Confesso que avaliei com toda a pureza da alma o convite que recebi diretamente da primeira-dama do Amazonas, Nejmi Aziz, via Twitter, para participar da Campanha de Combate à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes no Amazonas. Abracei esta causa muito antes de a senhora abraçá-la. A Violência Sexual contra crianças e adolescentes é uma chaga social. E nesse item o Amazonas é primeiro lugar em quase todos os índices negativos. Faz bem a senhora em abraçar a causa agora que ocupa posição social de destaque e de poder no Estado. No entanto, não posso me juntar à Suzana Vieira e aos outros tantos participantes da Caminhada de hoje por questões extremamente pessoais: fui agredido, no dia 11 de maio de 2009, dentro do auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), pelo seu cunhado, Amin Aziz. Durante as últimas eleições, fui perseguido dentro da própria Ufam por agentes da Polícia Federal, que tentavam prender professores e estudantes que usassem a camiseta “Todos contra a pedofilia”. Avaliei até ontem a possibilidade de estar no meio dessa multidão que, certamente, acompanhará hoje a senhora na Caminhada. Mas, seria hipócrita da minha parte fazer de conta que os fatos não ocorreram. Seria um tremendo cara-de-pau se marchasse ao lado de pessoas, e não penso que seja o caso da senhora, que tratam o tema como mero oba, oba; aparecerão ao seu lado, na mídia, e depois, na prática, não fazem nada no Combate à Violência Contra Crianças e Adolescentes. Minha participação no evento talvez fosse vista como uma espécie de “cortina de fumaça”. O dia 18 de maio é muito significativo neste País, primeira-dama. E não é de hoje, como chega a parecer na divulgação massificada do ato feita, principalmente por mais de uma dezena de seus seguidores do Twitter, que tentam transformar essa Caminhada em mais um dos seus atos heróicos, como se a senhora fosse uma espécie de Evita Perón do Amazonas. Admiro a sua energia e o seu envolvimento em tantas campanhas e eventos. No entanto, o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi criado pela Lei n.º 9.970, de 17 de maio de 2000. O dia foi escolhido em função de um crime que chocou a cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, em 1973. A menina Araceli Cabrera Crespo, de oito anos, foi espancada, violentada e assassinada. “Até hoje, os culpados pelo crime não foram punidos.” Portanto, o dia 18 de maio também é marcado, na minha memória e na memória de um Brasil inteiro que se chocou com o fato, por violência, agressão e falta de punição de culpados. Não posso ser hipócrita comigo mesmo e participar dessa Caminhada de hoje. Obrigado pelo convite. Desejo, de coração, que a senhora tenha êxito! Só assim o Amazonas talvez deixe de fazer parte de uma estatística aterrorizante. “Conforme denuncia o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), dentre as diversas manifestações de violência contra crianças e adolescentes, as mais incidentes são o abuso sexual praticado por integrantes da própria família e a exploração sexual para fins comerciais, como a prostituição, a pornografia e o tráfico”. O texto completo sobre este assunto está no site do Instituto Nacional Estudos e Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep) na aba denominada Mercosul Educacional. Leiam!
Visite também o Blog de Educação do professor Gilson Monteiro e o Blog Gilson Monteiro Em Toques. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário