sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O totalitarismo democrático do capital


Olho para o “mundo dos ricos” vejo vício. Para o dos pobre também. O vício que mais me preocupa, porém, é o da dominação, do pensamento totalitário e único. Que os partidos da antiga esquerda, que hoje estão bem à direita, chamavam de “centralismo democrático”. Ao que parece, porém, esse centralismo democrático de então se transmutou para o que hoje, talvez possa ser chamado de “totalitarismo democrático do capital”. Por mais contraditório que possa parecer, o regime continua democrático, com eleições regulares, todas, porém, a serviço do capital e de um ideário nacionalista de “mentirinha”, ou seja, para consumo interno. O que se tem na América Latina, e o Brasil não foge ao modelo, são antigos dirigentes da esquerda histórica mancomunados ou com militares ou com a velha elite da antiga direita com um único objetivo: manter o poder ad eternum. Expertamente essa turma se apoderou da democracia burguesa, usa seus artifícios, como bolsa disso, bolsa daquilo, numa prática clientelista das mais nojentas, para perpetrar algo antes criticado por todos eles: a dominação como vício. Em cada estado do País forjou-se um líder linha-dura como se a federação fosse formada por neocapitanias hereditárias. Quem incomoda o “grande líder” desse “totalitarismo democrático” é execrado em Praça Pública ou se cria uma “frente” para massacrar que ousa enfrentá-lo. A disputa pela prefeitura de São Paulo é um exemplo disso. Assim como não é à toa que uma candidata à Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) não diz outra coisa nos programas eleitorais gratuitos dela: “Vou estabelecer parcerias com Lula, Dilma, Braga e Omar”. É um mantra que ela repete para qualquer problema da cidade. A alternância de poder, algo defendido também como um mantra por essa turma que hoje ocupa o poder como essencial para a democracia parece ter sido esquecida. Ou o totalitarismo democrático do capital a apagou de vez dos manuais da hoje neodireita do poder?

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