A Democracia burguesa, não tenho dúvidas, é um artifício do
capitalismo para legitimar a dominação das minorias com o apoio da maioria
aparente. E um dos componentes fundamentais desse jogo de aparências é o
horário eleitoral gratuito. É mais que evidente: todas as vezes que começa o
horário eleitoral, o candidato (ou candidata) dos grupos dominantes “arranca”
nas intenções de votos, dispara nas pesquisas e passa a figurar entre os
primeiro colocados. No mais das vezes, vence as eleições. O processo é feito
inteiramente para a sociedade “aceitar” que se trata de uma disputa democrática.
Na prática, porém, é o maior engodo. Tomemos a disputa em Manaus como exemplo
dessa democracia aparente. Antes da entrada em vigor do horário eleitoral, o
grupo dominante nem candidata tinha. Pela capacidade de pressão do grupo, por
ter governador, senador, presidente e ex-presidente com “as chaves” do cofre,
consegue ampla maioria no “arco das alianças”. Essa “ampla maioria” é negociada
descaradamente com o oferecimento de cargos e favores. Com isso, os demais
partidos perdem a chance de apresentar suas ideias. O sistema só seria justo e
coerente se o tempo de televisão e de rádio de todos os candidatos fosse
exatamente igual. Sem isso, pode até haver democracia, mas, não há justiça. Se
não, vejamos como começa o jogo das aparências. Em Manaus, por exemplo, a
candidata do governador, do senador e da presidente (bem como do
ex-presidente), mal abre a boca. Quem passa o horário eleitoral inteiro, no Rádio
e na TV, a implorar por votos para a candidata é o governador, o senador e o
ex-presidente. Fosse um modelo justo, esse tipo de pressão governista seria
proibido, pois se trata, no mínimo, de crime eleitoral de uso da imagem do
próprio governador em favor da candidata que apoia. Todos “vendem” a ideia de
um jogo democrático. O que há, porém, é a força do dinheiro. Principalmente do
dinheiro público e dos cargos em favor de quem está no poder. A democracia com
essa configuração não me serve. Penso que, também, não serve à sociedade. Ou a aperfeiçoamos
com financiamento equânime de campanha e horário eleitoral com o mesmo tempo
para todos os partidos que concorrerem aos cargos majoritários ou
participaremos sempre desse teatro público da enganação.
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