Ontem à noite, no Auditório Eulálio Chaves, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) vivi momentos de intensa emoção e afeto ao receber, pela primeira vez em 17 anos de dedicação ao trabalho, a homenagem de ser escolhido paraninfo da turma de jornalismo do primeiro semestre de 2010. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a frase “é muito gostoso fazer história”, a mesma que repeti, aos gritos, quando, no final de 2007, recebi a notícia de que o Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação fora autorizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Finalmente!”, como dizia uma faixa exposta pelos amigos do libertário Ives Motefusco, que naquele momento, enfim, formava-se em Relações Públicas. Aquela turma, tanto de Jornalismo quanto de Relações Públicas, fazia história. Relembrei os momentos de participação e solidariedade vividos dentro da Instituição, quando, ainda estudante, em 1985, no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) almoçava peixe frito juntamente com professores e técnicos do Instituto. Não pode deixar de lembrar o momento mais doloroso e triste pelo qual passei, quando, no dia 11 de maio de 2009, o irmão do atual governador do Amazonas, Omar Aziz, Amin Abdel Aziz Neto invadiu as dependências do auditório Rio Negro, do ICHL, para me agredir covardemente a socos e pontapés, sem antes intimidar a turma e ameaçar descarregar um revólver imaginário. Ali, no momento em que os meninos e meninas encerravam uma etapa na universidade, eu carregava a seqüela de um tímpano direito perfurado, coberto por um pedaço de algodão, para conter a secreção purulenta que me afeta em momentos de crise e dores como o atual. Naquele dia, o pecado que me condenou a um momento de extrema humilhação foi ter dito a verdade, comentado sobre o fato de que houve uma manobra conduzida pelo senador Arthur Virgílio Neto, na CPI da Pedofilia, para retirar o nome do então vice-governador do Amazonas, Omar Aziz, da relação dos indiciados, fato relembrado em matéria do jornal O Globo do dia 23 de agosto de 2010. Será que os repórteres autores daquela matéria foram brutalmente agredidos por relembrarem o assunto? Eu fui. Minha dignidade e minha honra também. Relembrei que todos os deputados estaduais, com exceção de Luiz Castro (PPS) condenou-me publicamente. Não são representantes do povo e sim servos, vassalos de quem ocupar o poder. Não merecem voltar. Se pudesse escolher dentre eles um único nome para continuar, este seria o de Luiz Castro, sem nenhuma dúvida. Por que será que tal assunto incomoda tanto? Aprendi com meus avôs que quem não deve não teme. Valeu a pena esperar. Valeu muito ter passado por um dos momentos mais terríveis da história deste Estado, quiçá, deste País. Pois como bem lembrou Márcio Souza em seu artigo, na época da agressão: “na ditadura, o poder estabelecido seqüestrava os professores. Em nenhum momento da história da humanidade um professor fora agredido por exercer o sagrado direito da liberdade de cátedra”. Vermes como aquele que me agrediu merecem o desprezo. Mas o fato deve ser lembrado sempre, permanentemente, para que não se repita NUNCA MAIS! Que a Ufam seja defendida pela sociedade e pelos seus dignos representantes. Indignado pelas lembranças dolorosas, mas, extremamente feliz pelo momento vivido, encerrei meu discurso citando Luiz Gonzaga Jr, o Gozanguinha: “...aprendi que se depende sempre, de tanta muita, diferente gente, toda pessoa sempre é as mascas das lições diárias de outras tantas pessoas.” Obrigado aos estudantes de jornalismo por este momento marcante da minha vida profissional. Um beijo carinhoso em cada coração.
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