sábado, 18 de fevereiro de 2012

A iniciação sexual precoce das meninas no Acre


Depois da postagem que fiz ontem, aqui, neste mesmo espaço, denominada “Condenações, prisões, casamentos e pedofilia”, fui procurado por algumas pessoas para comentar o problema. Descobri que não foi só a mãe de Eloá que autorizou relacionamentos com meninas entre 12 e 13 anos. Em Sena Madureira, cidade localizada a 144 quilômetros de Rio Branco, a capital, é rotineiro e comum, apesar de o Conselho Tutelar tentar coibir firmemente, a iniciação sexual de meninas e meninos na faixa entre 10 e 13 anos. Chocado ou chocada, meu leitor, minha leitora? Pasmem! Com o consentimento dos pais. Talvez seja espantoso em se tratando de meninas, porque, pais machistas, levavam seus filhos, homens, aos “puteiros” a partir dessa faixa de idade. Permitir (certamente não com tanta tranqüilidade) que as filhas, mulheres, iniciem a vida sexual nessa idade, pode parecer chocante para alguns, mas, se trata de um avanço e tanto do ponto de vista cultural. Porém, do ponto de vista legal, é crime. Os pais das meninas e os namorados, de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, podem ser condenados, ainda que não haja denúncia formal e que os namorados proponham casamento. Ao que tudo indica, esse tipo de comportamento mudou no Acre inteiro, quiçá, no Brasil. Então, o que fazer, quando a lei diz uma coisa, mas a prática cultural aponta para uma direção diametralmente oposta? Rediscutir urgentemente a lei. Porque da forma que está, os pais, ainda que forçosamente, porque se não autorizarem o namoro as meninas (e os meninos mais ainda) passam a namorar “escondidos”, cria-se um problema jurídico grave. Namorados pegos com essas meninas correm o risco de ser acusados de estupro ou de estupro presumido, dependendo da idade da garota. Os pais também podem sofrer sanções graves. Mais grave ainda, é que esses namorados se tornam reféns: arriscam-se a ser chantageados a qualquer momento pela família (ou pela própria namorada) se a “relação” não durar muito tempo. Há um problema, a meu ver, inevitável, uma questão jurídica grave e mal-resolvida, e uma sociedade que caminha a passos largos para encarar com a maior naturalidade do mundo a iniciação sexual das mulheres a partir dos 12, 13 anos. Enquanto não se muda a lei, o certo mesmo é quem se apaixonar por alguma criança de 12 ou 13 anos, segurar o facho, pois confusões inimagináveis o esperam. Legalmente, serão acusados de pedofilia. Culturalmente, ao que se vê, serão absolvidas pela história.

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