quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Manaus importa até cheiro-verde

Hoje volto ao livro do acreano Djalma Batista para dar aos meus leitores e leitoras a chance de conhecer fragmentos de dos escritos dele na obra “Amazônia: cultura e sociedade”, em terceira edição da Valer. Como pode, de 1955 para cá, quase nada ter mudado? “... Do ponto de  vista alimentar, é verdade que saímos, até certo ponto, da condição de importadores exclusivos de enlatados, e com isto ficou resolvida a terrível questão médica do beribéri.. Mas continuamos a receber quase tudo , inclusive arroz, feijão farinha, açúcar e outros produtos que sabidamente têm em nossas terras o melhor local para serem conseguidos. Nesse assunto, aliás, há nefandos crimes por expiar: um delese é o da exterminação quase completa dos quelônios, mercê da imprevidênciae da glutoneria da população, que tem neles o seu grande e louvado acepipe – consumindo-lhes exemplares adultos, os pequeninos e até os ovos! No que se refere à agricultura, mal produzimos gêneros perecíveis para abastecimento das capitais, poucos, caros e sem seleção de boas espécies. Só com a imigração japonesa  podemos introduzir uma cultura em larga escala, que é a da juta, assim mesmo, ‘cultura de párias’ [a expressão creio que é de Moacyr Paixão] exigindo esforço sobre-humano do plantador, que na hora H não encontra mercado, como aconteceu em safra passada que teve de ser vendida por qualquer preço, com vantagem, aliás, para alguns... (grifo nosso). O intelectual deixa o “alguns” bem indeterminado para que o leitor tire conclusões a respeito de quem seriam os beneficiados. Hoje, será que alguns ainda se beneficiam de obras bilionárias como a Ponto Rio Negro, por exemplo?

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