sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bolsonaro e a homofobia explícita

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) não foi apenas deselegante, demonstrou claramente o ranço homofóbico que ainda grassa na sociedade brasileira e, muito provavelmente, entre grande parte dos seus próprios colegas deputados. A título de reagir contra o kit anti-homofobia, campanha do Ministério da Educação para combater a homofobia nas escolas, Bolsonaro ocupou a tribunal da Câmara dos Deputados, dia 24 deste mês, para desacatar frontalmente a presidente da República, Dilma Rousseff: “Dilma Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas do primeiro grau!”. Esperar de Bolsonaro algum tipo de comportamento elegante é apostar no improvável. No entanto, o deputado talvez tenha explicitado o pensamento de boa parte do Congresso, que não teve coragem de fazê-lo. Lembro-me muito bem, como se fosse hoje: quando fui agredido por Amin Aziz, irmão do atual governador do Amazonas, Omar Aziz, em pleno Auditório Rio Negro, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), alguns crápulas e covardes professores da Ufam, postaram anonimamente em Blogs e páginas da Internet comentários elogiosos à atitude do irmão do governador, alegando que eu era “prepotente e metido”. Da mesma forma, por dentro, grande parte dos brasileiros e dos deputados deve estar a comemorar a barbárie retórica de Bolsonaro. Fosse uma Câmara de vergonha, seria aberto imediatamente um processo de cassação por falta de decoro parlamentar. Qualquer que seja a opção sexual de Dilma Rousseff, ela foi eleita democraticamente a presidente do Brasil. E assim deve ser respeitada. Bolsonaro expressou a mais sódica e covarde forma de preconceito. Sugiro ao MEC que acrescente ao kit anti-homofobia uma fita com o discurso de Bolsonaro. E que todas as crianças do País aprendam como não se deve agir nem do ponto da educação doméstica nem do ponto da fobia à opção sexual alheia.

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