segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Como as coisas mudam após a compra


É impressionante o quanto muda o atendimento na maioria das empresas depois de efetivada a compra. Principalmente quando se trata da compra de um veículo, por exemplo. Na virada de setembro para outubro, com o intuito de aproveitar a ameaça de fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fiz um esforço quase além das minhas possibilidades financeiras para trocar um veículo usado, que começava a me dar problemas demais por um veículo zero que, teoricamente, não deixa o dono à mão. Eu disse teoricamente, pois, o meu, em três meses, é a segunda vez que me faz voltar à concessionária. Já na primeira vez que voltei para deixar o carro na oficina fiquei com a nítida impressão de que eu não era mais o mesmo cliente que tentara comprar um carro. Aquela educação britânica dos vendedores, quase subserviência, fora substituída por um tratamento diferençado, para pior é claro. Se o vendedor faz o possível e o impossível por você, o consultor se porta como a autoridade máxima no local: há aquele que só atende serviços rápidos, há o outro que precisa cumprir o horário, enfim, quando você volta para um serviço a coisa muda de figura: nada pode ser feito, ainda que se trata de uma emergência das mais absurdas. Uma dessas consultoras, ao avaliar o problema do meu carro na primeira vez, foi taxativa: “Isso acontece! Mas, é uma em um milhão”. Pois bem, agora, que fui obrigado a retornar pela segunda vez, tive a certeza que sou um homem de sorte: em menos de três meses fui premiado com “duas em um milhão”. E tive a certeza que não sou mais o mesmo para aquela empresa que, antes, conseguira, inclusive, aprovar meu cadastro em menos de duas horas. Se bobear, terei de esperar duas horas para ser atendido. No capitalismo há esse tipo de coisa: você se transmuta imediatamente quando passa da condição de comprador para cliente de serviços. Deve ser o que se convencionou denominar capitalismo de resultados!

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