É preciso a mídia
brasileira, definitivamente, entender qual o papel que exerce em um Estado
democrático de direito: não cabe a ela (mídia) nem condenar nem absolver
ninguém antecipadamente. Sou daqueles que, por convicção, defende que não
existe notícia imparcial. Cada material publicado, em qualquer tipo de meio,
carrega a parcialidade dos que foram envolvidos no processo de produção. No
caso dos jornais, revistas, rádios e televisões, ainda são muito piores: possuem
as digitais impressas (ou não) dos donos das empresas, muito embora, no Brasil,
nem devessem, principalmente nas rádios e nas Tv, pois o espectro é concessão
do Estado. Todo esse preâmbulo é apenas para registrar que a Rede Globo de
Televisão, no episódio do acidente em que Thor Batista (filho de Eike Batista e
Luma de Oliveira) matou o ciclista Wanderson Pereira dos Santos, embora tente
disfarçar, inclusive divulgando os pontos na carteira de Thor que,
rigorosamente, nem deveria mais estar a dirigir pelas ruas do Rio de Janeiro,
faz defesa velada do filho do bilionário brasileiro. E isso acontece nas
edições do material divulgado de forma nem tão velada. Por exemplo: ontem, vi
uma reportagem na qual Thor Batista declarava que o ciclista estava no meio da
pista. Em seguida, a Globo joga no ar outra entrevista, do delegado que
investiga o caso, também dizendo que, até agora, pelas investigações, o
ciclista estava no meio da pista. Não cabe condená-lo nem absolvê-lo. Nota-se,
porém, uma clara tendência no material que vai ao ar na Globo, de “indicar” à
sociedade que Thor é inocente. Li em vários lugares, porém, coisas mais
escandalosas como “Thor, filho do bilionário Eike Batista, sofre acidente”.
Quer dizer que o cara vem em alta velocidade, atropela e mata um ciclista e
quem sofre o acidente e ele? Coitadinho do Thor, tão desamparado o garoto! Depois
li outra: “Thor, que coleciona carros de luxo, desabafa no Twitter”. O fato de
ele colecionar carros de luxo o condena antecipadamente? Qual a razão de tal
comentário em uma manchete? Apenas revelar, talvez, o despeito de quem a
escreveu, por não ter dinheiro suficiente para montar uma coleção desses
Tamaguchis luxuosas. Em certos casos (ou seria quase sempre?) a mídia
brasileira dá nojo!
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