terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Salvo pelo Facebook de um assalto em Rio Branco


Há dias que, inicialmente, você até imagina que poderiam ser riscados da sua vida sem nenhum prejuízo. Tardes, então, que, aparentemente são terrivelmente ruins, porém, podem ser registradas como altamente positivas, dependendo do ângulo de visão. Ontem à tarde, por exemplo, foi um desses dias. Por volta das 14h30, saíamos para Rio Branco. Eu e minha irmã. Eu dirigia o carro. O bendito pneu traseiro do lado direito, o primeiro a furar na minha última aventura de Rio Branco para Sena Madureira, quando três deles furaram, furou de novo. Desta vez, na saída de um supermercado, em Rio Branco, antes de pegarmos a estrada. De novo a roda ficou presa, tivemos sérias dificuldades para tirar o pneu, repor o estepe e procurar uma solução para o problema. De repente, surge um mecânico, que fazia um serviço próximo, pergunta se está tudo certo e tenta ajudar. Nada. Solução: encontrar um tubo de ferro para fazer um reforço na chave de roda. Saímos, eu e o mecânico, em busca de algo para ser adaptado à chave de roda. Consigo ume “pedaço de cadeira de ferro”, mas o furo é menor que a dimensão da chave. O mecânico demora mais um pouco e aparece com um pedaço de ferro com espessura suficiente. Antes que ele conclua, aparece um mototaxista, que era o que ele tinha ido fazer ali naquele local: esperar um para poder ir embora. Concluo o serviço de troca da roda por ele e vamos buscar uma solução. Primeiro ponto positivo do dia, com todos os problemas: caso minha irmã estivesse só no carro, na estrada de volta para Sena Madureira, precisaria de muita ajuda, pois, naquelas condições, não teria como trocar o pneu (velho e buchudo) que tinha furado. Decidimos, então, não voltar ontem para Sena e rodar, em Rio Branco, para solucionar definitivamente o problema. Fizemos tomadas de preços, calculamos juros e terminamos, depois de idas e vindas, voltando à segunda loja: a Pemaza, no Segundo Distrito. Escolhi o modelo dos pneus. Lembrei-me que tinha me despedido de todo mundo no Facebook (e no Twitter) e prometido voltar lá pelas 17h, já de Sena Madureira. Estava com a bateria do celular zerada. Vi um ponto de energia elétrica próximo do macaco e lembrei-me que minha mochila estava no carro. Peguei o carregador. Naquele ponto, ainda usando o celular com o cabo de força ligado à energia da loja, passei a avisar os amigos, pelo Facebook, do imprevisto. Minha irmã entrou, acompanhada da vendedora, para passar o cartão de crédito e pagar os pneus. Todos os que estavam no interior da loja estavam dominados por dois assaltantes, que usavam capacetes e portavam uma pistola 7.65 e uma 380, todas de uso exclusivo da polícia. Depois de quase 20 minutos, minha irmã retorna. Eu ainda com o telefone à mão, levanto os olhos, ela me mostra as mãos trêmulas, e fala algo desconexo:”momento de oração”. Não entendo nada. Depois completa: ”um assalto, um assalto. Fomos todos assaltados dentro da loja.” A preocupação dela era que os assaltantes, armados, saíssem da loja, fossem para a área que eu estava, rendessem a gente e levassem o carro dela. Ponto positivo da tarde, até aí: o Facebook terminou me “salvando” de ser assaltado. Descontraída, ela conta que entrou na loja, e quando se aproximou do caixa para pagar os pneus, viu todo mundo ajoelhado, como se estivessem virados para Meca, ou em oração. Como estava próximo das 18h, pensou que os donos da loja eram evangélicos e tivessem algum momento de oração antes de fecharem a loja. Lembra que um homem se dirigiu a ela e disse: “Senhora, vá para aquele lado. Ela, não ciente que de estava sendo assaltada, respondeu: “Eu não, eu não quero ir prali não!”. “Senhora, vá pra lá” teria ele, dito, com voz mais alterada. Ela virou-se, olhou para o rapaz, encarou o capacete e ele disse: “a senhora tá vacilando, tá me encarando muito”. Puxou a arma da cintura, com ela em punho, segurou a minha irmã com os dois braços para trás e disse: “a senhora vai ou não para lá?” Só ao ver a arma minha irmã percebeu que se tratava de um assalto. Mas não perdeu a piada, algo característico na família. Respondeu: ”Calma, moço, eu pensava que era só um momento de oração”. Só agora, quando ela contava como foi o assalto, fiz a ligação com o que ela havia dito anteriormente: “...momento de oração...” era porque todo mundo tinha sido posto de joelhos. Depois de ter sido “convencida”, narrou ela que ajoelhou-se por trás de um dos homens mais altos que estavam no chão da loja. Nesse momento, percebeu que precisava escondeu o cartão que estava no bolso: pôs embaixo do joelho direito. Quando os assaltantes gritaram “Dinheiro, celulares”, ela teve a perspicácia de pôr o dela embaixo do teclado do computador da loja. Um deles, em virtude da demora, parece ter se convencido que a loja não tinha dinheiro além do arrecadado e disse: “tá demorando demais, vamos, vamos”. E se foram sem ser importunados. Eu, com o Motorola Defy à mão, ainda navegava pelo Facebook e não percebi nada dessa história violenta e cheia de humor. Minha irmã, conta e reconta. Desde ontem damos boas gargalhadas. Ela perdeu um cordão e um anel de ouro. Mas diz ter feito todas as piadas que pode. Esse é o outro ângulo de uma história de violência, de um assalto: o humor com que se pode olhá-lo.

Um comentário:

  1. Gilson, os endividados são atraidos ao local por afinidade de débitos. Os espíritos de escol(elevados)dizem quem é roubado nesse mundo, não precisa prestar queixa a polícia, pois noutras encarnações, procedeu do mesmo modo com os outros, logo, trata-se de um resgate de débito da tua irmã que teve subtraido às jois delas por esse gatunos.Como não tinhas nada a pagar ficaste isento dessa situação emparaçosa...

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