O Ministro da Educação,
Fernando Haddad, criticou duramente a “operação de reintegração de posse do
prédio da reitoria” da Universidade de São Paulo (Usp) feita pela Polícia
Militar daquele estado. Chegou a dizer que a Usp não é a Cracolândia. Está
certo o ministro. A Polícia Militar não pode mesmo tratar ninguém como o faz
com os moradores da Cracolândia. A fala do ministro deixa claro que existe “tratamento
diferenciado”. O que é de uma gravidade sem tamanho. A PM não deve tratar
melhor (nem pior) ninguém por ser estudante da Usp. Tanto um estudante da Usp
quanto um morador da Cracolândia deve ser tratado como manda a lei em relação
aos usuários de drogas ilegais. Isso é o que a sociedade tem de exigir de todos
os agentes públicos. Não se pode partir do pressuposto de que a Cracolândia é o
espaço dos bandidos e a Usp dos mocinhos. A questão que deve ser discutida não
é a presença ou não da Polícia na área da Usp, mas, como no geral, a Polícia
faz valer seus conceitos e preconceitos. A universidade deve ser o locus do
encontro, do diálogo, da polêmica e da contestação. Sem isso, não sobrevive. E
nesse sentido, sim, Haddad merece elogios. Soa estranho, porém, o ministro não
demonstrar a mesma indignação com o fato de a Polícia Federal “tomar conta” da
Universidade Federal de Rondônia (Unir). Sobre isso, Haddad não disse uma
palavra. Será porque em São Paulo o governo é do PSDB e ele tem interesse na
prefeitura e, no caso, de Rondônia, o reitor é um apadrinhado do presidente do
PMDB, senador Waldir Raupp? As situações de desrespeito à autonomia da
universidade são similares. Haddad bem que podia tomar providências e mandar
pelo menos apurar as denúncias que envolvem a administração superior da Unir.
Assim, faria mais sentido criticar a invasão da Usp.
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