Nas pendengas envolvendo a
construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, duas posturas
espantam-me: a da presidente Dilma Roussef e a do juiz federal Carlos Eduardo
Castro Martins. Nesse imbróglio esperava da presidente uma postura de estadista
ou no mínimo, pró-indígenas. Afinal, de uma ex-guerrilheira, que lutou contra a
ditadura e o regime, espera-se um olhar pelo menos diferente sobre a sociedade
e o capitalismo. Não! Dilma, como Lula, aderiram cegamente à lógica do mercado:
“não importam os impactos ambientais, importa a energia que será produzida”.
Dilma, Lula e o PT devem ter vivido, de ontem para hoje, uma noite de glória
com a notícia de que o Brasil ultrapassou a Inglaterra e hoje é a sexta
economia do mundo. Devem sonhar, todos os dias, em pôr o País como a primeira
economia do planeta. Nem que para isso, em alguns anos, não fique um rio ou uma
árvore sem serem violentados. Como é possível imaginar que, com porto,
explosões, implantação de barragens, escavação de canais e todas as obras altamente
invasivas para se construir uma hidrelétrica, o rio permanecerá o mesmo? As
populações tradicionais não sofrerão com isso? A política selvagem, expansionista
e destruidora do capitalismo norteamericano só era ruim quando praticada por
eles? Se posta em prática, com refinamento, pelo Partido dos Trabalhadores (PT)
merece loas? Quanto ao juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins, é espantoso
que tenha mudado de ideia e revogado a liminar que suspendera as obras da
Unisina Hidrelétrica de Belo Monte sem nenhum fato novo. Ao contrário, o mesmo
juiz reconhece que “os impactos ambientais maiores decorrentes somente serão
sentidos e possíveis de analisar após a conclusão das obras”. Aí, senhor juiz,
a Inês estará morta e nada poderá ser feito para evitar um dos maiores
desastres ambientais do Planeta. Dilma e Carlos Eduardo, vocês manterão, para o
resto da vida, as digitais nessa hecatombe de fauna e flora. Com muita energia,
é claro!
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