A vitória do gaúcho Marcelo Dourado no Big Brother Brasil 10 (BBB10) parece dar razão a Darwin, cuja teoria prega que a evolução é resultado de uma guerra constante na qual os maios fortes liquidam os mais fracos. Dourado é nítido representante da força, da grosseria, do preconceito e da falta de educação. No fundo, talvez represente o animal que existe em cada brasileiro que gosta de olhar pelo buraco da fechadura. É triste, porém, ver um representante da intolerância coletiva terminar um jogo daquele como vencedor e se transformar em ídolo de centenas e centenas de crianças brasileiras, principalmente homens. Entre tantos absurdos, Dourado prestou um grande desserviço ao Governo brasileiro e às políticas públicas ao dizer que “macho não precisa usar camisinha, pois só os homossexuais pegam Aids”. A vitória de Dourado, em todos os sentidos, simboliza um retrocesso coletivo da sociedade brasileira. É o retorno de um machismo primitivo e da intolerância em relação às minorias. Deve servir de alerta a todos nós que lutamos por uma sociedade mais justa e acolhedora: os reacionários batem à porta e temos de combatê-los. Viva Lamarck, abaixo Darwin, enquanto ainda temos tempo.
Aqui você encontra notícias, comentários, artigos, análises e olhares do professor Gilson Monteiro sobre assuntos e fatos do dia-a-dia com humor, amor e poesia.
quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
Um lenço sem lágrimas
A arte de fazer do futebol um poema não é para muitos. Talvez para poucos. Certamente apenas para um por ser único. Esse privilégio, durante 83 anos, foi do acreano de Xapuri, Armando Nogueira. Ele deu vida ao jornalismo, transformou o Jornal Nacional em referência e eternizou-se pelos poemas que fazia como um artífice da língua a criar imagens para demonstrar que a poesia está em qualquer lugar, inclusive, nos campos de futebol. Tive o prazer de trocar algumas palavras com ele sobre a nossa origem acreana e a importância dele para o jornalismo do País. Um doce de pessoa, atencioso, voz mansa, serena, acolhedora. Das imagens mais importantes que criou, uma me veio à mente ao escrever essa homenagem: ”Garrincha é capaz de transformar um lenço em latifúndio”. Pois bem, Armando Nogueira, você se foi ontem, dia 29 de março de 2010, sem nos avisar. Por mais que a morte seja o fim de todos, ainda mais de quem convivia há anos com um câncer, nós não estávamos preparados. Nunca estamos. Eu, por exemplo, não tinha disponível um lenço. E, ainda que o tivesse, não tenho a capacidade de Garrincha, de transformar um lenço em latifúndio, pois só transformando um lenço em latifúndio o Acre, e nós acreanos, poderíamos sorver, com este manto de pano, as lágrimas que merecem ser derramadas pela tua morte. Fostes embora. Ficamos órfãos de quem era capaz de ver poesia em esportistas e suas performances. Armando Nogueira, descanse em paz. Nenhum latifúndio transformado em lenço será capaz de abrigar o teu talento. Nenhum de nós que ficamos, seremos capazes de tanta sensibilidade. Nosso desafio, de hoje em diante, é pegar o lenço eternizado na imagem que criaste, enxugar as lágrimas pela dor da tua partida e seguir em frente, armandeando imagens até atingir qualidade nogueirense de poetar como fazias. As estrelas ganharam mais um parceiro para o desafio de inspirar poetas. Pisca, Armando. E sai a nogueirear pelo espaço celeste sem usar o Universo como teu lenço, pois, agora, não precisas mais chorar.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Experimentos de rua
O Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) parece não possuir nenhum engenheiro de tráfego capaz de prever, com base em estudos preliminares, por exemplo, o que aconteceria na entrada da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) quando o Complexo Viário Gilberto Mestrinho, vulgo Viaduto do Coroado, fosse inaugurado. Tanto não o tem que semana passada, mais precisamente sexta-feira, alguns azulzinhos faziam um estudo, in loco, à base de experimentos. Em dado momento, o trânsito era liberado sem que se pudesse fazer o retorno em frente à Ufam, com destino ao bairro do Japiim. Com isso, quem saísse da Ufam só poderia retornar na Bola do Coroado. Hoje, o trânsito voltou ao fluxo de sempre. Qual terá sido a conclusão dos estudiosos do IMTT? Será que quem sai da Ufam agora só terá o sentido único, à direita? Experiências como essas tem único resultado imediato: irritar mais ainda os condutores de veículos.
domingo, 28 de março de 2010
Manaus nada moderna
Freqüento, há bastante tempo, a feira da Manaus Moderna. A sujeira que impera tanto na feita quando nas proximidades é de assustar. Fiquei calado durante algum tempo esperando que o poder público interviesse. Até agora, porém, o que se vê é uma situação calamitosa: restos de comida, bêbados e mendigos constantemente abordando os clientes, restos de alimentos apodrecidos, o que gera um fedor de arrepiar. O cartão postal de Manaus que se projeta a partir da feira é impressionantemente feio e sujo e revela um descompromisso total da Prefeitura Municipal com a higiene e a qualidade de vida. A Manaus da feira não é nada Moderna e a Prefeitura deveria se preocupar com isso. Para o bem da cidade e da saúde coletiva.
sábado, 27 de março de 2010
Reflexões
Às vezes dá uma vontade danada de pensar na vida, no mundo, nas pessoas, em mim. Eu não soltaria fogos, não vibraria, não tentaria linchar, nem tenho o menor desejo de esfolar o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá em praça pública. O que me intriga nessa história toda é: “como esse pai consegue conviver com a imagem da menina morta, nos braços dele, e ele jogando-o pela janela?” E essa madrasta? Como se pode deixar um sentimento de ciúme chegar a ponto de incentivar um pai a matar a própria filha? Como um pai aceita matar a filha incentivado por outra pessoa? E se os dois forem inocentes? O que terá acontecido naquele dia fatídico? Antes de julgarmos e tentarmos ver os réus mortos (ou mortos-vivos) em praça pública deveríamos, em cada episódio de violência desses, refletir sobre a nossa condição de humanos e o processo de “formatação” (prefiro este termo à formação) ao qual somos submetidos durante a vida. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não souberam lidar com os monstros interiores que todos temos. Violência, vingança e sangue parecem ser componentes triviais da condição humana. Talvez fosse interessante, ao invés de querer o fígado de Nardoni e Jatobá, tentarmos compreender o fenômeno da violência urbana e, especificamente, contra crianças e adolescentes. Aí sim, a morte de Isabella Nardoni, significaria algo importante para o País. Caso contrário, é mais um capítulo da espetacularização que a mídia transforma em fato. Há mesmo interesse da sociedade em erradicar a violência ou apenas um desejo coletivo de vingança? E vingar-se não seria tão ou mais violente que a própria violência? Reflitamos!
sexta-feira, 26 de março de 2010
Interdição estranha
A interdição do Uai Shopping, antigo Shopping São José, efetivada pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) é estranha demais. Quer dizer, então, que além das lojas, o Pronto Atendimento ao Cidadão (PAC) funcionou de forma irregular todos esses anos? Não caberia uma ação coletiva contra a Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) por parte dos cidadãos que correram risco enquanto o Shopping funcionava irregularmente? Nada contra a interdição em si. O implurb deve mesmo cumprir sua função sempre, ainda que tardiamente. Só causa estranhamento que só agora o Implurb tenha descoberto tamanha irregularidade. Uma regra em Manaus, por exemplo, é que os empreendimentos imobiliários sejam ocupados pelos moradores antes de o habite-se ser liberado. Não seria o caso de um Implurb agir com rigor nesses casos?
quinta-feira, 25 de março de 2010
Jornal do Metrô
Essa Companhia Amazonense de Transportes Metropolitanos (Coatrame – será que vai ser esta sigla mesmo? Ou será Coatrama?) já nasce com um planejamento tão minucioso, de fazer inveja a qualquer similar criada no mundo. Pasmem, leitores e leitoras, a Coatrama, além de transportar pessoas (tradicionalmente, no Amazonas, as empresas privadas que nascem no colo do Estado não cumprem a finalidade para a qual foram criadas), editará jornais, revistas e outras publicações. E o Diário Oficial serve para quê? Não é possível que as pessoas não vejam que se trata de um desvio de finalidade? Usualmente, dito Jornal do Metrô, é feito por uma empresa terceirizada. Quando uma empresa que já nasce privatizada é criada até para editar jornais, revistas e outras publicações, nós, os contribuintes, temos de ficar com todas as pulgas atrás da orelha. Boa coisa não vai surgir. E o pior, nem será publicada, pois, certamente, quaisquer que sejam os “editados”, serão mais chapa branca que a brancura do gelo.
quarta-feira, 24 de março de 2010
Rigidez inócua
É inócua essa medida da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de exigir que o passageiro apresente o Documento de Identidade pela segunda vez, ao embarcar na aeronave, uma vez que a checagem fora feita antes, no balcão de despacho das bagagens. Ontem, eu e o professor Albertino Carvalho resolvemos tirar a prova dos nove. Trocamos nossas carteiras de identidade e embarcamos normalmente no vôo da Gol com destino a Foz do Iguaçu e escala em Brasília. A pessoa que recepciona os passageiros olhou para as duas fotos e nos liberou sem problemas. O fato mostra que a única eficácia na medida da Anac foi atrasar o embarque dos passageiros e provocar mais irritação de quem está ansioso para entrar logo na aeronave. Uma lástima que no Brasil a burocracia esteja mais para burrocracia.
terça-feira, 23 de março de 2010
Manaus andando
A sensação que se tem no trânsito de Manaus é que a cidade, finalmente, como pregavam os assessores do ex-prefeito Serafim Correia, anda melhor. E anda melhor porque não se pode correr. Não há motorista nesta cidade que consiga ultrapassar os 20km, 30km por hora nos horários de picos. O Complexo Viário Gilberto Mestrinho, recentemente inaugurado, tornou o trânsito na entrada da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e na Alameda Cosme Ferreira tão complexo, mas tão complexo, que faz juz ao primeiro nome usado. Como “andam” as coisas, construir viadutos, complexos e o que quer seja, não mudará a realidade s só tornará o trânsito ainda pior.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Alegria de jogar
Quem pensou que a vitória do Santos por 10 x 0 contra o Navirainse tinha sido obra do ocaso ou resultado de um adversário fraco parece ter se enganado. O acidente de percurso talvez tenha sido a derrota para o Palmeiras por 4 x 3. O Santos de Neymar e Robinho nem precisou deles para sapecar uma goleada de 9 x 1 no Ituano. E com um futebol de encher os olhos. O que esses meninos da vila possuem que os outros times brasileiros perderam há décadas? Alegria de jogar, de dar espetáculo, de encantar os torcedores de todos os times. Além disso, eles possuem a ousadia dos adolescentes temperada com a inocência das crianças. Grande parte deles mal chegou aos 18 anos. São uns adolescentes brincando de jogar bola. E merecem o momento que vivem e a alegria que nos proporcionam. Esses meninos são um tapa com luva de pelica no que os cronistas esportivos resolveram denominar de “a era Dunga”. Abaixo o futebol feio e carrancudo da era Dunga. E que não venha o título com o Dunga, pois fará um mal incurável ao futebol brasileiro.
domingo, 21 de março de 2010
Faz-de-conta
A oposição no Amazonas é mesmo um faz-de-conta. O governador Eduardo Braga (PMDB) faz o que bem entende, anuncia que Omar Aziz (PMN) é a sua continuidade e ninguém diz nada. Talvez porque o ministro dos transportes, Alfredo Nascimento (PR) não seja oposição coisa nenhuma: como prega o professor Amazonino Mendes, todos eles juntos são frutos da mesma escola por ele (Mendes) criada. Para quem não quer ver Aziz nem pintado de ouro no Governo, como eu, só restaria Serafim Correia (PSB). O problema é que o ex-prefeito de Manaus não põe a cara no mundo e combate, claramente e com ações na justiça, os desmandos eleitorais do governador e do seu vice. Desse jeito, quando Correia acordar a vaca já terá construído sua casa no brejo há tempos. Como as coisas caminham nem Nascimento nem Correia se criam: o povo será massacrado por uma máquina administrativa estrategicamente montada para esse fim. Uma vergonha!
sábado, 20 de março de 2010
Diagnóstico do derrame
Às vezes recebe-se um caminhão de e-mails de pouca utilidade. Desta vez recebi um que me chamou a atenção. Médicos garantem que se os sintomas do derrame forem detectados dentro das primeiras três horas é possível que os efeitos sejam totalmente revertidos. Nesse caso, é importante que o número maior de pessoas possível seja capaz de detectar pelo menos quatro sinais de derrame. De acordo com os médicos, deve-se pedir que a pessoa sorria. Em seguida, pede-se que fale uma frase simples, com coerência, do tipo “hoje o dia foi de calor intenso”. O passo seguinte é pedir à pessoa que levante ambos os braços simultaneamente. Se a pessoa não conseguir fazer uma dessas tarefas chame imediatamente o socorro médico ou leve a pessoa a um pronto-atendimento. Recentemente os médicos descobriram que, também, se pede à pessoa que ponha a língua para fora. Se ela sair torcida para um lado ou para o outro é sinal de derrame. Muitas vidas podem ser salvas se memorizarmos esses procedimentos.
sexta-feira, 19 de março de 2010
Professor Amazonino Mendes
Foi com muita alegria que li, no Jornal Diário do Amazonas de hoje, a afirmação do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), de que o Ministro dos Transportes , Alfredo Nascimento (PR), o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) e o vice-governador, Omar Aziz (PMN) são “frutos” de uma escola política fundada por ele. Com a morte do professor Gilberto Mestrinho, ninguém melhor do que o seu pupilo mais brilhante, Amazonino Mendes, para sucedê-lo nessa escola de política erigida no poder do Amazonas há tempos. Mendes, com isso, restabelece a verdade histórica e condena toda a antiga (dita) oposição que hoje se encastela no Palácio da Compensa. Parabéns prefeito Amazonino Mendes por, enfim, assumir a paternidade de todos os seus filhos políticos. Isso é um ato de coragem e dignidade política.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Esconde, esconde
Essa história de palanque único no Amazonas mais parece um jogo de esconde, esconde. Ou, quem sabe, uma luta de boxe inusitada: um soco aqui, um afago acolá. Assim tem se comportado o governador Eduardo Braga (PMDB) tanto em relação ao prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB) quanto em relação ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR). O mais novo lance desse jogo de esconde é deixar no ar que o vice-governador, Omar Aziz (PMN) permanece no cargo enquanto o Secretário de Governo, José Melo (PMDB) é apontado como um ótimo vice em qualquer chapa. Omar e Melo seria uma chapa? Ou o palanque único viria da chapa Nascimento e Melo? Pelo jeito, a única coisa improvável é Serafim Correia entrar nesse jogo como parte do tal palanque único. No mais, nem eles mesmo resolveram. Estão jogando.
terça-feira, 16 de março de 2010
Os meninos da Vila
Não dá para deixar de comentar o que está a acontecer no futebol brasileiro. Há um ódio quase mortal em relação aos jogadores do Santos por jogarem um futebol alegre, feliz criativo e externarem tudo isso na hora da comemoração. Quer dizer que dançar é proibido na hora de comemorar? Ainda mais quando são gols lindos resultantes de um futebol que dá gosto de ver. Não sou santista. Ouço muito falar da época de Pelé e Pepe. Já me senti feliz em ver o Santos de Robinho e Diego. O time do São Paulo, pelo futebol burocraticamente eficaz já me seduziu também. Poucas vezes vi um jogador surgir no Vasco com a personalidade e o brilho de Phelipe Coutinho. Pena que o meu Vasco sofra da síndrome de eterno perdedor. Mas, o time do Santos de Neymar, Ganso, André a companhia dá gosto de ver jogar. Perdendo ou ganhando, esses meninos devolveram a alegria ao futebol brasileiro. Caetano, por favor, lembre a esse povo careta que “é proibido proibir”. Não proíbam nada de bom no futebol. Não é possível que o brasileiro adore pancadaria, sarrafadas espalhafatosas e agressões descabidas. Não esqueçam: o futebol em qualquer lugar deveria começar com o que o Santos faz hoje. Teríamos estádios lotados e o brasileiro mais feliz. Deixem os meninos da Vila jogar em paz. Eles merecem e que dêem alegria ao povo brasileiro.
domingo, 14 de março de 2010
Venha a nós
A Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) parece ser um cemitério de políticos. Especificamente no caso do “tratamento” das às ruas. É como se lá estivesse escrito, pendurado logo abaixo da foto oficial do prefeito a seguinte frase: ”venha a nós os vossos impostos e vá a vós os nossos buracos”. O problema é tão greve que o povo já começa a “sentir saudades” de Serafim Correia. O assunto virou até manchete de jornal e, ainda assim, a solução não chega. O saudoso colunista social Gil falava em “manô dos mil contrastes”. Hoje, não seria nenhum exagero em parafraseá-lo para se falar em “manô dos milhões de buracos”. O motorista é quem sente o gosto maior da revolta: paga o IPVA e não recebe de volta serviços à altura. Só resta reclamar e esperar que a PMM cumpra a sua parte e ofereça um asfaltamento de qualidade.
sábado, 13 de março de 2010
AInda sobre a idiotia baré
Os comentários de João André sobre a postagem de ontem, "A legítima idiotia baré", são perfeitos. É exatamente isso o que penso, caro André. Inclusive, quando a menina que se sentiu ofendida com o que falei saiu do auditório, cheguei a comentar: ”caramba, ela ficou tão ofendida. Mas, tudo bem, tem o direito de me processar e de sair do auditório sem problemas. E se retornar às aulas será tratada naturalmente com respeito”. Ainda que meus comentários tivessem sido ofensivos (e não o foram, uma vez que eu comentava fatos de conhecimento público e a forma como a imprensa os tratou), jamais deveria ser admitido por ninguém que um tirano, descontrolado agredisse covardemente um professor. Será que em nome da família (ou de uma pseudo-ofensa a ela) se pode esquecer que vivemos em um Estado democrático de direito? Será que o fato de ter um irmão vice-governador dá o direito a alguém de esquecer as leis e a convivência social e se portar como um bandido? O que se pode imaginar que esse senhor é capaz de fazer se o irmão chegar a ser governador? Em ano de eleições é muito bom que reflitamos sobre esse tipo de comportamento.
sexta-feira, 12 de março de 2010
A legítima idiotia baré
Márcio Souza, ao comentar a agressão a mim, dia 11 de maio de 2009, promovida pelo irmão do vice-governador, Omar Aziz, Amin Aziz, elevou a categoria de “leseira baré”, por ele criada, para “idiotia baré”. Ele se referia à omissão, tanto do reitor antigo, Hidembergue Ordozgoith da Frota, quando da reitora eleita, Marcia Perales. O assunto não morre e, de quanto em vez, retorna, reforçando a idiotia criada por Márcio Souza. Um dos estudantes que estavam presentes no momento da agressão revelou-me hoje que o carro dele teve um problema e ele foi auxiliado por um professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O tal professor, que também não vou revelar o nome, defendeu a ação agressor por “não concordar que professor critique ninguém”. Quanto mais sei de posições imbecis, idiotas e cretinas como essas, mais tenho forças para não calar. Quer dizer, então, que professor tem de apenas passar conteúdos e mais nada? Não pode, de forma alguma, contribuir para o exercício pleno da cidadania? Deve ser por isso que a Administração Superior da Ufam apequenou-se. Ajoelhou-se. Demonstrou subserviência inaceitável ao poder do Estado. Confio, acredito e lutarei por uma Ufam que não tenha vergonha de lutar pela liberdade de cátedra e pela proteção plena dos seus professores e colaboradores. Matem-me se quiserem calar-me. Caso não aprendam a conviver com os contrários e respeitar os medíocres. São parte do mundo como nós.
quinta-feira, 11 de março de 2010
A morte
Ao ver o especial da Globo “Por toda a minha vida”, na madrugada de hoje, cujo tema eram os “Mamonas Assassinas”, algo me chamou a atenção. Se é verdade ou não, Dinho, ao terminar o show em Brasília, agradeceu, despediu-se, disse que no outro dia iriam para Portugal “e não sabemos se voltamos”. Nada mais profética que essa despida. Exatas 1h40min depois o avião em que viajavam de volta para São Paulo transformou-se em destroços e todos morreram. Ayrton Senna, um dia antes daquele fatídico primeiro de maio teve desempenho ruim nos treinos. Minutos antes da morte, olhava para o carro triste, um olhar meio de despedida. Percebi e comentei que ele estava inseguro. Deixasse a razão falar, certamente, não teria corrido naquele dia. Mas, guerreiros como Senna não desistem nunca. Ainda que a intuição vos diga que não devem continuar. A morte às vezes manda alguns avisos. Sinais de alerta. Nossa condição de humanos nos faz vendar os olhos para esses sinais. Casos como os de Senna e dos Mamonas devem existir aos montes, mas só se chama a atenção para os detalhes quando morrem famosos. É a vida. É a morte.
quarta-feira, 10 de março de 2010
Feriado municipal do DJ
Dia desses meu filho perguntou-me: “Pai, o David Gheta é o quê? Um cantor?” Confesso, não soube responder. Lembrava-me de Gheta por conta de uma aula de Spping, na Companhia Athletica, mas, pelo simples vídeo não dava para eu concluir se era um intérprete. O tempo passou e descobri que se tratava de um Disc Joquei (DJ), profissional que mixa (ou seja, mistura) músicas e ritmos. Lembrei-me que, no Amazonas, o mais famoso deles é Raidi Rabelo. No Brasil, ouviu-se mais falar em DJ Malboro. Genericamente, no Funk, sempre se fala das popozudas e deles. Nessa época de culto ao corpo malhado, eles transformaram-se em profissionais dos mais destacados. Em Manaus, conheço, também, a fama do Dj Tubarão. Todos têm o meu respeito pelas performances e pelo profissionalismo e competência. Mas será que é necessário termos, anualmente, no dia 9 de março, o Dia Municipal do DJ? Será mais um feriado? Teremos o dia municipal de luta dos DJs?
terça-feira, 9 de março de 2010
Engarrafamentos quilométricos
Fico a me perguntar: qual a finalidade dos complexos viários e viadutos? Ontem saí da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em direção ao bairro de Parque 10. Logo após às 18h, imaginei: com a inauguração do Complexo Viário Gilberto Mestrinho não demorarei nem 10min. Ledo engano. Demorei aproximadamente 50 minutos para chegar ao Complexo Viário Miguel Arraes. O trânsito não me permitia passar da segunda marcha. Será que vale a pena construir tantos “complexos” a um custo bilionário? Manaus entrou na era dos engarrafamentos quilométricos. Estranhamente, isso acontece depois que todos os complexos viários foram inaugurados. As placas da administração anterior da Prefeitura de Manaus anunciavam ”Manaus vai andar melhor”. Nada mais profético. Do jeito que o trânsito está hoje não há como correr mesmo. No máximo, anda-se!
segunda-feira, 8 de março de 2010
Sensibilidade feminina
Ontem falei de emoções. Talvez ainda não tenha superado o estado de gravidez poética no qual “ando tão à flor da pele, qualquer beijo de novela me faz chorar.” Sou de um tempo e de uma cultura machista na qual “homem que é homem não chora e macho que é macho não adora”. Tive imensa dificuldade em beijar meu pai. Também não fazia esse gesto lindo com tanta freqüência em minha mãe. Aos poucos, com o tempo e com o aprendizado contínuo de oito anos como estudante da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), depois mais 17 anos como professor, aprendi. Aprendi que aprender sempre é essencial para se tornar melhor como pessoa, como ser humano. E quando penso em me tornar melhor como ser humano lembro-me dos versos de Benito di Paula na música “Beleza que é você mulher”: “Eu esqueço a tristeza, me perco nessa beleza que é você mulher”. Talvez haja resquício machista neste pensamento. Não nego. Afinal, para quê algo mais machista do que existir “um dia internacional da mulher”. Somos iguais. Seres humanos inteligentes, sensíveis. Quer dizer que dos 365 dias do ano, apenas um é dedicado às mulheres? Associar à mulher a imagem de sensibilidade não seria outro traço machista? O máximo que admito é nós, os machos e machistas, tomarmos o dia de hoje como base para iniciarmos reflexões diárias sobre nossas atitudes. Queremos realmente um mundo igual? Com direitos iguais independentemente do sexo ou até mesmo da opção sexual de cada um? Temos muito a refletir. Que tenhamos todos os dias das mulheres e dos homens sempre. Muito embora, depois de tantas centenas de anos machistas, precisássemos de outros tantos anos só das mulheres. Assim o jogo tenderia ao empate para o lado feminista.
domingo, 7 de março de 2010
À flor da pele
Hoje, ao ouvir Zeca Baleiro e Gal Costa nos versos “ando tão à flor da pele, qualquer beijo de novela me faz chorar. Ando tão à flor da pele que teu olhar “flor na janela” me faz morrer...”, lembrei-me das partidas do time de futebol de salão do Madureira, minha cidade natal, bicampeão acreano. Depois as lembranças se foram, à tarde, ao ver o jogo morno do Vasco contra o Boa Vista, lembrei-me, de novo, das minhas reações, do nervosismo de cada partida do Madureira. Que magia possui o futebol que nos faz esquecer a posição social e profissional ao nos tirar a compostura? Nos jogos do Madureira eu subia no alambrado, xingava o juiz (não sei nem até qual geração), vibrava com os gols, tentava empurrar o time, ficava nitidamente à flor da pele. O Fast Clube, em Manaus, o Juventus, em Rio Branco e o Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, já me deixaram assim. Hoje, por duas ocasiões, só o Madureira me fez passar por emoções tão fortes. Coincidentemente, nos dois títulos acreanos conquistados pelo time da nossa família, eu estava em Sena Madureira. Zeca Baleiro, Sena Madureira, Fast, Vasco, emoções. Doutor também é gente e perde as estribeiras com o futebol. Ainda bem.
sábado, 6 de março de 2010
Duelo de titãs
A posse do novo diretor do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor Nelson Noronha, foi concorridíssima. Dentre as personalidades presentes, porém, duas chamaram-me a atenção: o deputado federal Francisco Praciano e o secretário estadual de Educação, Gedeão Timóteo Amorim. Ao que tudo indica, a Ufam, quase um gueto da deputada Vanessa Grazziotin, nas eleições deste ano, terá os votos da sua comunidade disputados palmo-a-palmo por Praciano e Gedeão. Será uma espécie de duelo de titãs. Sem o apoio maciço da Ufam, o casal vinte da política amazonense, Eron Bezerra e Vanessa Graziottin, precisará de uma articulação bem-maior da base do PC do B. Dentro da Ufam essa base não é mais quase exclusiva do partido. Com a entrada de um novo personagem, Gedeão Amorim, a disputa pela cesta de votos da Ufam, ganha um novo “player”: o PMDB. Explica-se, dessa forma, porque era fundamental ao PT ganhar, ainda que indiretamente, a reitoria da Ufam e a direção do ICHL. Aos poucos, retorna o cenário no qual era praticamente impossível vencer uma disputa interna na Ufam sem o apoio articulado de uma boa base de partidos políticos. Por seu turno, os partidos (e os candidatos) esperam da comunidade da Ufam o retorno em votos. Nessas idas e vindas, quem parece ter feito um trabalho competentíssimo ao longo dos anos foi o professor Gedeão Amorim. Do trio, tem todas as chances de ser o mais votado dentro da Ufam, com folga. Quando outubro chega, veremos!
sexta-feira, 5 de março de 2010
Conceitos e preconceitos
O que chama a atenção nas reações raivosas contra o preconceito (as reações devem mesmo existir) é o grau de preconceito que elas (as reações) carregam. O autor de novelas, Aguinaldo Silva, assumidamente homossexual, saiu das tamancas contra as declarações (quase sempre) desastrosas do Big Brother Marcelo Dourado. Ele não nega a ninguém que detesta homossexual. E chegou ao limite de afirmar que somente os homossexuais contaminam-se com o vírus HIV. Na visão absurdamente preconceituosa (e desinformada) de Dourado, só os gays pegam AIDS. Grosseiro, mal-educado, machão e machista, Dourado, paradoxalmente, parece ter caído na graça da maioria dos brasileiros (e brasileiras). Tanto que bate no paredão e volta. Incomodado com a postura de Dourado, Aguinaldo Silva, em seu twitter, dia 4 deste mês, tascou: “"Esse Dourado do BBB não passa de um paraibazinho muito do chinfrim". Silva tenta ferir de morte Dourado com o “paraibazinho”, ou seja, um Paraíba no diminutivo (que é para diminuir mesmo). Não contente, ainda acrescenta o “chinfrim”. Paraíba, principalmente no Rio de Janeiro, representa a forma mais preconceituosa que existe em relação a todos os nordestinos. Sai o preconceito sexual de Dourado e entra o preconceito de localidade arraigado em Silva. Às vezes nossas reações são mais preconceituosas que o próprio preconceito. Reflitamos!
quinta-feira, 4 de março de 2010
Miopia eleiçoeira
Será que o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) não aprende nunca a lidar com o povo brasileiro? Há uma máxima na psicologia social que prega:”o povo gosta de ser ouvido”. Oras, não precisa ser um cientista político social brilhante para vislumbrar que, por mais que cometa erros na administração, o Partido dos Trabalhadores (PT), ainda que às vezes o faça apenas “de mentirinha”, tem uma máquina azeitada para ouvir suas bases e tirar delas o empenho incondicional no candidato escolhido. O PSDB, não, torna-se antipático até mesmo pela forma de escolha. Não se pode pensar em “prática democrática” sem que prévias sejam realizadas. Subjugar um quadro como Aécio Neves e, agora, no sufoco, tentar trazê-lo para compor uma chapa como vice-presidente é uma violência. Na frente em todas as pesquisas, o PSDB, mais uma vez, entregará, de bandeja, uma eleição ao PT. Com esse tipo de prática fechada nos gabinetes e distante do povo, os tucanos não voltam ao poder tão cedo. E correm o risco de perder lideranças brilhantes no cenário nacional, como é o caso de Arthur Neto, por pura incompetência e miopia.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Péssimo hábito
No bairro do Vieira Alves, diferentemente do que acontece todos os dias desde que o trecho da nova Maceió foi inaugurado: motoristas param sempre nas faixas e respeitam os pedestres, há abusos vergonhosos. Novos ricos, representantes da classe média alta, apresentam comportamento de pessoas medianas: não respeitam nem o fluxo do trânsito. Trafegam na contramão como se as ruas fossem uma extensão do quintal das vossas casas. Na rua Rio Jutaí, por exemplo, no trecho entre o Manaus Park e a Avenida Rio Branco, trafegar na mão é uma exceção. A grande maioria faz o percurso na contramão e provoca calafrios constantes nos motoristas e caronas. No bairro, não sei se uma campanha de conscientização funcionaria. Talvez seja necessária uma ação constante dos azulzinhos com multas constantes até que o tráfego das ruas seja respeitado conforme a sinalização.
terça-feira, 2 de março de 2010
Mudança de hábito
Há uma mudança no trânsito de Manaus que merece elogios. Já se percebe o caso de alguns motoristas que param antes das faixas de pedestres, sinalizam para os outros e seguram o trânsito, mesmo sem sinais ou azulzinhos, para dar preferência aos pedestres. Essa mudança de hábito é uma questão de cidadania e uma mudança cultural e tanto para os moldes da sociedade manauense que, num tempo não muito distante, não dava a mínima para quem não trafegasse em um automóvel. Espera-se que o hábito se espalhe por Manaus e ultrapasse os limites até da região metropolitana. É fundamental, também, que os mais favorecidos não se utilizem do velho “bordão” sabem com que estás falando para não burlarem uma regra social que se amplia a cada dia. Bela mudança de hábito a que se configura nas ruas. Que se eternize!
segunda-feira, 1 de março de 2010
Companhia Metropolitana
Li com um ar de preocupação a notícia de que o Governo do Amazonas quer criar duas empresas de capital misto: a Companhia Amazonense de Transportes Metropolitanos e uma empresa para administrar as obras da Copa do Mundo de 2014. A primeira dúvida que me veio à cabeça foi: e essas empresas serão vendidas para quem? Essas empresas correm o risco de tomarem o mesmo rumo da Cigás, cujo capital majoritário é 51% da iniciativa privada. Nada contra a parceria da iniciativa privada com o Estado, desde que as regras sejam claras e todo o processo tenha plena transparência. Sem isso, ficará sempre a desconfiança no procedimento dos governantes. Pior que isso, porém, é o descaso desses governantes que, embora haja desconfiança, não se preocupam, em nenhum momento, em dar transparência aos atos administrativos. Uma lástima!
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