O editorial da revista Carta Capital
desta semana, assinado pelo “velho lobo” Mino Carta, particularmente, é de
lavar a alma. Durante os últimos anos do Governo Luiz Inácio Lula da Silva e os
primeiros anos do Governo Dilma Roussef, meus antigos colegas do próprio
Partido dos Trabalhadores (PT) do Amazonas e do Partido Comunista do Brasil (PC
do B), do qual fui filiado por seis meses, minha única e trágica experiência
partidária (que não quero repetir por um bom tempo) acusaram-me de quer “a
volta do PSDB”. Tudo isso porque não defendi cegamente os mensaleiros do PT e
não aceito que o partido tenha caído de cabeça no lamaçal da corrupção
brasileira. Em suma, o que não suporto é o que Mino Carta deu como título ao
editorial da revista Carta Capital desta semana: “A traição do PT”. Diz ele em
um dos trechos do Editorial: “Assisti ao nascimento do Partido dos
Trabalhadores ainda à sombra da ditadura. Vinha de uma ideia de Luiz Inácio da
Silva, dito Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do
Campo até ser alvejado por uma chamada lei de segurança nacional. A segurança
da casa-grande, obviamente. Era o PT uma agremiação de nítida ideologia
esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a perspectiva do
poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos plausíveis. Mantinha-se,
porém, a lisura dos comportamentos, a limpidez das ações. E isso tudo
configurava um partido autêntico, ao contrário dos nossos habituais clubes
recreativos.” Em seguida, uma das frases lapidares de Mino Carta: “O PT atual
perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu seu passado honrado.
Abandonou-se ao vírus da corrupção, agora a corroê-lo como se dá, desde sempre
com absoluta naturalidade, com aqueles que partidos nunca foram. [...].” A
Revista Carta Capital assumidamente apoia o Governo Petista, no entanto, não
engole a corrupção que assola Brasília. Certamente, depois do Editorial, Mino
Carta e sua revista cairão em desgraça e passarão a ser atacados pelos petistas
e jornalistas de aluguel a serviço dos partido nas redes sociais. Esquecerão
tudo e irão compará-la a Veja. Dirão que a Carta Capital aderiu a uma ilusão criada
pelos larápios do PT e seus admiradores: o Partido da Imprensa Golpista (PIG).
Ao invés de entrar nesse discurso de que existe uma imprensa golpista, os
petistas históricos deveriam retomar a história do partido, antes que seja
tarde ou pessoas como eu e Mino Carta assumam a desilusão histórica: “O PT não
é o que prometia ser. Foi envolvido antes por oportunistas audaciosos, depois
por incompetentes covardes. Neste exato instante a exibição de velhacaria proporcionada
pelo relator da CPI do Cachoeira, o deputado petista Odair Cunha, é algo
magistral no seu gênero. Leiam nesta edição como se deu que ele entregasse a
alma ao demônio da pusilanimidade. Ou ele não acredita mesmo no que faz, ou
deveria fazer?” E conclui Mino Carta, em seu editorial que me lava a alma: “Há
heróis indiscutíveis na trajetória da esquerda brasileira, poucos, a bem da
sacrossanta verdade factual. No mais, há inúmeros fanfarrões exibicionistas,
arrivistas hipócritas e radical-chiques enfatuados. Nem todos pareceram assim
de saída, alguns enganaram crédulos e nem tanto. Na hora azada, mostraram a que
vieram. E se prestaram a figurar no deprimente espetáculo que o PT proporciona
hoje, igualado aos herdeiros traidores do partido do doutor Ulysses, ou do
partido do engenheiro Leonel Brizola, obrigados, certamente, a não descansar
em paz. Seria preciso pôr ordem nesta orgia, como recomendaria o Marquês de Sade,
sem descurar do fato que algo de sadomasoquista vibra no espetáculo. Não basta
mandar para casa este ou aquele funcionário subalterno. Outros hão de ser o
rigor, a determinação, a severidade. Para deixar, inclusive, de oferecer de
graça munição tão preciosa aos predadores da casa-grande.”
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