O Leão do Imposto de Renda, além das garras afiadas e malhas (finíssimas por sinal), não deixa, também, de afiar os dentes (será que não são de marfim?). As mordidas são dadas lentamente nos bolsos de cada um de nós, cidadãos comuns, os contribuintes. Elas acontecem sem que percebamos. Há três anos, ou seja, desde 2007, a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) é corrigida pela meta de inflação, ou seja, 4,5% (quatro e meio por cento) ao ano. Como a inflação anual é muito acima dos 4,5%, tiras de tecidos dos bolsos ficam anualmente entre os dentes do Leão. No início deste ano, o Governo Federal anunciou que não haverá mudanças. De acordo com dados do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco Nacional) de 1995 até o ano passado a tabela precisava de 64% (sessenta e quatro) de ajuste. Com a medida atual do governo de não mexer na tabela, a defasagem sobe para 71,5% (setenta e um e meio por cento). O que isso significa? Para compensar toda a inflação de 1995 até hoje a tabela deveria ser corrigida em exatos 71,5%. Como isso não acontece, o contribuinte brasileiro, ou seja, nós, deixamos entre os dentes do Leão retalhos de tecidos. De retalhos em retalhos, o Governo Federal consegue, apenas sem corrigir a tabela, elevar a arrecadação tributária. Como a arrecadação oficial de 2010 deve chegar à casa dos 18 bilhões. Com a medida de não corrigir a tabela, o Governo infla a arrecadação em aproximadamente R$ 810 milhões. Em suma, bolso de contribuinte é bom, o Leão adora mordê-lo e o Governo fica rindo de longe. Só olhando!
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