Ontem, em uma agência
bancária da cidade (Sena Madureira – AC, minha terra natal), minha irmã fazia
operações bancárias. Entrei na agência, também para realizar uma operação no
caixa eletrônico e a vi conversando com uma amiga da família, mais
especificamente da minha mãe do que nossa, acho eu, quando minha irmã aponta
para ela e para mim e diz: “esse é o Gilson, meu irmão”. Ela: “Eu sei, não é
aquele do livro?” O próprio tom da resposta dela, de pergunta, revelava a
incerteza. Como não foi a primeira vez, e sempre acontece quando retorno à
minha cidade natal, passei a matutar: “como um livro simplório, de poemas tão doces
tal qual o ‘Cicatrizes’ consegue roubar a identidade do seu autor?” Lançado em
1984, com o apoio da Livraria Maia Ltda e do Imperial Hotel, “Cicatrizes” foi
meu livro de estreia. Só poemas de amor. Cândidos! O título, por exemplo, foi
uma homenagem à cantora Joanna, de quem fui fã incondicional durante anos,
chegando até a trocar cartões de Natal no final do ano: um dos seus álbuns,
parece-me o segundo, recebeu o nome de “Cicatrizes”, nome também de uma das
músicas do álbum. Grande parte dos poemas, também, eram nomes de músicas da
Joanna à época. Minha mãe emprestou o dinheiro para a impressão do livro. A
livraria e o hotel patrocinaram o coquetel de lançamento e ganharam a logomarca
impressa na contracapa. Foram 1.000 exemplares vendidos em três meses. É esse o
livro que se tornou objeto de desejo em Sena Madureira: muitas das pessoas que
o comprovaram tiveram o exemplar roubado ou emprestaram e não receberam de
volta. O livro, ao qual se referem quando dizem “é o do livro”, é uma obra que
exalta o amor e a proteção à natureza quando ainda era raro que desse esse
grito de alerta. A capa é simples, como o livro, a reprodução de uma folha de “taioba”
em formato de coração. A ideia era representar um coração marcado pelas “Cicatrizes”,
bem como a própria natureza, já a época, mutilada. Parece que funcionou.
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