Superou as adversidades, costurou alianças e, como ninguém, soube usar o fato de ter a máquina na mão, algo que não aconteceu com Serafim Correia, por exemplo. Só após longos anos (e até hoje) a humanidade arrependeu-se do erro histórico cometido. Que as vitórias e as derrotas mudem os políticos. Só assim se reforça a democracia.
domingo, 3 de outubro de 2010
Eleições pacíficas
Apesar de, durante a campanha, principalmente nos últimos dias, os ânimos terem acirrados, o que se viu hoje, pelo menos durante a manhã, foram eleições pacíficas. Qualquer que seja o resultado, espera-se respeito e cumprimento dos preceitos básicos da democracia. Tenho lá minhas dúvidas e faço sempre questão de deixar muito claro que as escolhas democráticas, às vezes, nem sempre são as mais corretas. Entre Barrabás e Jesus Cristo, o povo de Israel preferiu o primeiro. Ainda assim, em nome dos preceitos da democracia, o resultado teve de ser respeitado. Naquelas eleições, como em quase todas, há sempre componentes imponderáveis e manipulações grosseiras durante o processo. Ainda que tenha restrições, dentre os processos de escolha, o democrático tem a minha simpatia. É fato que nas eleições de hoje a sujeira na cidade beirou o absurdo. Creditemos, porém, à ressaca da democracia e que essa saia fortalecida.
sábado, 2 de outubro de 2010
Exijo respeito!
Cansei! Sou um profissional cuja capacidade de trabalho é reconhecida não apenas no Amazonas. Vivo em um País democrático e jamais irei me curvar ao clima de medo e terror que tentaram me impor desde a semana passada e que culminou com a prisão de um estudante dentro do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), no dia 24 de setembro de 2010. Nesta mesma data, eu e a professora Amazoneida Sá ficamos sitiados na sede da Adua-Secção Sindical acossados pelo receio de sermos presos pela Polícia Federal. Quatro agentes desta corporação, segundo Ives Montefusco, o convidaram ir à sede do Tribunal Regional Eleitora (TRE) presta esclarecimentos sobre os folhetos que ele tinha em mãos. Eram folhetos que convidavam para a marcha “Todos contra pedofilia”, que seria realizada no dia seguinte, sábado. Lidero o movimento dentro da Ufam, e daí? Tenho razões de sobra para fazê-lo pois trabalho jornalisticamente com o tema desde 2006 e, para completar, fui covardemente agredido em 11 de maio de 2009, quando a Ufam foi invadida por dois irmãos do governador Omar Aziz e, um deles, Amin Aziz, agrediu-me com socos e pontapés além de ter descarregado um revólver imaginário sobre mim numa ameaça clara de morte. Cito o lema da campanha “Todos contra a pedofilia”, “quem cala também violenta” para relembrar que não se tem notícia, até hoje, de que a Ufam institucionalmente, tenha tomado qualquer medida relativa ao caso. No mínimo, o senhor Amin Aziz teria de ser denunciado não apenas por mim, mas pela Ufam, por ter invadido o local de trabalho de um profissional e o agredido. Do dia 11 de maio de 2009 ao dia 24 de setembro de 2010 a situação agravou-se! A Ufam foi invadida por Policiais Federais e um estudante foi retirado do Campus: a inviolabilidade do Campus e a Liberdade de Cátedra, mais uma vez, foram jogadas na lata do lixo. Tudo porque alguém se acha no direito de monopolizar a palavra “pedofilia” e um juiz entende que citar tal palavra é associá-la ao governador. Tenham a santa paciência! Estou com perda de 50% da audição como resultado da agressão. Vivo um clima de pânico e terror cada vez que uma motocicleta emparelha com meu carro. Todas as vezes que isso acontece me vem à mente a cena do senhor Amin Aziz descarregando uma arma sobre mim. Chega! Serei obrigado a pedir proteção e asilo político em plena democracia? Será mesmo que aquela invasão da Ufam e agressão por mim sofrida, praticada por Amin Aziz, irmão do governador, foi um ato isolado ou uma tentativa de calar a Ufam e quaisquer de seus professores? Não vivemos na ditadura e, ainda que o fosse, a Ufam, pela sua história democrática, tem a obrigação de se manifestar contra práticas truculentas, autoritárias e ditatoriais em quaisquer centímetros de terra deste Estado, do País e do mundo. A situação beira o absurdo quando a Instituição tem seu Campus invadido por Policiais, um estudante é preso e seus professores são procurados como se fossem bandidos, ameaçados de prisão por exercerem o direito democrático e sagrado da liberdade de expressão e o que sobra de tudo isso é o silêncio. Não sou covarde e não quero ser conivente com a covardia institucional da Ufam. Ontem, dia 1 de outubro de 2010, em ofício dirigido ao diretor do ICHL, professor doutor Nélson Matos de Noronha, solicito “garantias de que poderei exercer minhas funções sem ser importunado por um agente das Polícias Federal ou Militar.”Solicito, ainda, que a Ufam se manifeste oficialmente sobre o problema, tomando providências legais para garantir tanto o exercício das minhas atividades sem a pressão de ser perseguido por policiais Federais ou Militares, quanto que represente judicialmente contra o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e contra a Polícia Federal pela ação não-autorizada realizada dentro da Instituição. Não aceito ter sido procurado como se fosse um criminoso dentro do meu próprio local de trabalho. Não cometi crime, nem em maio de 2009 nem agora. Se há criminoso nessa história, não sou eu. Em outro ofício, dirigido ao novo presidente da Adua-Secção Sindical, professor Antônio Oliveira, solicito que seja feita uma representação jurídica contra a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) por não me ter garantido (e ainda não garantir) cabalmente o exercício da minha função, bem como questionar judicialmente o fato de, até agora, a Ufam não ter tomado a iniciativa de denunciar e representar criminalmente contra o senhor Amin Abdel Aziz por ter invadido o espaço físico da Instituição e agredido e ameaçado de morte um dos seus trabalhadores. Se alguma medida Institucional, foi tomada, além da denúncia por mim protocolizada no Ministério Público Federal (MPF), que todos saibamos em que pé está a situação. Só não vou mais admitir é o silêncio pois a falta de posição oficial da IES desde maio de 2009, simbolicamente, me faz crer que a Instituição corrobora com o ato de violência contra mim cometido. E se isso for verdade, que haja uma manifestação clara da própria Ufam. Conquistei o direito de ser trabalhador por concurso público provas e títulos e exijo respeito.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A mão (nada) invisível do Estado
No capítulo “A mão invisível do Estado e a concorrência em Manaus” da minha tese “Por um clique: o desafio das empresas jornalísticas tradicionais no mercado da informação – Um estudo sobre o posicionamento das empresas jornalísticas e a prática do jornalismo em redes, em Manaus. 2002. 309p. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação): Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2003”, o então presidente do Sindicato das Empresas de Jornais (Sineja), Guilherme Aluízio de Oliveira Silva, foi enfático: “Eu duvido muito que um jornal que não negocia a sua verdade, sobreviva”. A frase é lapidar e resume quem dita as regras da imprensa em Manaus. Eu já sabia disso há muito tempo, desde quando trabalhei em jornais. Só não tinha uma prova tão cabal como a que apresento na tese defendida na Universidade de São Paulo (USP). Porém, outra coisa eu não sabia: que, em plena democracia, teríamos a volta da repressão desmedida e que o Estado demonstraria a força não apenas da sua “mão invisível”, mas do corpo inteiro. Como um dos líderes da marcha “Todos contra a pedofilia”, enfrentamos manobras, prisão de estudante e uma tentativa clara de nos intimidar (a mim e à professora Arminda Mourão) com o boato de que nossa prisão estaria decretada. Fizemos a caminhada, sábado, dia 25 de setembro de 2010 (para quem não sabe, data do aniversário de Sena Madureira, cidade onde nasci). Em seguida, viajei a serviço do Ministério da Educação (MEC), só retornando a Manaus ontem. Ao navegar pela Internet, descubro que a marcha fora dispersada a pedido do governador. E onde li? No jornal Folha de S. Paulo. Bem, nada mais a comentar ou declarar.
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