domingo, 19 de fevereiro de 2012

Gol: aventura diária nos ares do Acre


Definitivamente, os fatos parecem dar razão à Gol Linhas Áreas, quando decidiu suspender os voos noturnos para o Acre. Voar para aquelas bandas, a cada dia, torna-se uma aventura das mais perigosas. Ontem, quanto retornei para Manaus, cheguei ao Aeroporto de Rio Branco por volta das 13h40. O voo 1938 da Gol, vindo de Cruzeiro do Sul, com destino a Fortaleza e escalas em Rio Branco, Porto Velho, Manaus e Belém, estava com embarque previsto para às 15h e partida às 15h10. Previsão de chegada a Manaus? Às 18h32. Tudo isso se uma chuva torrencial que desabou sobre o Acre durante todo o dia de ontem não provocasse uma atraso substancial nos planos dos passageiros. Por não operar por aparelhos, ao chegar a Cruzeiro do Sul, a aeronave não teve teto, ou seja, não pode pousar. Após algumas tentativas, o piloto decidiu retornar para Rio Branco. Em terra, às 14h38, o funcionário da Gol avisou que “não houve teto em Cruzeiro do Sul, a aeronave estava pousando às 14h40 e, provavelmente, partiria para Porto Velho mais cedo. Deveríamos, porém, esperar as orientações da Central, em São Paulo”. Os passageiros que estavam na sala de embarque trocaram olhares de felicidade com a perspectiva de chegar mais cedo ao destino. Fiquei a matutar com meus botões: isso só poder ser alarma falso. A Gol teria de pagar hospedagem e alimentação para todos os passageiros que fiassem em Cruzeiro do Sul, à espera de um novo vol. Em Rio Branco, também teriam de ficar, com hospedagens e diárias, os passageiros que tinham Cruzeiro do Sul como destino. Afora que, até abrigar todos os passageiros em outros voos, raros agora em Rio Branco, provocaria prejuízos enormes às empresa. Conclui comigo mesmo: duvido que esse voo seja “adiantado”. Eles vão é mandar a aeronave de volta a Cruzeiro do Sul, pensei e decidi nem ligar para casa e dar a notícia da chegada antecipada. Minutos depois, uma nova funcionária da Gol aparece no saguão e anuncia: “o voo 1938, com destino a Fortaleza e escalas em Porto Velho, Manaus Belém está atrasado. A aeronave, que está no pátio, será abastecida e retornará a Cruzeiro do Sul.” Aproximadamente 20min depois, outra funcionária (creio que eles praticam o rodízio de anunciantes de más notícias para não provocar a revolta dos passageiros), ainda com a aeronave no pátio, anuncia: “Informamos que o voo 1938, com destino a Fortaleza, escalas em Porto Velho, Manaus e Belém, está atrasado e com pouso previsto neste aeroporto às 18h”. Então, distribuíram um folheto com informações sobre os direitos dos clientes em casos como aqueles. Cobre o direito ao acesso à Internet. Ela argumentou que não possuíam Internet, mas, apenas Intranet. “No caso só podemos oferecer telefone”, disse ela. E o lanche? Ela completou: “Daqui a 10min começaremos a servir”. Solícitos até então, não avisaram ninguém da entrega de um voucher de R$ 15,00 para os passageiros. Quem descobriu a novidade tratou de avisar os outros. Moral da história: eu que cheguei ao aeroporto às 13h30, com a sinusite atacada, febre, dores no corpo e ardência nos olhos, esperei até às 18h18 para embarcar, horário previsto para chegar em Manaus. Cada pouso, um em Porto Velho e outro em Manaus, era uma tortura. Consegui imaginar o que não passavam as pessoas torturadas na época da ditadura. Aquele som agudo provocava dores inimagináveis. Tecnicamente tranqüilo, tantos nos pousos quanto das decolagem, foi o pior voo da minha vida.




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