Na arte dramática, canastrão é sinônimo de péssimo ator, de galã que não tem compromisso com nada, muito menos com a arte de representar. Na política brasileira, há canastrões de todas as espécies, afinal, representam pessimamente o papel de homens públicos, de honestos. O “pedido de demissão” do ministro da Casa Civil, Antônio Palocci exala um odor fetidico de canastrice generalizada. O roteiro é conhecido pelos brasileiros: a autoridade enriquece por meio de informações privilegiadas, o pedido de investigação é arquivado e, então, a autoridade “pede” para sair do cargo e fica tudo com d’antes no Castelo de Abrantes. O senador Roberto Freire (PPS-PE) argumenta que é preciso investigar o enriquecimento de Palocci. Em seguida, aparece o líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR) e, com a cara mais lavada do mundo, alega que o ex-ministro não é mais funcionário público e nada precisa ser investigado. Santa cara-de-pau dessa turma do PT e dos seus aliados de base. Quer dizer que um funcionário público, um homem que, como Palocci, era da Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo presta consultoria na área, enriquece, e, em seguida, pede para sair e está tudo bem? Esse povo não tem vergonha na cara. Abusa do cinismo e confia que nós, os brasileiros, somos todos idiotas e imbecis. Palocci precisa sim, dar inúmeras explicações. Não se pode, em hipótese nenhuma, jogar panos quentes sobre esse escândalo. Quer dizer que o Palocci arregimenta R$ 24 milhões em quatro anos e está tudo bem? E as relações dele com o poder, inclusive, foi o Caixa da campanha presidencial de Dilma Rouseff. Isso mesmo, leitores e leitoras, até agora, poucos levantaram essa lebre: Antônio Palocci foi para Dilma o que PC Farias foi para Fernando Collor de Mello. E nós não devemos suspeitar de nada? Se mexer nesse fio de Ariadne talvez sobre para muita gente desse governo e do governo anterior. Ou será que esse governo é uma continuidade do anterior?
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