segunda-feira, 25 de julho de 2011

A arte de se libertar

Para quem não entendeu nada sobre o fato de merecer registro eu ter conseguido entrar no avião pela primeira vez de bermuda e sandália de dedo, preciso explicar melhor a história. Pressionado pela rigidez na forma como fui educado, um dos maiores traumas da minha vida fora em sonho. Certa vez, acordei em pânico, no meio da madrugada. Tinha sonhado que fora para a escola descalço. Estar no pátio do Instituto Santa Juliana descalço era sumo pecado, quase uma desonra. Freud talvez saiba explicar o porquê de eu ter associado o episódio ao fato de sempre viajar de calça e sapato, afora a blusa, é claro. Incomodava-me, porém, o fato de, principalmente nas viagens pela região, cujo calor beira as raias do inferno, eu não conseguir me libertar desse trauma onírico. Em algumas viagens pelo Brasil, já tinha conseguido liberar os pés dos sapatos. Sábado, porém, decidi: vou para Rio Branco de bermuda e sandália. Não dei muita sorte na empreitada, uma vez que furava um pneu do carro a cada 50km de viagem. Porém, a sensação de vencer mais um dos meus medos interiores é indescritível.

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