Talvez o que chamam de “arte da polícia”, e que Gilberto Gil denominou de hipocrisia, seja a “arte do bem-viver”. Fico a imaginar como seria a vida se todos falássemos sempre o que pensamos, sempre disséssemos a verdade? O tecido social seria esfacelado. A regra da convivência social, ao que tudo indica, é a “meia-verdade”. A antiga máxima, que dura até hoje, de que “à mulher de César não basta ser honesta, mas, parecer honesta” é o pilar da política. Nessa arte (a da política) o verbo “parecer” vale mais que o verbo “ser”. Talvez por isso, tenha usado como título “a arte da política”. A arte no sentido de “parecer ser” e não de ser. Viver é parecer-ser. É representar papéis sempre, logo, é arte sim. A política também. Afinal, ser político é representar o papel de homem público, muita das vezes, sem o sê-lo. “Aparências, nada mais, sustentaram nossas vidas...” canta Márcio Greyck com sapiência. Que todos saibamos representar bem nossos papéis na vida e não deixemos ninguém invadir nossa coxia.
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