Desde aquele dia 31 de outubro
de 2010, quando meu velho pai, alfaiate, músico, rádio-técnico diletante,
mecânico de bicicletas, cachaceiro, cervejeiro e outros eiros se foi por
negligência médica, no Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira, sua
lembrança me vem em flashes. Principalmente quando vejo e leio notícias sobre a
política brasileira. Especialmente aquelas da bajulação explícita baré ou das
já rotineiras denúncias de corrupção dos ministros, em Brasília. Ele me
aconselhava: “Meu filho, nunca deixe ninguém pegar na sua munheca”. O
ensinamento cifrado era: “jamais se venda pra ninguém”. Será possível que os
políticos do Amazonas perderam completamente a noção de ética, de respeito?
Será que no Brasil, vergonha na cara é artigo de luxo? Como a sociedade local
pode admitir tanta bajulação? Será que nenhum político local sabe o que é
dignidade, amor-próprio? No plano nacional, até quando vamos aceitar ministros
serem acusados de corrupção, desvios de verbas, uso de cargos públicos em
benefício próprio e quetais sem nada dizer? Os partidos estão corroídos. Fernando
Pimentel é mais um ministro a sofrer uma metástase em público. E o povo parado
(e nós também) como se Brasília fosse a terra de Alice e o Amazonas o quintal.
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