O deputado federal Jair
Bolsonaro (PP-RJ) não foi apenas deselegante, demonstrou claramente o ranço
homofóbico que ainda grassa na sociedade brasileira e, muito provavelmente,
entre grande parte dos seus próprios colegas deputados. A título de reagir contra
o kit anti-homofobia, campanha do Ministério da Educação para combater a homofobia
nas escolas, Bolsonaro ocupou a tribunal da Câmara dos Deputados, dia 24 deste
mês, para desacatar frontalmente a presidente da República, Dilma Rousseff: “Dilma
Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é
amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas
do primeiro grau!”. Esperar de Bolsonaro algum tipo de comportamento elegante é
apostar no improvável. No entanto, o deputado talvez tenha explicitado o
pensamento de boa parte do Congresso, que não teve coragem de fazê-lo.
Lembro-me muito bem, como se fosse hoje: quando fui agredido por Amin Aziz,
irmão do atual governador do Amazonas, Omar Aziz, em pleno Auditório Rio Negro,
do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam), alguns crápulas e covardes professores da Ufam, postaram
anonimamente em Blogs e páginas da Internet comentários elogiosos à atitude do
irmão do governador, alegando que eu era “prepotente e metido”. Da mesma forma,
por dentro, grande parte dos brasileiros e dos deputados deve estar a comemorar
a barbárie retórica de Bolsonaro. Fosse uma Câmara de vergonha, seria aberto
imediatamente um processo de cassação por falta de decoro parlamentar. Qualquer
que seja a opção sexual de Dilma Rousseff, ela foi eleita democraticamente a
presidente do Brasil. E assim deve ser respeitada. Bolsonaro expressou a mais
sódica e covarde forma de preconceito. Sugiro ao MEC que acrescente ao kit
anti-homofobia uma fita com o discurso de Bolsonaro. E que todas as crianças do
País aprendam como não se deve agir nem do ponto da educação doméstica nem do
ponto da fobia à opção sexual alheia.
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