sábado, 22 de dezembro de 2012

A impunidade que incentiva a pedofilia


Todas as vezes que leio uma notícia como essa, “Ex-secretário condenado por pedofilia tem pena reduzida”, fico com a sensação de que há certa condescendência de grande parte, tanto do poder executivo quanto do judiciário, relacionada aos crimes de pedofilia, que, aliás, legalmente, ainda não é nem considerada crime. Nem os jornalistas ficam de fora dessa espécie de “aceitação escondida” do crime. É como se, coletivamente, às escondidas, é claro, dissessem: “Quem não gosta de pegar uma menininha?” Será que agiriam assim se a vítima fosse a própria filha? Talvez sim, afinal, as estatísticas comprovam que, nos casos de pedofilia, 90% por cento das agressões são cometidas por pais, padrastos, parentes mais próximos ou amigos da família. A pedofilia é uma patologia que precisa ser curada. Pelo jeito, não apenas do ponto de vista individual, mas, coletivo. E para que isso ocorra, não pode haver condescendência de ninguém. Muito menos de que influencia diretamente a coletividade. Não se pode, nem publicamente, nem na vida privada, encarar com a maior normalidade o fato de um cinquentão ser preso em um motel com três adolescentes, como o foi no caso noticiado. De que adianta condená-lo publicamente se, nos bastidores, forem feitas piadinhas inescrupulosas sempre criminalizando as adolescentes? Essas meninas, em alguns casos, sobrevivem à miséria com a prática da prostituição, grande parte das vezes com políticos ou “figuras carimbadas” da “vida social”. A combinação de tratamento e penas rigorosas talvez seja o remédio. A cura, porém, só virá quando as condições de vida forem distribuídas equanimemente a fim de que a miséria não seja mais, em alguns, casos, a desculpa para se aceitar a prática da pedofilia.

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