Imaginei que há muito essa
história de “teoria conspiratória” tivesse morrido. E que fosse arquivada nas
tumbas de Tutankamon. Vez por outra, porém, aparece alguém que resolve mexer
nos restos mortais e nos arquivos do faraó e trazem de volta esse pergaminho cheirando
a enxofre e mofo. Não descarto, porque tem até certa lógica, porém, acreditar que
o desembarque de haitianos no Amazonas faz parte de um sórdido movimento do
capital internacional para atacar os trabalhadores do Pólo Industrial de Manaus
(PIM) e oferecer trabalhadores mais qualificados e mais baratos parece fruto da
engenhosidade de uma mente que há muito não tinha sobre o que falar e aproveita
essa “janela” mais para deslizar o seu veneno que para demonstrar
conhecimentos. O problema é político e global sim. Mas não envolve um mero
ataque à Zona Franca e aos trabalhadores. Envolve sim, a meu ver, a postura
ainda imperialista dos Estados Unidos que, quando é para invadir o Iraque e “restabelecer
a democracia” o faz com rapidez. Quando, porém, um ditadorzinho destrói um País
pobre (e seu povo) e não há barris de petróleo, lavam as mãos. Em verdade, vos
digo: os Estados Unidos não deveriam ter o direito de interferir na política
interna de nenhum País de modo violento, com invasões. Se possuem essa crença
tão límpida na democracia e o desejo de que ela se espalhe pelo planeta, no
máximo, teriam o direito de convencer os povos a por ela lutarem. Quem deu aos
Estados Unidos o direito de decidir os destinos do mundo? Quem disse que um
povo não tem o direito de optar por viver sob o julgo de uma ditadura? A democracia
só será plena quando os povos efetivamente tiverem condições de decidir sob
qual regime querem viver. O que fizeram com o Haiti, no entanto, é um ato covarde.
Uma traição coletiva contra um povo. Inventaram uma intervenção internacional,
uma ajuda humanitária para que a ditadura fosse derrubada, mas, não deram as
condições estruturais mínimas para que os haitianos provassem o sabor dessa tão
desejada maçã da democracia. Essa sim, talvez seja uma trama bem-urdida, que
termina por beneficiar o capital internacional: destruir internamente nações
para promover artificialmente correntes migratórias que barateiam a
mão-de-obra. Esse é um dos fardos pesados da transnacionalização das empresas.
Os haitianos, tanto lá quanto cá, são vítimas.
Visite também o Blog de
Educação do professor Gilson Monteiro e o Blog Gilson Monteiro Em Toques.
Ou encontre-me no www.linkedin.com e
no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário