sábado, 1 de outubro de 2011

Jornalista exonerada no Pará por críticas a vereador

Enquanto nos demais lugares do mundo as ditas redes sociais (que prefiro chamar de mídias digitais), principalmente o Twitter e o Facebook, são essenciais para o processo de mobilização e participação política da sociedade, no Norte, quando não são usadas para, descaradamente, puxar o saco dos políticos e de seus parentes, as são para punir jornalistas ou quem nelas se manifestar. A médica Bia Abinader, por exemplo, fui punida com 90 dias de suspensão por criticar o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB). Um absurdo! Um ataque insano à liberdade de manifestação do pensamento e ao direito de a médica discordar politicamente do chefe. Mas como Amazonino Mendes age de acordo com os interesses dos seus prepostos e não da sociedade, a médica foi punida. Agora, a jornalista Franssinete Florenzano, servidora de carreira da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALE-PA), que está à disposição do Tribunal de Contas do Pará (TCPA), teve de optar entre exercer livremente a profissão de jornalista ou assessorar o conselheiro Luis Cunha. Tudo porque a Câmara Municipal de Belém, principalmente o 2° vicepresidente da Casa, vereador Gervásio Morgado (PR) possui ingerência inconcebível sobre as decisões do TCPA. Ele esteve, no dia 28 de agosto de 2011, nos gabinetes da presidência e da vice-presidência dessa Corte e exigiu, aos gritos, a exoneração da servidora, por não aceitar notícias críticas veiculadas no blog dela. Como pode um reles 2° vicepresidente da Câmara dos Vereadores tenha tanta ingerência junto ao Tribunal de Contas de um Estado? É inaceitável a coação moral e a violência psicológica sofrida pela jornalista paraense. A jornalista Franssinete Florenzano desabafou: “Nem preciso lhe dizer que escolhi a minha dignidade e o livre exercício da profissão e de manifestação e expressão como cidadã, como a Constituição me garante. Também avisei que vou desmentir publicamente se aparecer na minha exoneração “a pedido”. Não tive escolha, foi coação moral. Eu teria, veja só, que tirar do ar o blog, o site, e até os meus perfis no twitter e no Facebook! Disse ao conselheiro que sempre fui honesta justamente para que ninguém pudesse me chantagear. Não aceito essa violência e não me submeto a tramóias e conveniências políticas. Estou esperando a qualquer momento minha exoneração. Mas volto para a Alepa de cabeça erguida. A herança da minha filha será o exemplo de trabalho e caráter que deixarei a ela.” E nós, que sempre defendemos os direitos constitucionais e a liberdade de expressão, vamos fazer o quê? Vamos ficar calados, parados, “esperando a morte chegar”, como diria Raul Seixas? Ou reagimos ou os crápulas, os imbecis e os medíocres nos engolirão.

Um comentário:

  1. Muito obrigada, professor, por seu apoio e solidariedade, que tem o valor realçado por seu profundo conhecimento da Comunicação e condição de educador. O silêncio dos bons é que alimenta esse tipo de situação.
    Abraços.

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