Hoje volto ao livro do acreano
Djalma Batista para dar aos meus leitores e leitoras a chance de conhecer
fragmentos de dos escritos dele na obra “Amazônia: cultura e sociedade”, em
terceira edição da Valer. Como pode, de 1955 para cá, quase nada ter mudado?
“... Do ponto de vista alimentar, é
verdade que saímos, até certo ponto, da condição de importadores exclusivos de
enlatados, e com isto ficou resolvida a terrível questão médica do beribéri.. Mas continuamos a receber quase tudo ,
inclusive arroz, feijão farinha, açúcar e outros produtos que sabidamente têm
em nossas terras o melhor local para serem conseguidos. Nesse assunto, aliás,
há nefandos crimes por expiar: um delese é o da exterminação quase completa dos
quelônios, mercê da imprevidênciae da glutoneria da população, que tem neles o
seu grande e louvado acepipe – consumindo-lhes exemplares adultos, os
pequeninos e até os ovos! No que se refere à agricultura, mal produzimos
gêneros perecíveis para abastecimento das capitais, poucos, caros e sem seleção
de boas espécies. Só com a imigração japonesa
podemos introduzir uma cultura em larga escala, que é a da juta, assim
mesmo, ‘cultura de párias’ [a expressão creio que é de Moacyr Paixão] exigindo
esforço sobre-humano do plantador, que na hora H não encontra mercado, como
aconteceu em safra passada que teve de ser vendida por qualquer preço, com
vantagem, aliás, para alguns... (grifo nosso). O intelectual deixa o
“alguns” bem indeterminado para que o leitor tire conclusões a respeito de quem
seriam os beneficiados. Hoje, será que alguns ainda se beneficiam de obras
bilionárias como a Ponto Rio Negro, por exemplo?
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