No Estado democrático de direito, a justiça não tem a função social de vingar. A máxima do “olho por olho, dente por dente”, do Talião, ainda bem, é coisa de um passado sombrio. Embora, muitas vezes, haja recaída quando um irmão de governador acha que pode resolver tudo no braço. Não estou no time, portanto, dos que comemoram a prisão de Antônio Marco Pimenta Neves, 74 anos, assassino confesso de Sandra Gomide; como se ela estivesse “vingada”. Muito menos acredito na máxima popular de que “a justiça tarda, mas não falha”. A justiça, ao tardar, falha, e muito. Essencialmente no caráter didático de mostrar à sociedade que há punição para os crimes. O que se imaginar da justiça de um País cuja prisão só é decretada 11 anos depois do crime? Cinco anos após a condenação pelo júri popular? No mínimo, qualquer cidadão imaginará que, com dinheiro e bons advogados, é possível “empurrar processos com a barriga” e, legalmente, burlar a justiça durante longos anos. E é nesse ponto que a justiça, quando lenta, falha. Sandra Gomide não está vingada! Sua vida foi tirada pelas costas, em 2000, num ato de covardia inominável. Julgada e executada imediatamente pelo ex-namorado que, ao seu entender, tinha o direito de tirar a vida da moça por ela ter posto fim ao relacionamento que tinham. Pelo menos um alento, 11 anos depois: para a justiça brasileira, o macho não é o senhor de todos os relacionamentos. A comemorar apenas, mais um golpe duro no machismo contemporâneo brasileiro.
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