terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Tirei nota zero e fui aprovado

Ontem, ao retornar de Itabuna para Teixeira de Freitas, mal subi uma ladeira e fui parado por uma viatura da Polícia Federal: pensei, depois daquela mão do cara do Vitória aos 49min, só me faltava ser parado pela Polícia Federal, quando vi zilhões de pessoas fazerem a mesma ultrapassagem que fiz. “O senhor pode baixar os vidros traseiros?” disse o policial, educadamente, porém, com voz empostada, bem grave. Certamente, para “meter medo na gente”. Imediatamente ao meu gesto de baixar os vidros: “se o senhor quiser subir os vidros... Documentos do veículo e do motorista”. “Posso, primeiro, baixar o volume do som, para poder ouvir melhor o senhor”, disse eu. Ele concordou com um gesto de cabeça. “Senhor Gilson – com os documentos do carro e do condutor à mão – o senhor fez uma ultrapassagem agora há pouco?” “Fiz”, respondi sem vacilar. “Era faixa contínua”, argumentou ele. E eu: “nem percebi. Vinha atrás de um caminhão, ele deu sinal que eu podia seguir, ultrapassei. Nem notei que era faixa contínua”. Sem se manifestar, pegou o próprio telefone e fez inúmeras anotações. Em nenhum momento menti. A BR 101 tem este particular: é uma estrada cujos pontos de ultrapassagens regulares são mínimos. Os motoristas das carretas, para evitar que os carros menores fiquem, às vezes, 10km presos atrás deles, sinalizam quando é possível passar, mesmo em ponto de faixa contínua. Após, fazer as anotações, o policial foi à viatura, meus documentos e do veículo nas mãos, veio com um aparelho e perguntou: “o senhor já fez enxames de alcoolemia”. Na telha, respondi: “fiz sim”. Soprei, parei e disse: ”mas, isso é o bafômetro? Não fiz”. “Pensei que o senhor tinha dito que já fez”, disse ele meio irônico. E prosseguiu: “o senhor bebeu?” Nem vacilei:” bebi sim. No almoço. Tomei uma cerveja”. Ele: “Se alimentou bem?”. Eu: “E dormi até às 14h para poder pegar a estrada”. “Assopre e segure, por favor”, depois de alguns minutos de espera. Enquanto assoprava e segurava, eu me lembrei que a moça me deu dois opções de latões de 550ml: Skol e Itaipava. “As duas não são cervejas, mas, dê-me uma Itaipava”, disse, rindo. “Deu zero”, disse ele. “Pode ir, tenha cuidado com as ultrapassagens”. Por dentro, eu ria sozinho. Pela primeira vez tirei zero em um teste e fui aprovado. O riso interior dobrado era porque a minha tese de que Itaipava não é cerveja foi confirmado até pelo bafômetro.

Antigamente #foratemer, hojemente #temergolpista!


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