terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Execração pública de Daniel: uma vitória da hipocrisia

A execração pública do modelo Daniel Echaniz e sua posterior eliminação do programa Big Brother Brasil (BBB), da Rede Globo de Televisão, é mais uma avanço da hipocrisia sobre a serenidade e o equilíbrio na vida em sociedade. Sempre lembro uma entrevista do cantor Gilberto Gil, ao deixar o Ministério da Cultura. Sem atirar para todos os lados, mas, com uma ponta de ressentimento ele disse que saia por descobrir que a hipocrisia é uma necessidade da vida em sociedade. O episódio envolvendo o modelo e uma das suas colegas do BBB (prefiro nem citar o nome) parece confirmar a máxima gilbertogiliana de que a hipocrisia (e os hipócritas) domina a cena da vida social. No episódio, há indícios fortes de que houve abuso sexual ou estupro. No entanto, as provas são insuficientes para condená-lo. Muito menos para crucificá-lo publicamente como fizeram nas redes sociais. Alguém já pensou que o modelo pode ter simulado todos os movimentos e nada ter feito com a colega? Essa possibilidade existe ou não quando se está numa turma de bêbados? Condená-lo e eliminá-lo porque a turma do Twitter e do Facebook quer é insensato e insano como foram insanos, chauvinistas e insensatos os argumentos condenatórios da colega de Daniel. Quer dizer que uma mulher, por beber além da conta, deve ser estuprada ou abusada sexualmente sempre? Que maluquice é essa? De onde alguns porcos machistas (e uma porcas) tiraram isso? O fato de uma mulher aceitar ir a um motel com você, tirar a roupa, deitar na cama e trocar algumas carícias pode demonstrar fortes indícios de que ela quer manter uma relação sexual com você (ou até mais de uma, se você aguentar), no entanto, não dá o direito de obrigá-la a continuar se ela, no momento da troca de carícias (ou até depois, antes do ato consumado) desistir. É bem-verdade que o orgulho do macho, nessas condições, ficará extremamente ferido. No entanto, por mais profundo que seja o ferimento, jamais dará o direito a ele de submeter a mulher qualquer tipo de violência. Que as pessoas tenham seus desejos de relações sexuais anais à vontade, isso é desejo de cada um, usar um ditado popular para justificar a barbárie é mais uma face desse machismo chauvinista e hipócrita que ainda predomina na sociedade. Tão grave quanto isso é execrar publicamente tanto o rapaz quanto a moça. E tão hipócrita quanto deixar que o Twiiter decida comportamentos em sociedade é querer impedir que o BBB seja exibido por um episódio carregado de suspeitas, mas, sem nenhuma comprovação. No BBB como na vida, a simulação é regra. Quando vamos assumir que a mulher precisa ser respeitada e que o exercício de uma sexualidade sadia não precisa ser hipócrita?

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