A cara-de-pau dos políticos brasileiros chegou às raias do absurdo. Fiquei pasmo, estupefato, sem acreditar no que tinha visto e ouvido. Mas, era verdade. O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B, SP), a plenos pulmões, gritara, no plenário da Câmara Federal; que o marido da ex-ministra do Meio Ambiente do Governo Lula, Marina Silva, fora acusado de pratica contrabando de madeira. Rebelo, no êxtase do discurso, apontava para o próprio peito, orgulhoso, e dizia: “Eu interferi, eu não deixei que o marido dela fosse convocado para prestar depoimento na CPI”. Não sei se foram exatamente essas palavras. Mas o sentido era esse: Aldo Rebelo bradava, com orgulho, que havia sido escalado em uma CPI, como líder do Governo, para proteger a ministra do Meio Ambiente. A euforia de Rebelo era uma tentativa de se defender a acusação de ter fraudado o texto do Código Florestal, do qual era o relator. Esse é o típico caso no qual a emenda sai infinitamente pior que o soneto. O deputado confessou publicamente que o governo é atuante na defesa dos seus aliados, ainda que reconhecidamente as acusações sejam de crime graves. Ora, se o marido da ministra Marina Silva fora acusado de praticar contrabando de madeiras exatamente quando ela exercia o cargo, é de uma gravidade sem precedentes. Qualquer governo democrático e transparente, ao invés de proteger, apuraria com rigor o caso e manteria a sociedade esclarecida sobre o que ocorrera. Aldo Rebelo deixa crer, nas entrelinhas que, no Governo Lula, do qual ele era líder, o tapete, era muito usado para esconder as sujeiras dos aliados. A revelação de Aldo Rebelo é tão escandalosa quando a do mensalão. E deveria ser apurada com rigor. Não se pode admitir tais práticas em uma sociedade séria e ética. Será que a sociedade brasileira o é?
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