A execração pública do
modelo Daniel Echaniz e sua posterior eliminação do programa Big Brother Brasil
(BBB), da Rede Globo de Televisão, é mais uma avanço da hipocrisia sobre a
serenidade e o equilíbrio na vida em sociedade. Sempre lembro uma entrevista do
cantor Gilberto Gil, ao deixar o Ministério da Cultura. Sem atirar para todos os
lados, mas, com uma ponta de ressentimento ele disse que saia por descobrir que
a hipocrisia é uma necessidade da vida em sociedade. O episódio envolvendo o
modelo e uma das suas colegas do BBB (prefiro nem citar o nome) parece confirmar
a máxima gilbertogiliana de que a hipocrisia (e os hipócritas) domina a cena da
vida social. No episódio, há indícios fortes de que houve abuso sexual ou
estupro. No entanto, as provas são insuficientes para condená-lo. Muito menos
para crucificá-lo publicamente como fizeram nas redes sociais. Alguém já pensou
que o modelo pode ter simulado todos os movimentos e nada ter feito com a
colega? Essa possibilidade existe ou não quando se está numa turma de bêbados? Condená-lo
e eliminá-lo porque a turma do Twitter e do Facebook quer é insensato e insano
como foram insanos, chauvinistas e insensatos os argumentos condenatórios da
colega de Daniel. Quer dizer que uma mulher, por beber além da conta, deve ser
estuprada ou abusada sexualmente sempre? Que maluquice é essa? De onde alguns
porcos machistas (e uma porcas) tiraram isso? O fato de uma mulher aceitar ir a
um motel com você, tirar a roupa, deitar na cama e trocar algumas carícias pode
demonstrar fortes indícios de que ela quer manter uma relação sexual com você
(ou até mais de uma, se você aguentar), no entanto, não dá o direito de
obrigá-la a continuar se ela, no momento da troca de carícias (ou até depois,
antes do ato consumado) desistir. É bem-verdade que o orgulho do macho, nessas
condições, ficará extremamente ferido. No entanto, por mais profundo que seja o
ferimento, jamais dará o direito a ele de submeter a mulher qualquer tipo de
violência. Que as pessoas tenham seus desejos de relações sexuais anais à
vontade, isso é desejo de cada um, usar um ditado popular para justificar a
barbárie é mais uma face desse machismo chauvinista e hipócrita que ainda
predomina na sociedade. Tão grave quanto isso é execrar publicamente tanto o
rapaz quanto a moça. E tão hipócrita quanto deixar que o Twiiter decida
comportamentos em sociedade é querer impedir que o BBB seja exibido por um
episódio carregado de suspeitas, mas, sem nenhuma comprovação. No BBB como na
vida, a simulação é regra. Quando vamos assumir que a mulher precisa ser
respeitada e que o exercício de uma sexualidade sadia não precisa ser
hipócrita?
Visite também o Blog de
Educação do professor Gilson Monteiro e o Blog Gilson Monteiro Em Toques.
Ou encontre-me no www.linkedin.com e
no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário