sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Condenações, prisões, casamento e pedofilia


Há coisas no Twitter que, às vezes, de tão “engraçadas” provocam reflexão. Uma delas foi a postagem do meu colega @RodrigoNaoSr. Ele disse ontem: “Engaçado! No Brasil o cara é condenado a 98 anos de prisão, vai ficar no máximo 16, mas, casou, tem de ser pra vida inteira”. Conheço o humor ferino do Rodrigo e usei a postagem dele para raciocinar: realmente, o casamento também é uma espécie de prisão domiciliar. Sem direito a sursis. O palco é muito semelhante: o fórum. Com direito a uma penca de testemunhas. Que é para nenhum dos dois se arrepender. Nesse campo, às vezes, homens e mulheres enganam-se redondamente. Como em alguns equívocos cometidos nos tribunais de júri. No júri, como no casamento, os protagonistas, em alguns casos, fingem tão bem que conseguem ludibriar os jurados e escapar ilesos. Ora, pela lei, se foram julgados e absolvidos, podem até ter cometido o delito, mas não são culpados. Rodrigo, no comentário engraçado, relacionou o casamento com o julgamento de Lindemberg, assassino na jovem Eloá, em São Paulo. O caso ganhou repercussão nacional. O que pouca gente tocou é no cerne da questão: a morte de Eloá foi apenas o ápice de uma tragédia. Que começou quando um jovem de 19 anos foi à casa da mãe de uma garota de 12 anos pedi-la em namoro. Se insistisse, e tanto o fez que terminou por matá-la, o rapaz deveria ter sido denunciado pela prática de pedofilia. Uma morte, talvez, tivesse sido evitada. Mas sabem por que o jovem não foi denunciado. Porque essa prática de iniciação da vida sexual das garotas de 11 ou 12 anos parece ter se tornado regra. Logo, nem provoca reação das famílias. Em alguns casos, a pedofilia é premiada. Transforma o pedófilo em vítima. As pessoas ficam “penalizadas” com uma vítima “tão inocente”. Esquecem que quem perde a inocência é uma criança de 12 anos que se transforma em “mulher” nas mãos de um rapaz de 19 anos. Pior ainda é quando, nessa idade, a criança é incentivada à prostituição pela própria família e se transforma em “caso” de algum homem público. Ou se encara o problema da pedofilia com seriedade ou se começa a rediscutir os limites legais para os crimes de iniciação sexual precoce. E tem mais: se as famílias não se responsabilizarem por cuidar dos seus filhos menores (meninos ou meninas), nenhum política pública será eficaz.

Um comentário:

  1. adorei o texto, tava justamente falando ontem sobre a precocidade dessa menina em firmar namoro tao imtimo com o assassino, com o concentimento dos pais. nesse banco dos réus faltava mesmo estar sentada a mãe da garota que não soube cuidar da sua filha, ou pior, a empurrou para esse namoro, quem sabe com o intuito que muitas mães e pais tem em casos assim, o de librar-se da responsabilidade o quanto antes. - meninas foram feitas para casar e ter filhos - ainda tem gente no mundo que pensa assim.

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