Há uma máxima popular de que "o
brasileiro só fecha a porta depois de roubado". Essa máxima foi comprovada
ontem, em Manaus, quando a Prefeitura Municipal resolveu fazer uma blitz
minimamente séria nas casas noturnas da cidade. Se escapou uma foi muito!
Grande parte dessas casas consideradas "da hora" (para o bem ou para
o mal), foi lacrada por descumprir itens básicos de segurança necessários para
que funcionassem. Se fossemos pegar o cutelo da "culpa" e desandar a
"cortar cabeças" sobraria até para as empresas ditas jornalísticas.
Se não, vejamos! É mais do que evidente que nos últimos 20 ou 30 anos, nenhum
prefeito tomou a decisão de fechar casas noturnas, das mais simples às
espeluncas, como deveria ter sido feito. Se a Prefeitura não faz a parte dela,
não caberia ao jornalismo fazer a sua? Denunciar constantemente que vidas estão
em jogo todas as vezes que se vai às boates, questionar o poder público por não
tomar as medidas corretas de proteção às pessoas, levantar o nome dos
proprietários (e sócios) dessas casas noturnas, mostrar, se mantém ou não,
relações incestuosas com os poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. Quem
isso não fizer é, no mínimo, omisso, quando uma tragédia como a de Santa Maria
ocorre. Inclusive os jornalistas. Em tese, muito embora seja extremamente
difícil exercer a profissão, nós, os jornalistas, não somos pagos para defender
os interesses dos donos das empresas, mas, sim, da sociedade. Enquanto o
"fazer jornal" for mais importante do que a prática do jornalismo,
teremos sempre relações incestuosas entre os proprietários dos meios de
produção (os donos de jornais, rádios ou televisões) e o Estado, em quaisquer
dos níveis. E, enquanto isso ocorrer, teremos de chorar sobre o sangue
derramado e tomar medidas paliativas enquanto as tragédias repercutem. Depois
que o povo esquece (e os jornalistas misteriosamente também), as placas de
interdição são retiradas e a vida seu o seu curso. Até que muitas vidas são
novamente ceifadas e todos, governantes e jornalistas, fingem que abriram os
olhos nessa cíclica tragédia que é a omissão coletiva.
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