quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ética e trabalho voluntário no futebol

Durante a transmissão do jogo Universitário x Vasco, pela Copa Sulamericana, vencido pelo time peruano por 2 x 0, ontem à noite, uma coisa me chamou a atenção. Algumas brincadeiras, quase galhofas, entre os narrados, os repórteres e os comentarias da rádio na qual eu ouvia o jogo. Um perguntava: você sabe há quantos meses eles não recebem os salários? O outro: há quatro meses. Não, há cinco. Entre sorrisos e gargalhadas, diziam que nenhum jogador do Universitário do Peru recebe os salários há cinco meses. Após o momento de descontração, passaram a falar seriamente sobre a situação constrangedora enfrentada pelos jogadores peruanos. Lembrei-me que é comum no meio esportivo exigirem postura ética dos jogadores, ou seja, que “vistam a camisa” do clube estejam com salários atrasados ou não. Isso faz parte da hipocrisia que grassa na sociedade em geral, mais ainda no esporte. Há muito o jogador de futebol deixou de ser um voluntário servidor do clube. Hoje é um trabalhador. Precisa ser remunerado. Não deve exercer sua atividade “por amor”. Nem o jogador de futebol nem qualquer outro trabalhador. O trabalho voluntário é uma opção individual. Não se confunde com a atividade remunerada. Não se deve exigir de nenhum jogador de futebol que tenha a mesma dedicação e o mesmo empenho quando passam cinco meses sem receber os salários. Se decidissem nem entrar em campo estariam corretos. A paixão da torcida pelos clubes não tem nenhuma relação com o trabalho dos jogadores. Esses exercem a profissão com dignidade e respeito. Logo, precisam ser remunerados.

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