terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A porca

Encontrar Francisco Mendes de Souza, 76 anos, o Chico Neco, em um almoço sábado, no restaurante do meu amigo João Nunes, o Ducuca, trocar ideias e ouvir histórias sobre a Sena Madureira antiga e meu pai, contemporâneo dele, foi algo enriquecedor. Cortador de seringa do começo da vida, Chico Neco reclamou do fato de a presidente Dilma Rouseff ter vetado a lei que equiparava os vencimentos dos antigos soldados-da-borracha, aos pracinhas. O humor, marca do velho Paulo Guedes quando em vida, também foi lembrado por Chico Neco. Uma das estórias que corriam pela cidade, assemelha-se às do Boto Tucuxi, no Amazonas. Em Sena Madureira, às 22h, a energia elétrica era desligada. Chico Neco era o responsável pela usina termoelétrica da cidade. Era o “homem da luz”. Pois bem, todos os dias, quando a energia era desligada, a porca saia pela escuridão da cidade a assustar as pessoas. Na verdade, tratava-se de um dos habitantes, que se aproveitava da falta de energia para encontrar suas namoradas, geralmente mulheres casadas da cidade. Para despistar os maridos, imitava o somo de um porco. Ficou conhecido, então, como “a porca”. Neco não revelou o nome de “a porca” nem sob tortura. O máximo a que chegou foi dizer que as suspeitas recaiam sobre um ex-prefeito muito conhecido pela fama de conquistador e um filho de empresário, à época, bem-sucedido na cidade. Nos dois casos, a porca já geria morrido faz tempo. No entanto, a julgar pelos números de bacuris que aparecem nas ruas, sem pai, a porca ainda trabalha muito durante as madrugadas de Sena Madureira. Com ou sem energia elétrica ligada.
Chico Neco e Duduca relembram estórias e histórias

Detalhe de uma das lendas-vivas da cidade

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