quarta-feira, 8 de maio de 2013

O que se fez de "a hora da merenda"?


Dia desses li, no Twitter, um comentário do meu amigo Robson Franco, sobre a hora da merenda: "Sou do tempo em que levar merenda de casa, além de saudável, reforçava laços familiares e de amizade!" Simples, singelo e de uma profundidade sem igual, levou-me aos corredores do Instituto Santa Juliana, em Sena Madureira, minha terra natal, quando a pobreza era tamanha que a necessidade (de comer) superava a vontade (de aparecer, entre os colegas, por exemplo). Hoje em dia, um adolescente prefere morrer (até de fome) a levar "uma merenda" para escola. O termo "merenda", inclusive, carrega um significado de coisa, velha, antiga, antiquada. Será que perdemos a ternura, a capacidade de estabelecer vínculos com os colegas e na própria casa? Será um pecado tão imperdoável um jovem ou uma jovem levar seu lanche de casa? Jovem nenhum aceita "pagar um mico desses". É como se levar o lanche de casa fosse um sinal determinante de pobreza. E, ao que tudo indica, os jovens de hoje não se aceitam, não se suportam como pobres. Ainda que o sejam, ao que parece, preferem aparentar uma riqueza que não possuem, sem perceber que tal prática revela uma pobreza (de espírito) absoluta. Perdemos o saudável hábito de a própria mãe preparar a merenda com extremo carinho. Fazê-lo, hoje, talvez seja visto pelo filho ou filha como um acinte. Uma pena!

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