Os diálogos estarrecedores entre jovens que sonhavam com um “atirador de elite” na posse da presidente Dilma Roussef não podem ser aceitos em hipótese nenhuma, devem ser diariamente combatidos, porém, não nasceram única e exclusivamente na cabeça daqueles jovens. O desejo deles é fruto da sociedade midiática na qual vivemos cuja marca é o espetáculo: tudo se transforma em tragédia, inclusive as tragédias. Ou alguém vai me dizer que a cobertura da morte de John Kennedy não foi um espetáculo? Ler os diálogos, avaliá-los e deles tirar pistas para futuras decisões é nosso dever de educador. No entanto, não se pode condenar individualmente esses jovens. São, como nós todos, vítimas da espetacularização da vida. Aos olhos deles, e na mente mais ainda, uma posse como aquela merecia um “grand finale”. Atiradores, tragédia, comoção nacional, o Brasil na mídia do mundo por vários dias. Isso daria filmes, histórias de vida, lendas urbanas, quase um ambiente da Grécia Antiga. A posse foi vista como uma arena e precisava de todos os ingredientes, pelo menos aos olhos deles. Serenidade é fundamental antes de condená-los. A tragédia dos diálogos estarrecedores é coletiva: o indivíduo apenas verbaliza os desejos da massa. O problema, portanto, é maior e envolve muito mais atores.
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