A notícia de que uma menor
de 14 anos fora resgatada pelo Conselho
Tutelar da casa do deputado Federal Sabino Castelo Branco (PTB) ganha
destaque por se tratar de uma autoridade. Revela, porém, um traço comum é
diário dos jornais sensacionalistas de Manaus: a banalização da violência
contra mulheres e contra crianças e adolescentes. Nem é preciso uma pesquisa
científica, com tabulação de dados e tudo, para se perceber que, todos os dias,
invariavelmente, há uma matéria cujo foco é a violência contra mulheres ou
crianças. A preponderância de uma visão machista do mundo e da mulher como mero
objeto de consumo está na raiz do problema. Há uma espécie de necessidade de auto-afirmação
do macho combinada com o prestígio social, também entre os machos, que é o de “consumir”
presas cada vez mais novas. Nessa espécie de capitalismo das relações, a mulher
(e quanto mais nova, mais bem posicionada no mercado) ainda é vista como um
mero objeto de desejo e consumo. Some-se a isso a impunidade que grassa no
País, principalmente quando se envolvem diretamente políticos e autoridades dos
três poderes. Gritos esparsos são soltos, porém, falta um efetivo não da
sociedade contra esse tipo de prática para evitar que crianças (e suas
famílias) sejam obrigadas a derramar lágrimas diariamente ou em uma data tão
significativa como hoje que, infelizmente, em Manaus, será lembrada por mais
esse caso absurdo de violência contra uma adolescente.
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