quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

As ressignificações no capitalismo moderno


Hoje, cedo, tive de ir à farmácia comprar um medicamento para os meus filhos. Depois de longos anos, resolvi olhar o que vinha dentro daquela cestinha, entregue no balcão, para acompanhar as compras e servir de indicação ao caixa para marcar quem é o responsável pela venda. Lá estava "consultora" Fulana de tal. Em tempos idos, a pessoa que atendia no balcão era chamada de balconista e ponto final, assim como, empregado era empregado. Com a "humanização" do capitalismo (coisa em que acredito muito pouco), os termos passaram a ter significados mais amenos. Empregado virou colaborador e, logicamente, a balconista foi transformada em consultora. Até as corretoras de imóveis, agora, são consultoras. Lembro-me de um desses casos lapidares. À época, eu morava em São Paulo. Tinha chegado recentemente à capital paulista para cursar Mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Um dos bancos, no qual abri minha conta corrente, oferecia tantas facilidades, que mandou uma "gerente de captação" ao meu apartamento para pegar o dinheiro do depósito inicial. Longe de ser um exemplo de finesse à época (hoje eu não faria isso) perguntei para a moça:"Diga-me uma coisa, qual é a mesmo a sua função no banco?". E ela: "Gerente de captação". Como antes eu perdia o amigo mas não perdia a piada, completei:"Antigamente o nome dessa função era outro". Ainda bem que me contive e não disse que aquela era uma função típica de boy.

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