Todas as vezes que ouço ou leio a expressão meio ambiente fico sempre com a impressão de redundância. Não sei qual a diferença em falar do “meio” em que vivo e do “ambiente”. Não seriam a mesma coisa? Será que juntos, na expressão “meio ambiente”, ajudam a preservar mais o planeta? Tenha cá minhas dúvidas! Humberto Maturana e Francisco Varela, no livro “A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana”, editado no Brasil em 2001, pela editora Palas Athena, defendem que a vida é um processo de conhecimento. Portanto, para entender a vida é preciso compreender como os seres vivos conhecem o mundo. Trata-se do que eles chamam “biologia da cognição”. Falar em sustentabilidade no Dia Mundial do Meio Ambiente, é, antes de tudo, refletir sobre o processo de desenvolvimento do conhecimento ao longo dos anos. Desde Platão, com a sua metáfora da caverna, entendemos o conhecimento como uma representação fiel da realidade, independentemente do conhecedor. Ou seja, desde que o mundo é mundo, no processo de aquisição do conhecimento, o outro é nada. Essa cultural representacionista domina a ciência e as atividades desenvolvidas ao longo da vida. É dela que advém a premissa de que se deve separar o sujeito do objeto, o homem da natureza, e por aí vai. Oras, não adiantam campanhas, muito menos redundância nas expressões que tratam do tema: enquanto o homem separar a razão da emoção, enquanto for educado sob a égide da separação, verá a natureza, a terra, o mundo, como algo a ser explorado para dela tirar todos os benefícios possíveis. É preciso mudar todas essas concepções. O ser humano é total e assim precisa ser visto. O processo do conhecimento, se não mudar, não dará consciência ecológica a ninguém. Os tais dias internacionais, dentre eles o do Meio Ambiente, pouco adiantarão se não houver uma mudança completa na visão e na forma de conhecer o mundo. Enquanto a Terra for um objeto a ser explorado, e não um ser a se estabelecer uma convivência de troca, o “desenvolvimento sustentável” será pura balela.
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