Durante a transmissão do
jogo Universitário x Vasco, pela Copa Sulamericana, vencido pelo time peruano
por 2 x 0, ontem à noite, uma coisa me chamou a atenção. Algumas brincadeiras,
quase galhofas, entre os narrados, os repórteres e os comentarias da rádio na
qual eu ouvia o jogo. Um perguntava: você sabe há quantos meses eles não
recebem os salários? O outro: há quatro meses. Não, há cinco. Entre sorrisos e
gargalhadas, diziam que nenhum jogador do Universitário do Peru recebe os
salários há cinco meses. Após o momento de descontração, passaram a falar
seriamente sobre a situação constrangedora enfrentada pelos jogadores peruanos.
Lembrei-me que é comum no meio esportivo exigirem postura ética dos jogadores,
ou seja, que “vistam a camisa” do clube estejam com salários atrasados ou não.
Isso faz parte da hipocrisia que grassa na sociedade em geral, mais ainda no
esporte. Há muito o jogador de futebol deixou de ser um voluntário servidor do
clube. Hoje é um trabalhador. Precisa ser remunerado. Não deve exercer sua
atividade “por amor”. Nem o jogador de futebol nem qualquer outro trabalhador. O
trabalho voluntário é uma opção individual. Não se confunde com a atividade
remunerada. Não se deve exigir de nenhum jogador de futebol que tenha a mesma dedicação
e o mesmo empenho quando passam cinco meses sem receber os salários. Se
decidissem nem entrar em campo estariam corretos. A paixão da torcida pelos
clubes não tem nenhuma relação com o trabalho dos jogadores. Esses exercem a
profissão com dignidade e respeito. Logo, precisam ser remunerados.
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